Frutas e flores outonais, 2001
Timothy Easton (Inglaterra, 1943)
óleo sobre tela, 51 x 61 cm
“Não há plantas boas para comida que não o sejam também para cura. O excesso é que causa problemas.”
Frutas e flores outonais, 2001
Timothy Easton (Inglaterra, 1943)
óleo sobre tela, 51 x 61 cm
No. 217, 1998
Davi dalla Venezia (Itália, 1965)
óleo sobre tela, 162 x 130 cm
“Um amigo de infância que não encontrava havia anos me escreveu após a publicação do meu segundo romance, O pêndulo de Foucault: “Caro Umberto, não me recordo de ter-lhe contado a história patética do meu tio e da minha tia, mas acho que você foi muito indiscreto ao usá-la em seu romance.” Bem, no meu livro eu conto alguns episódios envolvendo um certo Tio Charles e uma certa Tia Catherine, que na história são os tios do protagonista, Jacopo Belbo. É verdade que essas pessoas de fato existiram. Com algumas alterações, eu estava contando uma história da minha infância envolvendo um casal de tios meus — mas é claro que eles tinham nomes diferentes dos personagens. Respondi ao meu amigo dizendo que o Tio Charles e a Tia Catherine eram meus parentes, e não dele (e, portanto, os direitos autorais eram meus), e que eu nem sequer sabia que ele tivesse um tio ou uma tia. Meu amigo se desculpou: deixara-se envolver tanto pela história que achou que havia identificado certos incidentes ocorridos com seus tios — o que não é impossível, pois em tempo de guerra (o período ao qual remontavam minhas lembranças) coisas semelhantes podem acontecer a diferentes tios e tias.
O que acontecera com meu amigo? Ele buscara na minha história algo que estava, isto sim, na sua lembrança pessoal. Não estava interpretando meu texto, mas usando-o. Não é propriamente proibido usar um texto para sonhar acordado, e todos nós o fazemos com frequência — mas não é uma questão pública. Usar um texto dessa maneira significa mover-se nele como se fosse nosso diário íntimo.”
Em: Confissões de um jovem romancista, Umberto Eco, tradução de Clóvis Marques, Rio de Janeiro, Record: 2018, p. 33
Banca de livros usados, 2010
Ciro d’Alessio (Itália, 1977)
óleo sobre tela
“O que eu faço nos anos de gestação literária? Reúno documentos; visito lugares e traço mapas; tomo nota da planta de prédios, ou talvez de um navio, como no caso de A ilha do dia anterior; e faço esboço dos rostos dos personagens. Para O nome da rosa, fiz retratos de todos os monges sobre os quais escrevia. Passo esses anos preparatórios numa espécie de castelo encantado — ou, se preferirem, num estado de recolhimento artístico. Ninguém sabe o que estou fazendo, nem os membros da minha família. Dou a impressão de estar fazendo muitas coisas diferentes, mas estou sempre focado em capturar ideias,imagens e palavras para minha história. Escrevendo sobre a Idade Média, se vejo um carro passando na rua e fico talvez impressionado com sua cor, registro a experiência no meu caderno de anotações ou simplesmente na mente, e essa cor, mais tarde, desempenhará um papel na descrição, por exemplo, de uma miniatura.”
Em: Confissões de um jovem romancista, Umberto Eco, tradução de Clóvis Marques, Rio de Janeiro, Record: 2018, p. 14
Sem título
Daniela Astone (Itália, 1980)
óleo sobre tela
“… um romance não é apenas um fenômeno linguístico. Na poesia, é difícil traduzir as palavras porque o que importa é o seu som, assim como seus significados deliberadamente múltiplos, e é a escolha das palavras que determina o conteúdo. Numa narrativa, temos a situação contrária: o universo que o autor construiu, os acontecimentos que neles ocorrem é que ditam o ritmo,, o estilo e até a escolha das palavras. A narrativa é governada pela regra latina, “Rem tene, verba sequentor” — “Prenda-se ao tema e as palavras virão” — ao passo que na poesia a formulação deve ser mudada para: “Prenda-se às palavras e o tema virá.”
Em: Confissões de um jovem romancista, Umberto Eco, tradução de Clóvis Marques, Rio de Janeiro, Record: 2018, p. 15
Moça lendo, 2008
Diana Huijts (Holanda, 1954)
gravura em linóleo, 30 x 40 cm
Quando o escritor Umberto Eco visitou Paris pela primeira vez, era estudante de história medieval na Universidade de Turim. Na época ele não conseguia pensar em mais nada que não fosse seu campo de estudos. Para aprofundá-lo, obrigou-se a andar a pé e só pelas poucas ruas cuja arquitetura havia resistido à grande reforma de Haussmann (1852-1870) pelo embelezamento estético e político de Paris, quando dezenas e dezenas de ruas e construções medievais foram demolidas.
Retrato de Mimi Gross Grooms, 1966
Benny Andrews (EUA, 1930-2006)
óleo sobre papel colado em placa, 37 x 29 cm
Umberto Eco