Auto-retrato
Adoração dos Reis Magos, 1488
Domenico Ghirlandaio (Itália, 1449-1490)
têmpera e óleo sobre painel de madeira
Ospedali degli Innocenti, Florença
Auto-retrato
Adoração dos Reis Magos, 1488
Domenico Ghirlandaio (Itália, 1449-1490)
têmpera e óleo sobre painel de madeira
Ospedali degli Innocenti, Florença
Obra completa
Baco, 1522
Antico, [Pier Jacopo Alari Bonacolsi] (Mantua, Italia, 1455-1528)
Bronze com folha de ouro, 59 x 43 x 27 cm
Kunsthistoriches Museen, Viena
Sofonisba Anguissola (Itália, 1530-1625)
óleo sobre painel de madeira, 19 x 12 cm
Kunsthistorisches Museum [Museu da História da Arte], Viena
Artista desconhecido
cristal com decorações em esmalte e ouro
Murano
The Corning Museum of Glass, Corning, N.Y.
Leonardo da Vinci (1452-1519) — ???
óleo sobre tela, 61 x 46,5 cm
O Retrato de Isabella d’Este, atribuído a Leonardo Da Vinci, foi recuperado em Lugano, na Suíça como resultado de uma complexa operação conjunta envolvendo o Ministério Público italiano em Pesaro, a Guardia di Finanza de Pesaro, e a Brigada de Tutela del Patrimonio Culturale em cooperação com autoridades suíças policiais que executaram um pedido de apreensão para a assistência judiciária internacional. A investigação desse caso começou em agosto de 2013, quando veio ao conhecimento de investigadores italianos que um advogado em Pesaro havia sido contratado para vender sem alarde, a pintura, que se encontrava em um cofre de um banco suíço, pertencente a uma família italiana. O preço: 95 milhões de euros. O retrato pertenceria a uma coleção particular de 400 obras, de propriedade de uma família italiana que pediu para não ser identificada. O Retrato de Isabella d’Este foi provavelmente comprado pelos avós dos atuais proprietários, dizem eles que há mais de um século. As suspeitas de que a pintura possa ser um genuíno da Vinci levaram à investigação científica.
O retrato criou uma celeuma internacional anterior quando o professor Carlo Pedretti da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), especialista na obra do pintor renascentista Leonardo da Vinci, atribuiu o quadro ao pintor. Dr. Pedretti reconheceu na pintura o esboço desenhado por Da Vinci por volta de 1449-1450. O desenho a giz retrata Isabella d’Este, Marquesa de Mântua, [Museu do Louvre, Paris]. Há, no entanto, uma grande incógnita a respeito: historiadores de arte têm debatido desde sempre se Leonardo de fato nunca pintou o retrato para o qual há o esboço. O mistério de 500 anos poderá ser solucionado com o quadro no banco suíço.
Desenho a giz no Louvre e o quadro encontrado na Suíça.
Estima-se que Leonardo o tenha pintado a caminho de Veneza, vindo de Mântua, no final de 1499, quando o exército francês sitiou Milão. Leonardo da Vinci se juntou a todos os que fugiram da cidade. Em seu caminho para Veneza, o artista encontrou refúgio na cidade italiana de Mântua, centro político e artístico da Lombardia. Era convidado da nobre Isabella d’Este.
Cópia de época do desenho de Leonardo, Ashmolean Museum, Oxford.
O especialista na Renascença Italiana e em Leonardo da Vinci especificamente, Dr. Martin Kemp, professor emérito de história da arte no Trinity College, Oxford, questionou a autenticidade da tela. Ele acredita que “não era o tipo de tela usada por Leonardo ou qualquer um de seu ateliê”.
Se a autenticação da pintura for correta, será uma descoberta histórica. Há no mundo só vinte-três grandes obras de arte atribuídas a Leonardo da Vinci. Sua preferência para suporte na pintura foi sempre a madeira, preferencialmente álamo ou o papel. No entanto, independentemente da atribuição, parece que a pintura foi exportada ilegalmente da Itália sem o benefício de uma licença de exportação apropriada e enquanto não está claro se a família enviou a pintura para a Suíça, para evitar roubo ou evasão de impostos, a sua remoção viola a lei italiana.
