Olimpíadas de Inverno: uma sinfonia à criativa sobrevivência humana

23 02 2014

Axel_Ender_Young_girl_skating_on_a_frozen_lake,_NorwayJovem em lago congelado, Noruega, 1920

Axel Hjalmar Ender (Noruega, 1853-1920)

óleo sobre tela

Enquanto escrevo esta postagem, acontece em Sochi o jogo final de hóquei entre  Suécia e  Canadá, momento em que as Olimpíadas de Inverno, realizadas este ano na Rússia, chegam ao fim.  Tenho acompanhado, quando posso, as competições nas diversas categorias dos esportes de inverno. Ignorava a existência de muitas delas e tratei, dentro do possível, de compreender as regras dessas modalidades.

Johann Culverhouse - Skating in Central ParkPatinando no Central Park, 1865

Johann Mongels Culverhouse (Holanda, 1825-  EUA, 1895)

óleo sobre tela

À medida que diversos esportes se apresentavam na tela, percebi que as Olimpíadas de Inverno refletem mais do que esportes.  Elas refletem a história de como, nós, humanos, conseguimos sobreviver em condições extremas, rodeados por uma natureza inóspita.  Muitos dos esportes têm relacionamento direto à nossa sobrevivência.  O Biatlo de inverno, por exemplo, remete à mobilidade na neve e à caça, duas atividades requeridas para a sobrevivência nas regiões geladas do planeta.

Öèôðîâàÿ ðåïðîäóêöèÿ íàõîäèòñÿ â èíòåðíåò-ìóçåå Gallerix.ruPaisagem de inverno e alçapão, 1565

Pieter Bruegel (Holanda, 1526-1569)

óleo sobre madeira, 38 x 56 cm

Enquanto os Jogos Olímpicos de verão estão ligados, em grande parte, ao treinamento de guerra da antiga Grécia, os de inverno estão mais próximos das atividades necessárias para a sobrevivência bem sucedida de inverno. Não conseguimos ignorar os  extremos por que nossos antepassados passaram. Os esportes de inverno são descendentes diretos do que era necessário para uma sobrevivência dependente da incerteza, do augúrio diário do clima extremo.  Enquanto observamos esquiadores descerem e subirem montanhas no cross-country, com sol ou com neve, a temperaturas desconfortáveis, para o corpo humano.  Com eles podemos imaginar como nossos antepassados tiveram que conquistar terrenos cobertos de gelo e neve para obter o que era essencial até a chegada da primavera.

samoheduslarge

Homem Samoiano [tribo da Sibéria] em roupas tradicionais, usando pele, carregando um rifle e um arco, sobre patins de gelo.

Escola alemã, século XVIII

Desenho a tintas sépia e preta, grafite, aquarela, 31 x 23 cm

As Olimpíadas de Inverno, vistas dessa maneira, são um tributo à criatividade humana pela sobrevivência. São uma maneira, hoje festiva, de reverenciarmos aqueles que nos precederam e que fizeram a nossa existência, aqui, em 2014, possível.





Imagem de leitura — Émile Béranger

15 09 2013

Emile Beranger,1848-XX-A-Curions-WomanUma mulher curiosa, 1848

Émile Béranger (França, 1814-1883)

óleo sobre madeira, 42 x 50 cm

Museus Hermitage, São Peterburgo





Imagem de leitura — Nikolai Petrovich Bogdanov-Belsky

19 08 2013

Nikolai Petrovich Bogdanov-Belsky (Russia 1868-Alemanha 1945) mulher lendo no jardim, 1915Mulher lendo no jardim, 1915

Nikolai Petrovich Bogdanov-Belsky (Rússia, 1868-1945)

óleo sobre tela

Nikolai Petrovich Bogdanov-Belsky nasceu em Smolensk Governorate em 1868. Estudou na Academia de Arte Semyon Rachinsky; aprendeu a pintar ícones na Troitse-Sergiyeva Lavra em 1883 e pintura moderna na Escola de Pintura Escultura e Arquitetura de Moscou de 1884 a 1889, indo depois aprimorar sua tecnica em São Petersburgo na Academia Imperial das Artes nos anos de 1894 e 1895. Na década de 1890 foi para a França onde estudou e ateliês particulares.  Especializou-se em pintura de gênero, concentrando-se no retrato de camponeses, retratos e na paisagem no estilo impressionista. Faleceu em Berlim em 1945.





