Conselhos a um escritor de ficção, várias opiniões — II

25 05 2010

 

Professor Pardal lê ficção científica, ilustração Walt Disney.

AL Kennedy

 

Alison Louise Kennedy , nasceu em 1965 em Dundee na Escócia.  Comediante e escritora de ficção, contos e também não-ficção.  Combina realismo e fantasia.  É colunista para diversos jornais na Grã-Bretanha e na Comunidade Européia. 

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1 – Tenha humildade.  Escritores mais velhos, com maior experiência, mais convincentes podem dar todo tipo de conselho.  Considere bem o que dizem.  Mas, não lhes dê automaticamente controle sobre o ser cérebro,  — eles podem estar amargos, cansados, podem ser manipuladores ou não gostar de você.

2 — Tenha mais humildade.  Lembre-se que você não conhece os limites da sua habilidade.  Com sucesso ou não, se você sempre tentar ultrapassar os seus próprios limites, você se enriquecerá – e talvez até agradar a  algumas pessoas.

3 – Defenda os outros.  Você pode, é claro, roubar histórias e detalhes da sua família e de seus amigos, preencher as fichas de pesquisa depois de uma noite de amor etc.  Talvez seja melhor celebrar aqueles a quem você ama – e também o próprio amor – escrevendo de tal maneira que todo mundo possa manter sua privacidade e dignidades intactas.

4 – Defenda o seu trabalho.  Organizações, instituições e indivíduos frequentemente acham que conhecem mais sobre o seu trabalho – principalmente se eles estão lhe pagando.   Quando você achar – realmente – que as decisões deles irão causar danos ao seu trabalho – despeça-se, vá embora.  Corra.  O dinheiro não vale isso tudo.

5 – Defenda-se.  Descubra o que o faz feliz, motivado e criativo.

6 – Escreva.  Não há autopunição, estado alterado da mente, suéteres negras ou atitude pública anti-social que irá ajudar a você ser um escritor.  Escritores escrevem.  Faça-o.

7 – Leia.  Tanto quanto puder.  Tão profundamente, tão abrangente, tão famintamente e irritantemente quanto você puder.  E as coisas boas se farão lembrar, de modo que você não precisará tomar notas.

8 – Seja destemido.  É impossível, mas deixe que os pequenos medos lhe direcionem quando r for re-escrever, passar a limpo e deixe de lado os grandes medos – até que eles se comportem – aí então use-os, talvez até escreva sobre eles.  Medo demais e tudo o que você consegue é silêncio.

9 – Lembre-se de que você adora escrever.  Não valeria a pena se você não gostasse disso.  Se a paixão diminuir, faça o que for necessário para tê-la de volta.

10 – Lembre-se de que a escrita não te ama.  Ela não tem sentimentos.  Não obstante ela pode se comportar de maneira bastante generosa.  Fale bem da escrita, encoraje outros,  passe-a adiante.

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Hilary Mantel

 

Hilary Mary Mantel CBE nasceu em Derbyshire, 1952.  Ela é uma escritora e crítica literária britânica. O seu trabalho versa desde a memória pessoal à ficção histórica, tendo várias obras finalistas em prêmios literários. Em 2009 foi premiada com o Prêmio Man Booker pela sua novela Wolf Hall.

1 – Você está pensando nisso seriamente?  Então ache um contador.

2 – Leia Becoming a Writer de Dorothea Brande.  Aí faça o que ela diz, inclusive as tarefas que você acha impossíveis.   Você provavelmente vai detestar o conselho de escrever assim que acordar, mas conseguirá fazê-lo, talvez até seja a melhor coisa que você venha a fazer para você mesmo.   Esse livro é sobre tornar-se um escritor de dentro para fora.  Muitos dos manuais com conselhos sobre o assunto derivam deste.  Você realmente não precisará de nenhum outro deles, mas se você quiser aumentar a sua auto-confiança, manuais de auto –ajuda raramente fazem mal.  Você pode começar um livro inteiro com um pequeno exercício de escrever. 

3 – Escreva um livro que você gostaria de ler.  Se você não o fosse ler, por que alguma outra pessoa iria fazer isso?  Não escreva para uma audiência ou um mercado determinado.  É possível que eles já não existam mais quando você acabar o livro.

