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Enrico Bianco (Itállia/Brasil, 1918)
óleo sobre cartão colado em madeira, 59 x 95 cm
Coleção Particular
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Véspera de Reis
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Theobaldo Miranda Santos
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Chamam-se reisados as festas populares que se realizam na véspera de Reis. Tiveram início na Bahia, passando-se, depois, para outros estados do Brasil, inclusive São Paulo. Essas festividades tradicionais tomaram aspectos diferentes nas diversas regiões do nosso país.
Assim, em certos lugares, os reisados assumem a forma de ternos, isto é, de grupos de pessoas, fantasiadas de pastores, acompanhadas de tocadores de flautas, violões e pandeiros. Depois de visitarem o presépio da igreja local, dirigem-se às casas previamente avisadas, que se conservam inteiramente fechadas. Chegando a essas casas, cantam:
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Vinde abrir a vossa porta,
Se quereis ouvir cantar;
Acordai, se estais dormindo,
Que nó viemos festejar!
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Os três reis de longes terras
Vieram ver o Messias,
Desejado há tanto tempo
De todas as profecias.
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Abrem-se as portas e janelas. O cortejo entre na casa e começa a adoração do Deus Menino no presépio armado na sala. Cada pessoa prosta-se, reverente, diante do presépio e entoa uma quadrinha.
Em todos os lugares, o reisado tem a forma de rancho da burrinha ou de rancho do boi, também chamado bumba-meu-boi. No rancho da burrinha, um dos membros do cortejo ata à cintura uma armação com cara de burro, simulando estar montado.
No bumba-meu-boi, mais usado entre os sertanejos paulistas, a figura central do cortejo é um boi, grosseiramente imitado, na pele do qual se oculta um rapaz, que executa uma dança característica. Em certas localidades de São Paulo, os reisados se compõem apenas de grupos de músicos e cantores que visitam as casas onde há presépios armados e onde são recebidos com doces e bebidas.
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Em: Terra Bandeirante, 4º ano — pequena antologia sobre a terra, o homem e a cultura do estado de São Paulo, Theobaldo Miranda Santos, Rio de Janeiro, Agir:1954
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