Palavras para lembrar — Provérbio hindu

4 06 2013

Anastasia Ivanova-Johns 9808

Sonho, 2008

Anastasia Ivanova-Johns (Rússia, contemporânea)

Aquarela e nanquim sobre papel, 25 x 18 cm

Anastasia Ivanova-Johns

“Os livros estão, entre os meus conselheiros, os que mais me agradam, porque nem o medo nem a esperança os impedem de dizer-me o que devo fazer”.

Provérbio hindu





Palavras para lembrar — Ezra Pound

11 03 2013

Leonid Osipovich Pasternak (1862-1945) inspiração, ost

Os tormentos do trabalho criativo

Leonid Osipovich Pasternak ( Rússia, 1862-1945)

óleo sobre tela, 63 x 81 cm

“Os homens não entendem os livros até que tenham vivido um pouco, ou melhor, nenhum homem entende um livro profundo, até que tenha visto ou vivido pelo menos parte de seu conteúdo”.


Ezra Pound





O espião e o crítico de arte, texto de John Banville

21 01 2013

NormanRockwell_artCriticPainting

O crítico de arte, 1935

Norman Rockwell (EUA, 1894-1978)

[Capa da revista Saturday Evening Post, de 16 de abril de 1935]

Neste fim de semana estive envolvida com o livro O Intocável de John Banville. É extremamente bem escrito, fala de espionagem, fala de arte e da Inglaterra.  Baseia-se na história real do agente secreto britânico e simultaneamente agente para a Rússia, Anthony Blunt, conhecidíssimo historiador e crítico de arte.  O caso só veio ao conhecimento do público no final dos anos 80.  E a história, aqui contada como uma quase-memória é fascinante.  Selecionei um trecho para postagem hoje, porque mostra além do conhecimento da arte, os valores que eram a elas atribuídos e as metáforas que dela se usava.  A cena se passa na Inglaterra, em 1935 antes do início da Segunda Guerra Mundial.

“Fêz-se uma fração de segundo de silêncio, e a atmosfera adensou-se por um breve instante. Eu olhava de um para o outro, parecendo detectar uma coisa invisível a passar entre eles, não tanto um sinal como um símbolo mudo, como um desses quase impalpáveis  reconhecimentos que trocam os adúlteros quando têm companhia.  O fenômeno ainda me era estranho, mas ia tornar-se cada vez mais conhecido quanto mais fundo eu penetrava no mundo secreto. Assinala aquele momento em que um grupo de iniciados, no meio da tagarelice habitual, começa a trabalhar num candidato potencial: era sempre o mesmo: a pausa, o breve intumescimento no ar, depois a tranqüila retomada do tema fora irrecuperavelmente mudado. Mais tarde, quando eu mesmo já era um iniciado, essa pequena agitação especulativa me emocionava profundamente. Nada muito tentador, nada muito emocionante, a não ser, claro, algumas manobras na caçada sexual.

Eu sabia o que estava acontecendo; sabia que estava sendo recrutado. Era emocionante, assustador e ligeiramente ridículo, como ser chamado das laterais para jogar no time titular da escola. Era divertido. Essa palavra não traz mais o peso que tinha para nós. Diversão não era diversão, mas o teste de autenticidade de uma coisa, uma verificação do seu valor. As coisas mais sérias nos divertiam. As coisas mais sérias nos divertiam. Isso é algo que os Felix Hartmans jamais entenderam.