4 – Se você tem uma boa história,  não assuma que precise ter uma narrativa em forma de prosa.  Talvez funcione melhor como uma peça de teatro, de cinema ou um poema.  Seja flexível.

5 – Lembre-se de que qualquer coisa que venha a aparecer antes do “Capítulo Um” pode ser pulado.  Não coloque nesse local sua chave do mistério.

6 – O primeiro parágrafo pode frequentemente ser um tiro no escuro.  Você está dançando a haka [NT: uma dança Maori] ou simplesmente mexendo com os pés?

7 —  Concentre a sua energia narrativa no momento da mudança.  Isso é muito importante principalmente para a ficção histórica.  Quando o seu personagem está num lugar novo, ou quando as coisas mudam à sua volta, é aí que você deve se afastar e preencher os detalhes de seu mundo.  As pessoas não observam os seu ambiente ou sua rotina diária a toda hora, então quando o escritor os descreve pode parecer como se ele estivesse dando instrução ao leitor.

8 – Descrições precisam funcionar para o lugar.  Não podem ser simplesmente ornamentais.  Em geral elas funcionam melhor se tiverem um elemento humano; é melhor quando são feitas com uma visão subjetiva ao invés de uma visão pelos olhos de Deus.  Se as descrições mostram a visão do personagem que está observando, ela se transforma em uma parte a definição do personagem, outra na ação do personagem.  

9 – Se você tiver um bloqueio, saia da sua mesa de trabalho.  Vá dar um passeio a pé, tome um banho,  vá dormir,  faça uma torta, desenhe, ouça música, medite, se exercite;  o que quer que seja que você venha a fazer, não fique sentado por ali, olhando para o problema.  Mas, não dê telefonemas, não vá a uma festa; se você for, as palavras de outras pessoas entrarão no texto no lugar das suas palavras perdidas.   Abra um espaço para elas.  Seja paciente.

10 – Esteja pronto para qualquer coisa.  Cada história tem requerimentos próprios e talvez haja razões para quebrar estas ou quaisquer outras regras.  Exceto regra número um:  você não pode se dar de corpo e alma à literatura se você está pensando no seu imposto de renda. 

Chico Bento escreve à noite, ilustração Maurício de Sousa.

Michael Moorcock

 

Michael Moorcock,  nascido em Londres em 1939, é um escritor britânico de ficção científica e fantasia e também autor de diversos romances literários.

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1 – Minha primeira regra me foi dada por TH White, autor de The Sword in the Stone e outras fantasias do Rei Artur: Leia.  Leia tudo o que cair nas suas mãos.   Sempre aconselho a quem quer escrever em fantasia ou ficção científica ou romance que pare de ler tudo nesses gêneros e comece a ler todo o resto de Bunyan a Byatt.

2 – Escolha um autor a quem você admire ( no meu caso foi Conrad) e copie suas tramas e personagens para fazer sua própria história, da mesma maneira que as pessoas aprendem a desenhar e pintar copiando os velhos mestres da pintura.

3 – Apresente seus principais personagens e temas no primeiro terço do romance.

4 – Se você está escrevendo em um gênero que é desenvolvido pela trama, não deixe de apresentar todos os temas e elementos da trama no primeiro terço do livro: a introdução.

5 — Desenvolva seus temas e personagens no segundo terço: o desenvolvimento.

6 – Ache a resolução dos seus temas, mistérios e tudo o mais no último terço: a solução.

7 – Para um bom melodrama estude o famoso Lester Dent master plot formula que você encontra na internet.  Foi escrito para mostrar como você escreve um conto para publicações populares mas que pode ser adaptado com sucesso para qualquer história de qualquer tamanho ou gênero.

8 – Se possível ponha alguma ação enquanto seus personagens estão fazendo uma exposição ou filosofando.  Isso ajuda a manter a tensão dramática.

9 – Manter atração:  faça seus personagens serem perseguidos ( por uma obsessão ou por um vilão) e eles mesmos perseguindo (uma idéia, um objeto, um pessoa ou um mistério).

