Natureza, Campinas, SP, 1940
Campos Ayres (Brasil, 1881 – 1944)
óleo sobre tela, 35 x 27 cm
Natureza, Campinas, SP, 1940
Campos Ayres (Brasil, 1881 – 1944)
óleo sobre tela, 35 x 27 cm
–
–
Foto antiga de Itajubá, MG.–
–
–
A revolução paulista desencadeia na cidade um febre política que contamina toda a população. Pela situação estratégica, Itajubá passa a ser o ponto central para onde afluem as tropas que vão combater os revoltosos e também por estar próxima ao túnel, onde se instalam as tropas paulistas para impredir o avanço dos legalistas. Há muitos contingentes aquartelados em toda a cidade. Até o Grupo Escolar, acabado de construir, da noite para o dia, se transformou em praça de guerra. As paredes estão cobertas de mapas contendo a zona em que se encontram os revolucionários. Entramos na sala em que está aquartelado o P.C. da 1ª DI. O general Trompowsky faz as honras de dono da casa ao receber as senhoras dos oficiais que estão no front. Manda servir café e depois chama um soldado que é hábil saxofonista e taca o Tico-tico no fubá. Ouvimos o barulho do motor de um avião e corremos lá fora para ver. Ele distribui manifestos pela cidade, enquanto o povo mineiro entusiasma-se dando vivas aos paulistas. Mamãe nos leva para casa, o tiroteio começa, alguma bala desgarrada pode nos atingir. O avião, cada vez mais alto, sai do campo de ação. Depois desaparece.
Os boatos fervem o dia todo. O ex-presidente Wenceslau Braz quer a adesão de Minas à causa paulista. Os paulistas estão de tal forma empolgados, que venderam todo o ouro que tinham para comprar armas. Em troca receberam um anel de aço onde está escrito: “Dei ouro para o bem de São Paulo”. Nossa casa atrai visitantes, políticos, militares, civis. Muitos, principalmente os políticos, estão empenhados em obter do papai, comandante do 4º B/E, a adesão a São Paulo. Se isso acontecer, naturalmente os outros estados também hão de aderir. A meu pai repugna trair o chefe da nação. A oficialidade se reúne no QG das forças legalistas. Góis Monteiro, Eurico Dutra, Trompowsky, Horta Barbosa. Decidem com meu pai permanecer fiéis ao governo de Getúlio Vargas. O desfecho desagrada ao povo mineiro. Wenceslau Braz se empenha e consegue a transferência do oficial da arma de Engenharia, Miguel Salazar Mendes de Moraes, de Itajubá para o Rio de Janeiro.
–
Autora: Ivna Thaumaturgo [ Ivna Thaumaturgo Mendes de Moraes Duvivier]. Nascida em 1915, neta do marechal Gregório Thaumaturgo de Azevedo, primeiro chefe de uma comissão mista Brasil-Bolívia encarregada de demarcar a fronteira entre esses países e neta, por parte de pai, do general Feliciano Mendes de Moraes. A família era toda de militares sendo Ivna filha do futuro marechal Miguel Salazar Mendes de Moraes.
–
Em: A família de guizos: história e memória, de Ivna Thaumaturgo, Rio de Janeiro, Ed. Civilização Brasileira, 1997
Estou repetindo aqui a entrada fotográfica da lista de presos que publiquei na postagem do dia 23 de agosto de 2008, com a listagem em separado, para que seja mais fácil a leitura do nome dos presos.
