Gorilas de volta ao habitat natural

25 10 2012

Pela primeira vez, uma família inteira de gorilas irá retornar ao seu habitat natural. O grupo de onze membros da espécie gorila ocidental das terras baixas, que está em um zoológico no condado de Kent, na Inglaterra, irá para uma reserva natural, no Gabão. A família inclui um macho de 30 anos, de aproximadamente 100 quilos, que havia sido salvo das mãos de caçadores ilegais, cinco fêmeas e cinco filhotes de idades que variam de 6 anos a 8 meses, que foram criados em cativeiro.

Cinquenta e um primatas já foram soltos na selva individualmente em áreas seguras de proteção animal, no período de 1996 e 2006,  pela mesma instituição —  The Aspinall Foundation.  Esses animais foram soltos depois de viver em cativeiro, mas nunca isso foi tentado com um grupo tão grande quanto esse.  A fundação Aspinall  atua no Gabão e no Congo, países onde os gorilas foram caçados até sua extinção. Ela irá fornecer medicamentos e comida extra para ajudar na adaptação deles.

Na selva, este grupo será nômade e se movimentará pela floresta em busca de comida, provavelmente a cada dois dias. A família deve ser liberada em janeiro de 2013.

Damian Aspinall, que criou a fundação, disse que a única justificativa para se manter animais em cativeiro no século XXI seria para participar de programas de reprodução de espécies em perigo de extinção para depois reintroduzí-las à vida selvagem.  A Fundação Aspinall já cruzou 135 gorilas, 33 rinocerontes negros, 123 leopardos, 33 gibões de Java, 104 macacos langures de Java e 20 elefantes africanos nos seus programas de acasalamento em cativeiro.

FONTE: Terra e Heart





Salvem os macacos bugios, no RS!

18 04 2009

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Preocupado com a matança equivocada de macacos bugios no Rio Grande do Sul, um pesquisador da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS) decidiu lançar uma campanha para alertar a população. Nos últimos meses, a mídia gaúcha tem noticiado casos de pessoas que matam os bugios para prevenir a disseminação da febre amarela.

 

Sensíveis à doença, os macacos são os primeiros a adquiri-la, e a sua morte serve como um aviso para que os órgãos de saúde pública iniciem campanhas de vacinação. “Algumas pessoas pensam que os bugios transmitem a febre amarela aos humanos, o que é totalmente errado”, explica o pesquisador Júlio César Bicca-Marques, autor da iniciativa e especialista em ecologia, comportamento, cognição e biologia da conservação de primatas

 

No dia 3, ele começou a enviar emails e contatar os órgãos de imprensa para falar sobre o problema e intitulou a campanha Proteja seu anjo da guarda. A idéia é espalhar a informação de que o agente transmissor é um mosquito, e não os macacos. O projeto tem o apoio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre e outras instituições.

 

Por adoecerem primeiro, os primatas dão às autoridades informações valiosas sobre a circulação do vírus. “Por isso, matá-los seria como dar um tiro que sairá pela culatra”, completa Júlio César.

 

Principais espécies de macaco do Rio Grande do Sul, os bugios preto e ruivo, que pesam 6 kg em média, vivem sob risco de extinção. Com o habitat natural reduzido pela substituição de florestas, eles já enfrentavam caçadores e comerciantes de animais silvestres antes de virarem alvo da população.

 

 

 

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Macaco Bugio.  Foto: Denis Ferreira Neto.

 

 

É importante lembrar que a febre amarela é uma doença infecciosa causada por um vírus que é transmitido por mosquitos. Existem dois tipos: a febre amarela urbana, erradicada do Brasil por volta da década de 1960, e a febre amarela silvestre. Os vetores (agentes responsáveis pela transmissão) da forma silvestre são mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, enquanto a forma urbana pode ser transmitida pelo Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue.

 

 

A febre amarela silvestre já provocou a morte de algumas pessoas e de muitos bugios em uma extensa área do Rio Grande do Sul desde o final de 2008. No entanto, ao contrário da maioria das pessoas, os bugios são extremamente sensíveis à doença, morrendo em poucos dias após contraí-la. Esses macacos já estão ameaçados de extinção no Estado devido à destruição de seu hábitat natural (as florestas), à caça e ao comércio ilegal de mascotes.

 

Os bugios NÃO transmitem a febre amarela para o homem e NÃO são os responsáveis pelo rápido avanço da doença no Estado. Eles são as principais vítimas. As mudanças climáticas e a degradação ambiental provocadas pelo homem são as principais responsáveis pelo recente aparecimento de inúmeras doenças infecciosas no Estado. Especialistas acreditam que o avanço da doença tem sido facilitado pelo deslocamento de pessoas infectadas ou pela dispersão dos mosquitos ou outro hospedeiro ainda desconhecido.

 

Esta é uma combinação de dois artigos escritos por Júlio César Bicca-Marques, Professor Titular, Grupo de Pesquisa em Primatologia da Faculdade de Biociências/PUCRS.