— Sim – falei, é verdade que eu antes defendia o primado da forma pura. Uma parte muito grande da arte é apenas anedótica, que é o que atrai o sentimentalista burguês. Eu queria uma coisa rude e estudada, realmente fiel à vida: Poussin, Cézanne, Picasso. Mas esses novos movimentos… esse surrealismo, essas áridas abstrações… que têm eles a ver com o mundo real, em que os homens vivem, trabalham e morrem?

Alastair bateu palmas lentas e silenciosas. Hatman, franzindo pensativamente a testa para meu tornozelo, ignorou-o.

— Bonnard – disse. Bonnard fazia furor naquele momento.

— Felicidade doméstica. Sexo sábado à noite.

— Matisse.

— Postais pintados a mão.

–Diego Rivera.

— Um verdadeiro pintor do povo, claro. Um grande pintor.

Ele ignorou o sorrisinho de lábio preso que não pude evitar; lembro-me de que surpreendi Bernard Berenson sorrindo assim uma vez, quando fazia uma atribuição gritantemente falaz de uma falsificação barata que um infeliz americano ia comprar por um preço fabuloso.

— Tão grande quanto … Poussin? – perguntou.

Encolhi os ombros. Então ele conhecia meus interesses. Alguém andara falando-lhe.  Olhei para Alastair, mas ele se achava absorvido examinando o polegar machucado.

— Essa questão não se coloca – disse eu – A crítica comparativa é em essência  fascista. Nossa tarefa – como apliquei delicadamente a pressão nesse nosso – é enfatizar os elementos progressistas na arte. Em tempos como estes, certamente é esse o primeiro e mais importante dever do crítico.

Seguiu-se outro silêncio significativo, Alastair chupando o polegar, Hartman balançando a cabeça e eu olhando para o lado, a exibir meu perfil, a própria modesta e a firme decisão proletárias, como, tinha certeza, uma daquelas figuras em relevo, em leque, no pedestal  e um monumento do realismo socialista. É curioso como as pequenas desonestidades são as que se grudam na seda da mente. Diego Rivera – Deus do céu! Alastair observava-me agora com um sorriso matreiro”.

Em: O Intocável, John Banville, Rio de Janeiro, Record: 1999, pp-114-115, tradução de Marcos Santarrita.





Palavras para lembrar — Bell Hooks

12 11 2012

Mulher lendo, s/d

Elena Drobychevskaja (Belarússia, 1963)

Técnica mista, 50 x 70 cm

“As ideias que transformaram minha vida sempre vieram a mim através dos livros”.

Bell Hooks





Imagem de leitura — Pyotr Fyodorovich Sokolov

13 05 2012

Retrato de senhora com criança lendo, 1820

Pyotr Fyodorovich Sokolov (Rússia, 1791–1848)

aquarela sobre papel

Pyotr Fyodorovich Sokolov nasceu em Moscou, na Rússia, em 1791. Estudou na Academia de Belas Artes de São Petersburgo de 18oo a 1810, permaneceu naquela cidade até 1846, quando retornou a Moscou.  Tornou-se um dos maiores retratistas da época de Pushkin, usando a técnica da aquarela que tomou o lugar dos retratos em miniatura tão comuns no século XVIII.  Conhecido por sua maneira lírica e pelo traço delicado de retratar seus modelos, foi favorecido por quase todos os personagens de maior importância de sua época.  Faleceu na Ucrânia em 1848.





Fevereiro, já se ouve o rufar dos tambores (V)

5 02 2012

Carnaval em Roma, 1839

Alexandre Petrovich Myasoedov (Rússia, 1806-1852)

óleo sobre tela

DETALHE DA TELA ACIMA





Fevereiro, já se ouve o rufar dos tambores (II)

2 02 2012

A grande festa de máscaras em 1722, 1900

[reconstituição da parada nas ruas de Moscou com a participação de Pedro I e do Príncipe-Caesar JF Romodanovsky]

Vasily Surikov (Rússia, 1848-1916)

óleo sobre tela

[DETALHE]

Notem não só os ursos…  Mas Rei Momo está no carro, tambores e cornetas…  Adorável!