Senhora lendo, óleo sobre tela, anônimo.
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ENVELHECER
Wilson Frade
Embora todos os pretensos à velhice
se agarrem ao espírito,
o tédio chega e vai ficando.
As nossas mãos já não escrevem com o mesmo brilho
e já não enfrentamos a vida com o mesmo espanto no olhar.
O verde já não é tão verde
e não nos atiramos no mar com a mesma gulodice.
Amamos com maior cautela,
menos febrilmente, mas, bem mais ordenadamente.
Buscamos o sabor do beijo com a febre de que ele possa acabar,
mas sentimos um frio no corpo se pensamos que tudo isso
possa terminar.
Os fios de cabelos brancos já não nos castigam
porque descobrimos mais a lua e as estrelas,
e curtimos aquele chinelo velho
em extremo desuso.
Prestamos mais atenção aos passarinhos
e no riacho que corre,
e tornamo-nos mais íntimos da morte.
Fingimos que ela é nossa amante
para que não nos leve assim tão de repente.
e não nos tire os raros momentos em que nos tornamos jovens.
Em: Poemas de um livro só, Rio de Janeiro, Nova Fronteira: 1991
Wilson Frade – (MG 1920-2000) jornalista, pintor, poeta, instrumentista e compositor mineiro.






Peregrina,
“Prestamos mais atenção aos passarinhos
e no riacho que corre,…”
Nasci velha….rsrsrsrs
Beijo!
Ai ladyce, acredito q envelhecer é processo natural, pra todo mundo. Mas vc escolhe como encarar a passagem dos anos, pode ser muito legal:
ter sempre olhos pra cores
levar semre consigo um sorriso
carregar sempre boas lembranças e momentos marcantes
jogar fora más recordações
e acreditar q sempre é possivel escolher uma coisa nova q nos enriqueça como pessoa!
adorei o post!
bjks e boa noite!
Adorei o poema.
Lembrei-me de uma grande amiga que me disse que gostaria de morrer com um livro na mão. É uma poética maneira de morrer, não?
Envelhecer… Acho que já nasci velha, também!
Parabéns pelo post.
Passei pra te dizer que também envelheci, e cada que dia passa em minha vida fico mais perto de você!
De filha pra pai. Até nosso encontro. Te amo.
Anna.