Noite, ilustração de Anton Pieck (Holanda, 1895-1987).
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Lenda da noite
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Theobaldo Miranda Santos
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A filha da Cobra Grande casou-se e disse ao marido:
— Meu esposo, tenho muita vontado de ver a noite.
Minha mulher, só existe o dia, respondeu-lhe o marido.
— A noite existe sim! Meu pai guarda-a no fundo das águas. Mande seus criados buscá-la, suplicou a moça.
Os criados partiram ligeiros em busca da noite. E transmitiram ao pai o pedido da filha. A Cobra Grande então entregou-lhe um coco de tucumã, avisando-os:
— Muito cuidado com este coco! Se ele for aberto, tudo escurecerá e todas as coisas se perderão.
Durante a viagem, os criados ouviram, dentro do coco, um barulhinho assim: xê-xê-xê, tem-tem-tem… Curiosos, os criados abriram o coco e tudo escureceu.
A moça disse então ao marido: — Meu esposo, os criados soltaram a noite. Agora tudo ficará escuro e todas as coisas se perderão.
O marido, espantado, perguntou-lhe: Que faremos! Precisamos salvar o dia!
A filha da Cobra Grande, então, arrancou um fio de seus cabelos e disse: Com este fio, vou separar o dia da noite. Feche os olhos, meu esposo… Agora pode abri-los e reparar. A madrugada já vem chegando. os pássaros cantam anunciando o sol.
Mas quando os criados voltaram, a filha da Cobra Grande os transformou em macacos, por sua infidelidade. Assim nasceu a noite. Assim surgiram os macacos.
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Em: Leitura infantis: 2º livro, para as escolas primárias, Theobaldo Miranda Santos, Rio de Janeiro, Agir: 1962






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