A Itália tem regras bem rígidas que exige que qualquer obra de arte com mais de 50 anos de idade, feitas por um artista morto, precise de uma licença especial para ser exportada. Isso vale para mudanças temporárias, (no caso de empréstimos para exposições, por exemplo) bem como vendas permanentes. Isso torna a falta de documentação sobre esta obra notável e altamente suspeita. A lei italiana sobre o movimento de obras de arte foi aprovada em 1939 especificamente para prevenir que obras-primas da arte antiga e renascentista saíssem ou cruzassem as fronteiras do país.
Retrato de mulher, provavelmente Isabella d’Este, c. 1500
Atribuído a Gian Cristoforo Romano (c. 1465-1512)
Terracota, [já foi policromada, mas perdeu a cor]
54 x 56 cm
Kimbell Art Museum, Fort Worth, Texas
Na Itália, o óleo de Isabella d’Este passará por uma avaliação mais aprofundada para determinar se o trabalho deve ou não ser confirmado, de forma conclusiva, como tendo a autoria de Leonardo da Vinci. Se não foi, será considerada uma obra “no estilo de”. A pintura, que mede 61 x 46,5 cm, certamente corresponde ao esboço de giz sobre papel da Marquesa de Mântua, no Louvre.
Sabe-se que Isabella d’Este escreveu duas cartas a Leonardo, em que solicitava obras de arte. Mas em ambas ela pedia o retrato de Jesus Cristo. Ela era uma colecionadora de antiguidades, uma patrona das artes, e uma das mulheres mais elegantes e poderosas do Renascimento italiano. Comissionou trabalhos a diversos outros pintores: Giovanni Bellini, Rafael, Ticiano. Portanto, não seria improvável que um pedido de um retrato também pudesse ter sido feito a Leonardo.
Datação por carbono realizada por um laboratório de espectrometria de massa na Universidade de Arizona confirmou que havia uma probabilidade de 95,4% que a obra tenha sido pintada entre 1460 e 1650. O exame de fragmentos retirados do trabalho mostrou que os pigmentos do retrato coincidem com aqueles usados por da Vinci e que a base foi preparada de acordo com a mesma receita detalhada pelo mestre.
Suspeita-se que da Vinci possa ter concluído o retrato depois de encontrar d’Este novamente em Roma, em 1514. O retrato de colorido muito rico mostra uma transposição fiel do esboço no Louvre. A postura da senhora retratada, seu penteado e vestido são quase idênticos. Ela traz o sorriso enigmático que perdura nos lábios conhecido nas obras de da Vinci, como a Mona Lisa. A tiara dourada na cabeça de Isabella d’Este e a folha de palmeira ela segura como um cetro são detalhes não encontrados no esboço e podem ter sido adicionados por alunos de da Vinci.
Taça para vinho ou confeitos com cenas de Virgílio e Febilla, c. 1475-1500
Veneza (Murano), Estúdio de vidro Barovier
Vidro esmaltado e dourado, 21,6 x 12,4 cm
Inscrição: VERBLIO; Venite
Metropolitan Museum, Nova York
Estátua equestre de Gattamelata, 1453
[Condottiero Erasmo da Narni]
Donatello (Florença, c. 1386 – 1466)
Bronze
Piazza del Santo, Pádua
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Retrato póstumo de Cosimo de Medici, o velho, 1518
[Cosimo de Medici 1389-1464]
Jacopo Pontomo (Pontorme, 1494- Florença, 1557)
óleo sobre tela, 86 x 65 cm
Galeria Uffizi, Florença
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Fiquei encantada com a leitura de Cosimo de Medici, memórias de um líder renascentista, de Luiz Felipe D’Ávila, onde encontrei um autor que através da ficção de memórias foi capaz de transmitir, de maneira fascinante e eficaz, a vida diária de Florença no início do período renascentista. Cosimo viveu de 1389 a 1464 e foi o patriarca da influente família de banqueiros de Florença, que teve muitas vezes o destino da história ocidental nas mãos por bem mais de dois séculos.
Escrever sobre qualquer um dos Medici poderia ser simplesmente a repetição de toda a pesquisa já feita sobre os membros da família. Historiadores do mundo inteiro já passaram horas debruçados sobre suas vidas. No entanto, uma coisa deliciosa sobre esta narrativa é a contemporaneidade das preocupações de Cosimo, que se encontra, escolhendo entre opções muito semelhantes as que fazemos nos dias de hoje.