10 – ignore todas as regras e crie suas próprias regras, para que se adquem ao que você tem a dizer.

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 Michael Morpurgo

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Michael Andrew Bridge Morpurgo, OBE FKC AKC , nasceu em 1943 na Inglaterra.  Ele é um romancista, poeta, dramaturgo, libretista ( autor de librettos de ópera e outros musicais), e mais conhecido ainda por seus livros infanto-juvenis. 

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1 – Meu pré-requisito é manter meu poço de idéias cheio.  Isso quer dizer viver uma vida cheia, com bastante variedade e ter minhas antenas ligadas o tempo todo.

2 – Ted Hughes me deu este conselho e funciona as mil maravilhas:  anote momentos, impressões passageiras, diálogos ouvidos, sua própria tristeza, encantamento e alegrias.

3 — Para mim a idéia de uma história é a confluência de eventos reais, talvez históricos ou da minha própria memória para criar um fusão excitante.

4  — O que conta é o periodo de gestação.

5 —  Com o esqueleto da história completo começo a falar sobre ele, principalmente para Clare, minha esposa, fazendo o teste com ela.

6 – Quando chega a hora de eu me senta e encarar a página em branco eu pronto para a partida.  Eu conto a história como se eu a tivesse contando para o meu melhor amigo, ou para um de meus netos.

7 – Com um capítulo escrito no primeiro rascunho/esboço  – escrevo com letra bem miúda para que eu não tenha que mudar de página  e ter que olhar para uma próxima página em branco – Clare digita no computador, imprime, às vezes adicionando seus comentários.

8 – Quando estou muito envolvido com uma história – vivendo-a à medida que escrevo – sinceramente não sei o que irá acontecer. Eu tento não direcioná-la, não ter o papel de Deus.

9 – Quando o livro está acabado, no seu primeiro rascunho, eu o leio em voz alta para mim mesmo.  Como ele soa aos meus ouvidos é tremendamente importante.

10 – Com a edição, não importa quão delicada – e eu tenho tido muita sorte aqui – não reajo muito bem no início, mas aí eu me acalmo e mando a bola para frente, e um ano mais tarde tenho o livro em minhas mãos.  

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Mercador oferece manuscrito para Margarida,  ilustração Walt Disney.

Andrew Motion

 

Sir Andrew Motion, FRSL, nasceu em 1952 na Inglaterra: poeta, romancista e biógrafo.  Foi   Poet Laureate  na Grã- Bretanha de 1999 a 2009.

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1 – Decida quando no dia ou na noite é a melhor hora para você escrever e organize a sua vida de acordo com essa decisão.

2 – Pense com os seus sentidos além do seu cérebro.

3 – Honre o milagroso no comum.

4 —  Tranque personagens/ elementos diferentes numa sala e diga a eles para se comunicarem.

5 – Lembre-se de que não há essa coisa que se chama de nonsense.

6 – Lembre-se da expressão de Oscar Wilde “ só o que é  medíocre se desenvolve – e faça disso seu desafio.

7 – Dê um tempo ao seu trabalho antes de decidir se vale ele vale a pena ou não.

8 – Pense grande, mas atento aos detalhes.

9 – Escreva para o amanhã, não para o dia de hoje.

10 – Trabalhe muito.

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Joyce Carol Oates

 

Joyce Carol Oates, também conhecida como “JCO”, nascida em 1938, é uma escritora americana, autora de romances de importância da atualidade americana.  Detentora dos prêmios norte-americanos National Book Award e o The Pen/Malamud Award for Excelllence in Short Fiction.

1 – Não tente antecipar o seu “leitor ideal” – talvez haja um, mas ele ou ela estão lendo um outro autor.

2 – Não tente antecipar o seu “leitor ideal” – exceto por você mesmo, talvez, em algum ponto do futuro.

3 – Seja seu próprio critico/editor.  Leia com simpatia, mas sem piedade.

 4 – A não ser que você esteja escrevendo uma coisa muito avant-guarde – rosnados, resmungos, tudo obscuro – lembre-se da possibilidade de usar parágrafos.

