O urubu-rei, texto de Padre Nicolao Badariotti

25 02 2013

Joacilei Lemos Cardoso urubu rei

Urubu rei, s/d

Joacilei Gomes Cardoso (Brasil, 1960)

óleo sobre linho, 140 X 100 cm.

Joacilei Gomes Cardoso

O urubu-rei

Padre Nicolao Badariotti *

Estava um dia um bando de urubus se banqueteando no nojento festim; de repente um deles dá um guincho rouco e todos se afastam e dispõem em círculo numa atitude de respeito. O ar vibra, silvando ao impulso de asas possantes, estremecem as folhas e um  magnífico urubu-rei pousa majestosamente sobre um galho seco; dá um olhar imperioso sobre aquela turba vil e, lançando-se pesadamente ao chão, acode ao banquete, desdenhando todo aquele círculo de rivais invejosos e impotentes…  Era um lindo animal, maior que um peru, escuro na parte superior do corpo e branco debaixo das asas e do peito. A cabeça coberta somente de uma penugem ostentava sete cores; o bico robusto, os olhos largos e expressivos sem a ferocidade de seus congêneres, o pescoço aveludado e adornado dum colar de alvas penas, fazem do urubu-rei um animal soberbo e de nenhum modo merecedor do nome vulgar tão humilhante para ele.

 

[Exemplo de descrição de animais]

Em: Flor do Lácio,[antologia]  Cleófano Lopes de Oliveira, São Paulo, Saraiva: 1964; 7ª edição. (Explicação de textos e Guia de Composição Literária para uso dos cursos normais e secundário), página 93.

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*Padre Nicolao Badariotti foi um religioso italiano que descreveu viagem ao Mato Grosso em 1898, sua viagem foi publicada  como Exploração no norte de Mato Grosso, região do Alto Paraguay e Planalto dos Parecis. São Paulo: Escola Typ. Salesiana, 1898.





Neandertais usavam penas como adorno

24 02 2011
Desenho de possível reconstruão do uso de penas por um Neandertal, de  Mauro Cutrona.

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Arqueólogos  trabalhando num sítio arqueológico, ao norte da  Itália, afirmam ter descobertos indícios de que os Neandertais já utilizavam penas para se enfeitar —  talvez até por ritual simbólico —  há 44 mil anos. A pesquisa aumenta o debate sobre quão distantes eram os Neandertais do Homo sapiens.   O arqueólogo Marco Peresani, paleontologista da Universidade de Ferrara, e sua equipe investigaram 660 ossos de aves de 22 espécies diferentes, encontrados com ossadas de Neandertais na Grotta di Fumane — Caverna  da Fumaça,  ao norte do país. Muitos dos ossos de asas dessas aves estavam cortados e raspados onde as penas de voo estariam presas, o que sugere que as penas eram sistematicamente removidas.

Marcas de corte e raspagem são observadas exclusivamente nas asas, indicando a remoção intencional das grandes penas”,  observou Peresani.

Entre as  22 espécies de pássaros encontravam-se uma espécie de urubu barbado (Gypaetus barbatus), o falcão-da-pata-vermelha (Falco vespertinus),o  abutre preto ( Aegypius monachus), a águia dourada (Aquila chrysaetos), o pombo (Columba palumbus) e a gralha alpina (Pyrrhocorax graculus).  A coloração das penas variava entre as cores negra, azul acinzentada e a cinza alaranjada.  As penas removidas dos pássaros eram as remiges, ou seja, as penas das asas,  as mais longas e mais belas e todas. 

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Sítio arqueológico  na Grotta di Fumane.

Assim como se acredita  que os Neandertais usavam conchas como enfeite, Peresani imagina que as penas também possam ter sido ornamentos.   Essa descoberta corrobora as investigações recentes que sugeriam que os Neandertais usariam conchas coloridas de moluscos como jóias.  Os pesquisadores nesse síitio arqueológico acreditam que plumas também eram usadas como adorno pessoal.    Na verdade, outros usos alternativos para essas penas foram descartados ao longo da pesquisa:  muitos dos pássaros que serviram de fonte  para a plumagem, eram pobres fontes de alimento e nesse período as flechas ainda não tinham sido inventadas. 

As espécies que constam nessa pesquisa;  as características anatômicas do elementos usados, e a localização das interferências humanas nessas modificações, indicam um uso muito mais chegado à esfera simbólica e de comportamento dessa população autóctone européia”, escreveram os pesquisadores.  As  descobertas acirram os debates que questiona, se os Neandertais eram uns brutamontes ou tão sofisticados quanto o Homo sapiens.

Essa pesquisa deve ajudar a descartar os preconceitos contra os Neandertais.  “Ela mostra que nossos primos extintos tinham um conceito especial a respeito de sua aparência física e identificação sócio-ambiental, que é algo frequentemente considerado uma prerrogativa dôo homem anatomicamente moderno”,  Peresani concluiu. “Sabemos que o uso de plumas de pássaros era bastante generalizado e que os humanos sempre atribuíram  grande e forte valor a essa prática, quer por sua significância social, quer para jogos, ou até mesmo na produção de objetos ornamentais e cerimoniais” disse Peresani.  “A reconstrução desse aspecto pouco conhecido e em geral bastante ocults entre os humanos já extintos é uma das metas da nossa pesquisa”.

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Fontes: Portal Terra, Discovery, Live Science.

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ARTIGO SOBRE AS JÒIAS DE CONCHAS DOS NEANDERTAIS