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Chapéu Azul, 1922
Tarsila do Amaral (Brasil, 1886-1973)
óleo sobre tela, 92 x 75 cm
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Azul
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Orlando Martins Teixeira
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Chapéu azul, vestido azul, de azul bordado,
Azuis o parassol e as luvas, senhorita,
Como um lótus azul por um deus animado,
Passa toda de azul, por mil bocas bendita.
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Há um bálsamo azul nesse azul que palpita,
Misticismos de um mundo, há muito em vão sonhado,
Azul que a alma da gente a idolatrá-la incita,
Azul claro, azul suave, azul de céu lavado.
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Deixa na rua um rastro azul que cega e prende,
Não sei quê de anormal, de fantasma ou de duende,
Que prende os pés ao solo e ao mundo os olhos cerra;
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Vendo-a, não se vê mais nada que o azul, tonteia…
Como num sonho azul, logo nos vem a ideia
Um pedaço de céu azul passeando a terra.
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Em: 232 Poetas Paulistas, de Pedro de Alcântara Worms, Rio de Janeiro, Conquista: 1968
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Orlando Martins Teixeira (SP, 1875- MG, 1902) nasceu em São João da Boa Vista, SP em 1875. Poeta, dramaturgo e jornalista. Trabalhou na Gazeta da Tarde. Seus versos a Venus ficaram famosos quando declamados pelo ator português Dias Braga. Faleceu em Sítio, MG, em 1902.