As Profissões — poema infantil de Nelson Nunes da Costa

16 07 2008

 

AS PROFISSÕES

 

— Sou lavrador — cavo a terra

Para depois semear.

 

— Eu, pescador, passo a vida

Na canoa sobre o mar.

 

                                   — Mitigo as dores da vida

                                   Sou solícita enfermeira.

 

— Eu sou  mecânico perito,

Não sei de melhor carreira.

 

                                   — Operário, desde cedo,

                                   Que começa o meu labor.

 

— Nos incêndios, o bombeiro,

Revela o grande valor.

 

                                   — Eu sou médico excelente,

                                   Tenho curas assombrosas.

 

— Na cozinha, ao fogo ardente,

Faço comidas gostosas.

 

                                   — Comerciante zeloso,

                                   Não me afasto do balcão.

 

— Eu sou modista afamada,

Pois coso com perfeição.

 

                                   — Sacerdote caridoso,

                                   Eu trabalho pela cruz.

 

— Aprendiz de carpinteiro,

Eu sou o que foi Jesus.

 

                                   Toda profissão é nobre

                                   Exercida com carinho,

                                   Só o homem preguiçoso

                                   Acha o trabalho mesquinho.

 

 

Nelson Costa

 

Nelson Nunes da Costa ( RJ 1899 – 1976) Jornalista, professor, Membro da Academia Carioca de Letras.  Estudioso da Historiografia carioca foi diretor do departamento de História e Documentação do Município do Rio de Janeiro.  Cronista, jornalista, professor, contista e escritor.  

 

Algumas obras:

 

Bonecos e bonecas Conto, 1922  

Páginas cariocas Crítica, teoria e história literárias, 1924  

Rio de ontem e de hoje Crítica, teoria e história literárias, 1958  

O Rio através dos séculos: a história da cidade em seu 4° centenário, 1965

 

 

Do livro:

 

Criança brasileira: segundo livro de leitura, Theobaldo Miranda Santos, Agir: 1950, Rio de Janeiro.

 

 

 

 





Manhã na Roça, poesia infantil de Alda Pereira da Fonseca

15 07 2008

 

Fazenda em São Paulo, Lucia de Lima (Brasil, contemporânea), A/T.

Fazenda em São Paulo, Lucia de Lima (Brasil, contemporânea), A/T.

MANHÃ NA ROÇA

 

 

O sol clareia o horizonte,

Canta o galo no poleiro,

Bala a ovelhinha no monte,

Piam pintos no terreiro.

 

A fazenda despertou,

Num ruído alvissareiro.

Na roça o sol já encontrou

O matutino roceiro.

 

Tudo então vibra e se agita,

Nos trabalhos da lavoura,

Enquanto a ave saltita,

Na ramagem que o sol doura.

 

A vaca chama o terneiro,

Que ainda dorme no curral!

Mais longe grunhem cevados,

Grasnam patos no quintal.

 

Eis a vida que desperta,

Para o penoso labor,

Que dará colheita certa

De lucro compensador.

 

Alda Pereira da Fonseca

 

 

Do livro:

Terra Bandeirante: a vida na cidade e na roça no Estado de São Paulo, 2° ano do curso básico, Theobaldo Miranda Santos, Agir: 1954, RJ

 

 

Alda Pereira da Fonseca (RJ, 1882 – ?) — Cientista carioca, especializou-se na área da botânica e representou o Ministério de Agricultura em várias comissões nacionais e também em viagem de estudos ao exterior. Além da área científica, Alda  foi romancista, cronista, contista, poeta, novelista, roteirista, escritora de Literatura Infantil.

 

Lúcia de Lima, (RJ) – professora, arquiteta, pintora, artista plástica, trabalhando no Rio de Janeiro.

http://www.luciadelima.com.br

 

 

 

 





Vozes dos animais, poema de Pedro Diniz

13 07 2008
Animais da fazenda, ilustração de Steve Morrison

Animais da fazenda, ilustração de Steve Morrison

 

 

VOZES DOS ANIMAIS

 

Muge a vaca; berra o touro;

Grasna a rã; ruge o leão;

O gato mia; uiva o lobo;

Também uiva e ladra o cão.

 

Relincha o nobre cavalo;

Os elefantes dão urros;

A tímida ovelha bala;

Zurrar é próprio dos burros.

 

Sabem as aves ligeiras

O canto seu variar:

Fazem às vezes gorjeios

Às vezes põem-se a chilrar.

 

Bramam os tigres, as onças;

Pia, pia o pintinho;

Cucurica e canta o galo;

Late e gane o cachorrinho.

 

A vitelinha dá berros;

O cordeirinho, balidos;

O macaquinho dá guinchos;

A criancinha vagidos.

 

 

Pedro Diniz

 

 

 

Criança brasileira, Theobaldo Miranda Santos, Agir: 1950, Rio de Janeiro