5 —  A não ser que você esteja escrevendo alguma coisa muito pós-moderno – muito auto consciente, auto-reflexivo, e “provocador” – lembre-se  de usar palavras comuns, familiares a todos, ao invés das “grandes” palavras, polissilábicas.

6 – Lembre-se de Oscar Wilde:  “ um pouco de sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade   é completamente fatal”.

7 – Mantenha um coração leve e esperançoso.  Mas, — espere pelo pior.

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Pato Donald, o jornalista de A PATADA, anota suas observações,  Ilustração Walt Disney.

Annie Proulx

Edna Annie Proulx, nascida em Connecticut nos EUA, em 1935 é uma escritora e jornalista norte-americana, de origem franco-canadense.  

1 – Proceda com vagar e cuidadosamente.

2 — Para ter certeza de que você trabalha devagar, escreva à mão.

3 – Escreva devagar e à mão só os assuntos que são do seu interesse.

4 – Desenvolva a arte de escrever através de anos de leitura variada.

5 – Re-escreva e faça a edição até que você consiga a melhor frase, sentença, parágrafo, página, história, capítulo.

Philip Pullman

Philip Pullman nascido nma Inglaterra em 1946 é um escritor de renome internacional, conhecido primeiramente pela trilogia Fronteiras do Universo (A Bússola de Ouro, A Faca Sutil e A Luneta Âmbar). A série já ganhou vários prêmios de literatura no mundo.

A minha regra é não dizer nada sobre coisas como essa, que me tentam a deixar o meu trabalho de lado.

Ian Rankin

 Ian Rankin nasceu em 1960 em Fife na Escócia.  Psudônimo:  Jack Harvey.  Romancista e escritor de mistérios, autor da série do Inspetor Rebus.  Escreve também crítica literária.

 1 – Leia muito.

2 – Escreva muito.

3 – Aprenda a se auto-criticar.

4 – Aprenda a que críticas aceitar.

5 – Tenha persistência.

6 —  tenha uma história que valha a pena contar.

7 – Não desista.

8 – Conheça o mercado.

9 – Tenha sorte.

10 – Mantenha-se sortudo.

 

Amadeu escrevendo seu romance é interrompido por Pateta, ilustração Walt Disney.

Will Self

William Woodard “Will” Self nascido em 1961 é um romancista ingles, critico literário,  e colunista para jornais.  Conhecido principalmente por seus romances e contos  fantásticos e satíricos.

1 – Não olhe para trás até que você tenha escrito o primeiro rascunho, total.  Comece cada dia com a última sentença que escrevei no dia anterior.  Isso previne que você tenha sentimentos críticos e também faz com que você tenha um número substantivo de páginas para trabalhar quando o verdadeiro trabalho começa que é….

2 – Editar.

3 –  Sempre leve consigo um caderno de notas.  E isso quer dizer sempre.  A memória retém informação só por três minutos; a não ser que esteja gravada no papel, você poderá perder uma idéia para sempre. 

4 –  Pare de ler ficção – é mesmo tudo mentira, não lhe dirá nada que você não saiba (assumindo é claro que você já tenha lido muito de ficção no passado;  se você não leu, você não tem nada que estar pensando em se tornar um romancista).

5 – Conhece aquela sensação de doentia de se sentir inadequado, de se export demais que se tem ao ler a nossa prosa?  Relaxe sabendo que essa sensação jamais o deixará, independente do seu grau de sucesso e de aprovação publica.  É uma sensação intrínseca do negócio de escrever e deve ser apreciada.

6 –  Viva a vida e escreva sobre a vida.  O processo de fazer um livro é infinito, mas há mais do que o suficiente de livros sobre livros.

7 – Do mesmo modo, lembre-se de quanto tempo as pessoas passam vendo tv.  Se você está escrevendo um romance situado no mundo contemporâneo, há de haver longas passagens em que nada acontece exceto ver televisão:  “Mais tarde, George assistiu ao Grand Designs enquanto petiscava HobNobs.  Mas tarde ainda ele viu o canal de vendas por algum tempo…”

8 – A vida do escritor é essencialmente uma vida de prisão solitária – se você naão gosta disso  não precisa se candidatar.

