O verde do meu bairro: orquídeas

16 10 2025
Orquídeas, dezenas e dezenas delas nas árvores da Zona Sul do Rio de Janeiro.  Estas em Copacabana.

 

 

 

No início deste ano tive uma amiga visitando o Rio de Janeiro, vinda de Goiás. Nem preciso dizer que a cidade a encantou.  Faz parte da visita, o encantamento.  Mas uma das coisas que ela mencionou especificamente, fora os lugares tradicionais, foram as ruas substancialmente arborizadas.  E ainda posso lembrar de seu tom de voz ao dizer com espanto: E vocês ainda põem orquídeas nas árvores de rua!

Nem sempre foi assim. Não posso dizer quando esse hábito começou. Nem onde.  Cresci no Rio de Janeiro, na zona sul da cidade e garanto que quando era criança, não fazíamos isso. Já ouvi relatos que foi iniciativa de uma associação de comerciantes de Ipanema que, para embelezar a cidade, e chamar atenção para o bairro, começaram a amarrar orquídeas nas árvores que dão sombra às ruas, árvores plantadas pela prefeitura. Não estamos falando de árvores nos jardins de condomínios.  Aliás esses também têm. 

Por volta dos anos 90 do século passado era evidente que os próprios cariocas haviam abraçado a ideia de orquídeas penduradas nas árvores das calçadas.  Isso, também surpreendeu meu marido, americano, que como a goiana, percebeu a profusão de orquídeas nas ruas como um sinal de que estava num ambiente tropical, algo que soava a seus ouvidos, como um lugar perto do paraíso.  Coitado!  Anos depois veio morar no Rio de Janeiro e percebeu a realidade! Mas sempre se admirava com as orquídeas em ruas públicas. 

Não sei se essa moda causou os supermercados a venderem orquídeas ou se foi o contrário, eles começaram a vender as orquídeas e a moda seguiu a oferta das plantas. Velha questão essa, da galinha e do ovo. Hoje praticamente todos os mercados vendem orquídeas, as mais comuns, e o carioca leva orquídeas à casa de alguém que ele visita, ou presenteia em qualquer ocasião.   

Mas orquídeas não são das plantas, as mais fáceis de lidar.  Requerem certa quantidade de sombra e alguns fiapos de sol. Precisam de pouca água e gostam de ficar à beira de  algum lugar, mais ou menos em situação periclitante, como peitoris de janelas do décimo segundo andar.  Essas necessidades são amplamente providas pelas árvores.  Então o carioca recebe a orquídea de presente, se satisfaz com ela pelo período de floração e depois dependura numa árvore de rua. Tudo que se precisa é ter um porteiro, ou um empregado do prédio em que você mora, que se disponha a amarrar uma orquídea que já perdeu a sua beleza mas ainda está viva, na parte mais alta da árvore próxima à entrada do seu edifício, no lugar que ele alcançar de uma escada.  E voilà, na próxima estação, no próximo período de floração, a árvore estará embelezada por uma, duas, três orquídeas, quantas couberem em seu tronco, plantas que continuarão, felizes, a dar flores entra ano, sai ano. E vivemos, então, sob a distinta impressão de estarmos num paraíso tropical. 





O verde do meu bairro: Ipê roxo

9 10 2025
Ipê Roxo, Praça Mário Lago, Centro do Rio de Janeiro.

Hoje, dia chuvoso e cinzento, teve seu momento de luz: um recém plantado ipê roxo, pequenino ainda, adornava essa pracinha, cujo nome aprendi procurando no mapa — Praça Mário Lago. Um dia será uma bela e alta árvore embelezando ainda mais a paisagem carioca. 





Dia 11: O sertão, desafio da escrita, #PHpoemaday

11 06 2014

 

 

ROSÂNGELA MARASSI - Ipê amarelo - Óleo sobre telaIpê amarelo

Rosângela Marassi (Brasil, contemporânea)

Óleo sobre tela

 

 

Os ipês no sertão

 

Não me venha falar de tristeza
quando fala do sertão do Cariri.
Se você diz que a paisagem é cinza
é porque não conhece o sertão
patriótico na paisagem:
alegre, em flor, verde e amarelo.
É porque nunca viu o sertão de setembro;
o sertão dos ipês de puro ouro
salpicando felicidade na estação que se inicia.
Esses ipês renovam as esperanças no futuro
e alimentam a chama do amor à terra.
Quando vir as cores do sertão florado
Entenderá porque a bandeira do país
tremula no horizonte, lembrando o Cariri.

 

© Ladyce West, Rio de Janeiro, 2014