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Quando eu ainda ensinava história da arte na universidade eu abria o período da civilização romana, com afirmações de efeito e para chamar atenção dos alunos, mas que tinham muito de verdade. Dizia: “olhem bem para esta cidade romana: tem edifícios de apartamentos, tem sistema de água e esgotos, tem mercados, tem ruas. Desde os romanos, nada mudou. Continuamos a construir cidades da mesma forma que eles faziam. Tantos séculos já se passaram, o que é que vocês vão fazer para mostrar que aprendemos alguma coisa nesse tempo todo?” É claro que inicialmente os alunos achavam que este exagero era demasiado, mas à medida que o semestre passava e as aulas se aprofundavam, os paralelos entre o que viam e o que tínhamos no nosso dia a dia se intensificavam, para descrença de todos.
Assim como a beleza está nos olhos de quem vê, a história esta nos olhos de quem se volta para o passado. Ler historiadores do século XIX , de meados do século XX e contemporâneos ilustra a subjetividade da história, que se mostra tão precisa quanto um livro de memórias. Mas isso não invalida o estudo. Pelo contrário, mostra as forças filosóficas que esculpiram a maneira de pensar de historiadores e de seu tempo, e mostra, sobretudo, o ser humano. Verdade não existe. É relativa. Assim, a contemporaneidade de um momento histórico é parte da seleção feita por aquele historiador.–
A fascinante contemporaneidade de Cosimo de Medici, memórias de um líder renascentista, é parte da reflexão do nosso momento sobre o passado. Isso dá relevância à leitura, porque podemos nos ver, ver onde poderíamos mudar: o que já deu ou não certo. A vida no século XV era muito semelhante a que vivemos hoje, dadas as devidas proporções. E não são poucas as passagens em que podemos fazer um paralelo direto. Encontramos também sábios conselhos de Cosimo, que se usados por nós, hoje, ainda seriam de grande valia. Vejamos como a passagem seguinte, onde o autor explica a movimentação econômica na “Wall Street” de Florença, a Porta Rossa:
“Na rua Porta Rossa, os comerciantes levantam empréstimos,descontam cartas de crédito, trocam mercadorias por dinheiro, recebem e pagam contas, requisitam os serviços dos bancos para intermediar a compra e venda de vários produtos, tais como livros, seda, lã, jóias, escravos e animais. As conversas e transações com os nossos clientes são excelente indicadores sobre os negócios, a política e as oportunidades comerciais existentes nas cidades e países em que atuamos”.
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Luiz Felipe D’Ávila
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Mais além a sabedoria de quem administrava um dos mais importantes bancos da história:
“A ostentação e a vaidade exagerada refletem certo desvio de caráter. Ela é uma manifestação de um espírito volúvel e escravizado pelos desejos. Não me recordo de ter conhecido pessoas honestas e confiáveis que gostam da ostentação ou que são extremamente vaidosas. No banco, os clientes que mais nos preocupam são aqueles que adoram ostentar. Costumam se endividar para satisfazer suas vaidades e alimentar os seus vícios, ignorando a capacidade de honrar os seus empréstimos. Na política são atraídos pelo poder e não pelo senso do dever; são pessoas voláteis que mudam de opinião e de lado conforme os seus interesses imediatistas. Por isso são facilmente seduzidas e corrompidas. Toda vaidade tem um preço; ela é o calcanhar-de-aquiles do ser humano”.
Perdoem-me a obviedade, mas estávamos descrevendo os nossos políticos?
Voltando ao livro de Luiz Felipe D’Ávila: é uma jóia. Pouco difundido. Precisava ter tido mais marketing. Publicado em 2008 só agora chegou às minhas mãos, e ainda por acaso. É uma pena. Qualquer um interessado em história, em uma boa narrativa, e em saber mais dessa família de banqueiros; qualquer um que se interesse em saber sobre as comissões artísticas de muitas das obras de arte da Renascença italiana, que fazem parte do nosso arquivo visual da época, tem o dever de prestigiar esse pesquisador brasileiro. Foi um prazer ler estas 150 páginas ricamente ilustradas.
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O jovem Cícero lendo, 1464
Vincenzo Foppa ( Veneza, c. 1430 – c. 1515)
Afresco (102 x 144 cm) [Fragmento]
[proveniente do Palácio Médici em Milão, removido em 1863]
Wallace Collection, Londres
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Confucius