9 – Ah, e não esqueça de uma surra vez por outra admnistrada pelos sádicos guardas  da imaginação. 

10 —  Considere-se como uma pequena empresa.  Deixe de lado exercícios de grupo (longos passeios a pé).  Faça uma festa de Natal todos os anos em que você fica num canto do seu escritório,  gritando em voz alta para si mesmo enquanto bebe um garrafa de vinho branco.  Depois, masturbe-se embaixo da mesa de trabalho.  No dia seguinte você se terá uma profunda e coerente sensação de embaraço.

Helen Simpson

 

Helen Simpson é uma escritora inglesa nascida em Bristol em 1959.  Trabalho na revista Vogue por cinco anos antes de se lançar como escritora de romances e contos. 

O que tenho de mais próximo de regras é uma notinha colada na parede na frente da minha escrivaninha que diz: “Faire et se taire” ( Flaubert), que eu traduziria para” Cale-se e faça”.

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Zadie Smith

 

Zadie Smith , nascida em 1975 em  Londres. É uma escritora inglesa.  Tem três romances publicados e inúmeros contos, pelos quais já foi considerada uma das mais importantes escritoras inglesas da atualidade.

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1 – Em criança, leia muitos livros.  Faça mais isso do que qualquer outra coisa.

2 —  Como adulto, tente ler seus próprios livros como se fosse uma pessoa estranha, ou melhor ainda, como um inimigo os leria. 

3 – Não faça um romance da sua vocação.  Ou você sabe escrever boas frases, ou não sabe.  Não há “estilo de vida de escritor”.  O mais importante é o que você deixa na página.

4 – Evite os seus pontos fracos.  Mas faça-o sem dizer para  si mesmo que o que você não sabe fazer não vale a pena ser feito.  Não mascare a sua insegurança com desdém.

5  — Dê um bom tempo entre escrever o texto e editá-lo.

6 – Evite, grupos, grupinhos, gangues.  A presença de um grupo não fará o seu texto melhor do que é.

7 – Trabalhe num computador que esteja sem conexão de internet.

8 – Proteja a hora e o espaço em que você escreve.  Mantenha todo mundo longe, até mesmo as pessoas mais importantes para você.

9 – Não confunda homenagens com realizações.

10 – Diga a verdade através de qualquer ângulo que lhe apareça, mas diga-a.  Resigne-se à tristeza de uma  vida inteira em que não se está nunca satisfeito.

Ilustração, Luluzinha escreve cartas, 1987.

Colm Tóibín

 

Colm Tóibín, é um escritor irlandês, nascido em 1955 que trabalha como romancista,  jornalista e crítico literário.

1 – Acabe tudo o que começar.

2 – Siga em frente.

3 – Fique com seu pajama mental o dia inteiro.

4 – Pare de se sentir um pobre coitado.

5  — Nem álcool, nem sexo, nem drogas enquanto escreve.

6 —  Trabalhe de manhã, faça uma pequena pausa para o almoço, trabalhe à tarde e aí veja as notícias das 18:00 horas e depois volte a trabalhar até a hora de dormir.  Antes de dormir, ouça Schubert, algumas canções.

7 – Se você tiver que ler, para se alegrar, leia biografias de escritores que ficaram loucos.

8 – Aos sábados, você pode ver um filme antigo de Bergman, de preferência Persona ou Sonata de outono

9 – Nenhuma viagem a Londres.

10 – Nenhuma viagem a qualquer outro lugar.–

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Rose Tremain

 

Rose Tremain é uma escritora inglesa, nascida em Londres em 1943;  conhecida por seus romances, contos e sua dramaturgia. Vive em Norfolk, Londres, no Reino Unido.

1 – Esqueça a máxima antiga “escreva sobre o que conhece”.  Ao invés, procure pelo desconhecido e ainda pelo conhecimento da experiência que vai aumentar o seu entendimento do mundo e do que você escreve.

2 – Não obstante, lembre-se de que é na particularidade da sua própria vida que se encontra a semente que irá alimentar o seu trabalho imaginativo.  De modo que não jogue tudo na sua autobiografia.  (Ainda mais que já há bastante autobiografias de escritores).

