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Vozes da noite
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Armando Côrtes Rodrigues
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Vozes na Noite! Quem fala
Com tanto ardor, tanto afã?
Falou o Grilo primeiro,
Logo depois foi a Rã.
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Pobre loucura dos homens
Quando julgam entendê-las…
Só eles pasmam os olhos
Neste encanto das estrelas…
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Lá no silêncio dos campos
Ou no mais ermo da serra,
Na voz das rãs dala a àgua,
Na voz dos grilos a Terra.
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Só eles cantam a vida
Com amor e singeleza,
Por ser descuidadaa, alegre;
Por ser simples, com beleza.
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Pudesse agora dizer-te,
Sem ser por palavras vãs,
O que diz a voz dos grilos,
O que diz a voz das rãs.
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Em: Poemas para a infância: antologia escolar, Henriqueta Lisboa, Rio de Janeiro, Edições de Ouro: s/d
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Armando César Côrtes-Rodrigues (Portugal, 1891 — 1971 ) Escritor, poeta, dramaturgo, cronista e etnólogo açoriano que se distinguiu pelos seus estudos de etnografia e em particular pela publicação de um Cancioneiro Geral dos Açores e de um Adagiário Popular Açoriano, obras de grande rigor e qualidade.
Obra poética:
Ode a Minerva:angra do heroísmo, 1922
Em Louvor da humildade: poemas da terra e dos pobres., 1924
Cântico das Fontes, 1934
Cantares da noite seguidos dos poemas de orpheu, 1942
Quatro poemas líricos, 1948
Horto fechado e outros poemas, 1953
Antologia de Poemas de Armando Côrtes-Rodrigues, 1956.