Leitura da lista dos presos de 1932
Grupo de presos políticos da Revolução Paulista de 1932, na Casa de Correção do Rio de Janeiro, em Outubro de 1932
1 – Austregésilo de Athayde jornalista dos Diários Associados
2 – Capitão Martin Cavalcanti da Polícia Militar …
3 – Oswaldo Chateaubriand jornalista dos Diários Associados
4 – Eurico Martins jornalista A Gazeta
5 – Luiz Américo de Freitas. Presidente do Instituto do Café
6 – Guilherme de Almeida Poeta
7 – Ataliba Leonel PRP
8 – Thyrso Martins ex-chefe de polícia
9 – Sylvio de Campos PRP
10 – Francisco Cunha Junqueira ex-secretario da Agricultura
11 – Casper Líbero jornalista A Gazeta
12 – Haroldo Pacheco e Silva Legião Paulista
13- Oscar Machado MMDC
14- Levos Vampré MMDC
15- Luiz Piza Sobrinho MMDC
16- Joaquim Sampaio Vidal ex-diretor Dep. Municipal
17- Pádua Salles PRP
18- Aureliano Leite PD
19- J. Castro Carvalho PRP
20- Júlio Mesquita Filho jornalista O Estado de São Paulo
21- Ibrahim Nobre promotor público
22- Lauro Parente engenheiro
23 Aviador Tito Delon(?)
24- ? PD
25- Luiz Dutra advogado no Rio
26- Mylario Freire PRP
27- Paulo Salles Minas
28- Prudente de Moraes Netto MMDC
29- J. Cardoso de Almeida Sobrinho engenheiro,Rio
30- A. C. Pacheco e Silva F. P. Paulista
31- Antonio Silva Bernardes Minas
32- Cel Azariss Silva PP Paulista
33- Carlos de Souza Nazareth Pres. Assoc. Com. MMDC
#1 Belarmino Maria Austregésilo Augusto de Athayde (Caruaru, 25 de setembro de 1898 — Rio de Janeiro, 13 de setembro de 1993) foi um jornalista e professor, cronista, ensaísta e orador brasileiro. Formou-se em direito, trabalhou como escritor e jornalista, chegando a dirigente dos Diários Associados, a convite de Assis Chateaubriand. Sua declarada oposição à revolução de 1930 e o apoio ao movimento constitucionalista de São Paulo (1932) levou-o a prisão e exílio na Europa e depois na Argentina. Permaneceu muitos meses em Portugal, Espanha, França e Inglaterra e de lá se dirigiu a Buenos Aires, onde residiu por dois anos (1933-1934).
#2
#3 Oswaldo Chateaubriand é irmão do Sr. Assis Chateaubriand (proprietário dos Diários Associados) e diretor do “Diário de São Paulo”.
# 7 Ataliba Leonel (Itapetininga, 15 de maio de 1875 — Piraju, 29 de outubro de 1934) foi um militar e político brasileiro. Formado na Faculdade de Direito de São Paulo, foi um dos preparadores do movimento de 23 de maio, quando, na capital do Estado, tombaram as quatro figuras históricas cujos nomes passaram a constituir o símbolo M.M.D.C.. Iniciada a revolução em 9 de julho, organizou a Brigada do Sul, da qual foi comandante-geral. Com a vitória da ditadura, foi preso e exilado em Portugal, residindo em São João do Estoril, com outros brasileiros ex-combatentes da mesma causa. Membro da C.D. do Partido Republicano, representou São Paulo na Câmara Federal, onde relatou a Receita da União na Comissão de Finanças, produzindo trabalhos notáveis, que honra a cultura paulista.
O Exílio
Assim que detidos, foram aprisionados no navio-presídio “Pedro 1º” e transferidos, em seguida, para o navio “Siqueira Campos” que, em 18 de novembro de 1932, chegava a Portugal, desembarcando, entre outros, os generais Bertoldo Klinger, Isidoro Dias Lopes (nos seus quase setenta anos), coronel Euclides Figueiredo, major Mena Barreto, o tenente Agildo Barata Ribeiro; os civis Álvaro de Carvalho, Altino Arantes, Austragésilo de Ataíde, Carlos de Souza Nazaré, Francisco de Mesquita, Guilherme de Almeida, Ibrahim Nobre, Júlio de Mesquita Filho, Luís de Toledo Pisa Sobrinho, Oswaldo Chateaubriand, Prudente de Morais Neto e Paulo Duarte, entre dezenas de outros mais. Eram ao todo 73 brasileiros banidos de sua pátria, que iam se juntar aos exilados de 1930.