3 —  Nunca se satisfaça com o primeiro rascunho, na verdade não se satisfaça nunca com o seu texto, até que você esteja convencido de que está tão bom quanto o poder finito que você tem de  deixá-lo melhor. 

4 – Ouça a crítica e as preferências dos seus confiáveis  “primeiros leitores”.

5 – Quando uma ideia lhe vier à mente, passe algum tempo com ela, em silencio.  Lembre-se da idéia de Keats da capacidade negativa e do conselho de Kipling  de “ vagar, esperar e obedecer”.  Junto com a pesquisa de dados permita-se sonhar a sua idéia fazendo-a real.

6 – No planejamento de um livro, não planeje o fim.  Ele precisa se desenvolver por tudo o que veio antes.

7 – Respeite a maneira como os personagens podem mudar depois que você estivar com umas 50 páginas escritas.   Reveja o seu plano original nessa hora e veja se alguma coisa não precisa ser alterada para que  essas mudanças se desenvolvam.

8 – Se você está escrevendo ficção histórica,  não tenha personagens conhecidos, reais, como seus protagonistas.  Isso só irá trazer dificuldades biográficas aos lietores e mandá-los de volta aos livros de história.  Se você precisa escrever sobre gente real,  então faça alguma coisa pós-moderna e criativa com eles.

9 – Aprenda com o cinema.  Seja econômico nas suas descrições.  Separe os detalhes significativos dos que não tem vida própria.  Escreva um dialogo que as pessoas falariam. 

10 – Nunca comece um livro quando você quer começá-lo, mas espere um pouco mais de tempo. 

Margarida prepara a máquina de escrever, ilustração Walt Disney.

Sarah Waters

 

Sarah Waters  nasceu em Pembrokeshire, País de Gales, em 1966.  Ela é uma escritora britânica, conhecida principalmente por seus romances históricos baseados na época da rainha Vitória.  Mora em Londres.  

1 – Leia como um louco.  Mas tente fazê-lo de maneira analítica – o que pode ser muito difícil porque quanto melhor e fascinante um romance é, menos você reconhecerá suas ferramentas.  Mas vale a pena tentar descobri-los porque podem vir a ser de uso para o seu próprio trabalho.  Também acho assistir a filmes muito instrutivo.  Quase todos os filmes de sucesso de bilheteria de Hollywood são longos e pesados.  Tente visualizar como os filmes seriam bem melhores se fossem submetidos s cortes radicais.  Este é um bom exercício na arte de contar histórias.  O que me leva a ….

2 – Corte como um louco.  Quanto menos, melhor.  Frequentemente leio manuscritos – inclusive os meus – que quando chego ao capítulo dois, penso:  “Era aqui que este romance deveria ter começado”.  Uma quantidade enorme sobre o personagem e seu passado podem ser transmitidos através de pequenos detalhes.    A ligação emocional que você tem com uma cena ou um capítulo perde a cor a medida que você entra em outras histórias.  Seja bastante frio a respeito.  Na verdade…

3 – Trate a escrita como um negócio.    Tenha disciplina.  Muitos escritores  chegam a ficar obsessivos- compulsivos a este respeito.  Graham Greene ficou famoso por escrever 500 palavras por dia.  Jean Plaidy conseguia 5.000  antes do almoço, e depois passava a tarde respondendo às cartas de seus fãs.   Meu mínimo é 1.000 palavras por dia – o que às vezes é fácil de atingir, e às vezes, francamente, é difícil, but eu me forço a ficar na minha escrivaninha até chegar lá, porque eu sei que fazendo isso estou empurrando milimetricamente o livro à frente.   Aquelas 1.000 palavras podem vir a ser lixo – e o são muitas vezes.  Mas  então, é sempre mais fácil, mais tarde, voltar ao lixo e transformá-lo em algo melhor.

4 – Escrever ficção não é auto-espressão ou terapia.  Romances são feitos para leitores, e escrevê-los significa uma construção de efeitos feita com altruísmo, paciência e arte.  Imagino os meus romances como aqueles brinquedos num parque de diversões:  minha tarefa é amarrar o leitor naquele carrinho, no início do primeiro capítulo, então dirigir e deslizá-lo através das cenas e surpresas, num passeio cuidadosamente planejado, e num ritmo afiado.

