Jessica Rohrer (EUA, 1974)
óleo sobre placa, 30 x 48 cm
“Na sala de aula, durante uma projeção de slides de arquitetura, ele escreve uma carta para os pais. Na semi-escuridão do auditório de palestras ele escreve que tudo está bem na faculdade, que o proprietário do apartamento é muito simpático e cuida bem dele. Quando termina, levanta a cabeça e vê os perfis dos colegas de classe iluminados pela luz do projetor, hipnotizados pelo clique-clique das transparências, pelo tom de voz monótono do professor e pelas brilhantes imagens das casas californianas na tela — o exterior de madeira, os pátios, as grandes extensões de vidro com vista para os jardins. Essas casas todas parecem muito limpas, simples, ensolaradas e alegres, portando em suas linhas descomplicadas a promessa de décadas dóceis, passadas na mesma cidade, na mesma rua, na mesma casa, mas sem oferecer proteção nenhuma contra o tédio que acompanha tudo isso. Olhando para as imagens, ele conclui que seus colegas de classe — simpáticos, com seus trajes impecáveis e essencialmente ilesos — são produtos de tais lares.”
Setembros de Shiraz, Dalia Sofer, Rio de Janeiro, Rocco: 2008, p. 40