5 – Respeite os seus personagens, mesmo os de menos importância.   Na arte, assim como na vida, cada qual é o herói de sua própria história; é importante pensar sobre as histórias de seus personagens menos importantes, mesmo que eles não cruzem muito com seu protagonista.    Mas por isso mesmo…

6 – Não encha de personagens demais sua narrativa.  Personagens devem ser individualizados, mas ficcionais – como figuras num quadro.  Pense em no quadro Jerônimo Bosch A coroação de espinhos, em que um Jesus paciente e sofredor está cercado de quatro homens ameaçadores.   Cada um desses personagens é único, e ,no entanto, cada qual representa um tipo; e coletivamente eles formam uma narrativa que é ainda de maior impacto por estarem tão juntas e construídas tão economicamente.  Num tema semelhante….

7 – Não escreva demais.  Evite frases redundantes, adjetivo que distraiam, e advérbios desnecessários.  Iniciantes, principalmente, parecem acreditar que escrever ficção requer uma prosa rebuscada, completamente diferente de qualquer tipo de linguagem que uma pessoa possa encontrar no dia a dia.  Isto é um conceito errôneo sobre efeitos produzidos pela ficção, e podem desaparecer se observarmos a regra número um.   Ler alguns textos de Colm Tóibín ou Cormac McCarthy, por exemplo, é descobrir como um vocabulário deliberadamente restrito pode produzir um impacto emocional surpreendente.

8 – Ritmo é crucial.  Boa prosa não é suficiente.  Estudantes são capazes de criar uma única página de prosa muito bem trabalhada;  o que eles às vezes deixam a desejar é na habilidade de levar o leitor na jornada, com todas as mudanças de terreno, velocidade e atmosfera que aparecem em uma longa viagem.   De novo, acho que a ajuda pode vir do cinema.   A maioria dos romances tem uma maneira de se mover mais perto, de se estender,  de ir para trás, ir à  frente, de maneira bastante cinematográfica.  

9 – Não entre em pânico.  No meio do caminho de um romance, eu já sofri momentos de grande ansiedade, quando contemplava  a tela à minha frente e via além, numa sucessão, as críticas negativas,  o embaraço dos amigos, a carreira dando para trás,  o dinheiro diminuindo, a casa hipotecada, o divórcio…  Trabalhar obstinadamente através de crises como estas, no entanto, sempre me levou ao final.  Deixar a sua mesa de trabalho por um tempo pode ajudar. Conversar sobre o problema pode me lembrar de onde eu queria chegar antes de parar.   Dar uma longa volta a pé quase sempre me ajuda a pensar sobre o meu manuscrito de uma maneira diferente.  E se tudo isso não der certo, há sempre a oração.  São Francisco de Sales, o patrono dos escritores, tem me ajudado nos momentos de crise.  Se você quiser algo ainda mais geral, pode pedir a Calíope, a musa da poesia épica. 

10 – O talento vence sempre.  Se você é um grande escritor, nenhuma dessas regras serão necessárias.  Se James Baldwin tivesse achado que era necessário abreviar o ritmo um pouco, talvez ele não tivesse chegado a intensidade lírica de Giovanni’s Room.  Sem a prosa “trabalhada”  não teríamos tido a exuberância lingüística de Dickens ou de Angela Carter.  Se todo mundo fosse econômico com seus personagens, não haveria Wolf Hall…  Mas, para nós, os outros, as regras são necessárias.  E, especialmente, só entendendo porque elas existem e como elas funcionam você pode experimentar e quem sabe quebrá-las.

Jeanette Winterson

 

Jeanette Winterson, nasceu em Manchester, na Inglaterra em 1959.   Escritora de romances, contos, colunista para diversos jornais britânicos e dramaturga.

1 – Trabalhe diariamente.  A disciplina permite a liberdade criativa.   Nenhuma disciplina é igual à liberdade.

2 – Nunca pare quando você tem um bloqueio.  Talvez você não resolva o problema, mas  puxe-o de lado e escreva alguma outra coisa.  Não pare de vez.

3 – Ame o que você faz.

4 – Seja honesto com você mesmo.  Se você não for tão bom, aceite esse fato.  Se o trabalho que você está fazendo não é tão bom, aceite esse fato.

5 –  Não insista num trabalho pobre.  Se já era ruim quando foi para a gaveta, continuará a ser ruim quando sair dela.

6 – Não preste atenção a quem você não respeita.

7 – Não preste atenção a ninguém que tenha uma agenda de gênero.  Muitos homens ainda acham que mulheres não tem uma imaginação fogosa.

8 – Seja ambicioso pelo trabalho e não pela recompensa.

9 – Confie na sua criatividade. 

10 – Aprecie o seu trabalho.





Vamos dar a volta ao mundo com um romance policial?

28 07 2008

 

Esta postagem é baseada no artigo Crime fiction: Around the world in 80 sleuths [Romance policial: a volta ao mundo com 80 detetives] de Jonathan Gibbs.  Que saiu na terça-feira passada, dia 22/7/2008, no The Independent, na Grã-Bretanha.

 

Como sabemos a Europa está entrando de férias – o mês mais popular para férias UE é agosto.  Assim, Jonathan Gibbs, nos dá a idéia de viajarmos pelo mundo com os nossos detetives, sem sair de casa, economizando não só a preciosa gasolina, mas aprendendo sobre mais lugares do que uma viagem faria possível.   A lista é longa.  Fiz uma busca na internet onde encontrei diversos livros em português.  Mesmo sem passarmos por 80 detetives, podemos dar a volta ao mundo.

 

 

E você, pensando em tirar férias?

 

 

Explicação dos códigos de cores:

 

Azul: país ou cidade que visitamos. 

 

Verde: título da obra.  Sempre que possível a sugerida.  Se não é possível mas existe outro livro do autor em português colocamos o título aqui e mencionamos o livro sugerido que ainda não está traduzido.

 

Cinza claro:  Nenhuma obra do autor encontrada em português.  Mas mantive aqui na lista para aqueles que lêem também em inglês e que gostariam da sugestão.

 

NB: se a obra não existe no Brasil, mas descobrimos que existe em Portugal, coloquei aqui a versão portuguesa.

 

 

 

Vamos viajar:

 

1. Groenlândia: assassinato em Copenhaguem.  Mas Smilla Jaspersen  vai até a costa na busca do assassino no livro de Peter Hoeg.  [Senhorita Smila e o Sentido da Neve, Companhia das Letras: 1994] 

 

2. Reikjavik: Arnaldur Indridason com seu inspetor  Erlendur dá o tom à Escandinávia.

[A cidade dos vidros, Record: 2008]

 

3. Ilhas Shetland: Ann Cleeves, sem tradução para o português.  Sugestão: Read ‘Raven Black’ (Ed. Pan)

 

4. Glasgow:  Sem tradução para o português.  Sugestão: ‘Garnethill’ (Bantam Ed.)

 

5. Edinburgo: Inspetor Rebus, de Ian Rankin passa seu tempo nesta cidade.  [Questão de sangue, Companhia das Letras: 2007]  Sugestão: ‘Knots and Crosses’ (Orion Ed.)

 

6. Irlanda do Norte: Sem tradução para o português.  Irlanda do Norte é o  local  onde o bibliotecário Israel Armstrong decifra os mistérios, criados por Ian Samson.  Sugestão: ‘The Case of the Missing Books’ (4th Estate)

 

7. Irlanda Rural ou o Interior da Irlanda: Leonie Swann é o escritor que recomendam nesta área.  A Editora Rocco estava programada para lançar um livro no segundo semestre de 2007 – o primeiro deste autor no Brasil – mas até agora este lançamento não aconteceu.  Sugestão:  ‘Three Bags Full’ (Ed Black Swan)

 

8. Dublim:  Autor: Declan Hughes.  Até agora sem tradução para o português.  Sugestão: ‘The Wrong Kind of Blood’ (John Murray)

 

9. Yorkshire: Autor:  Wilkie Collins, A Pedra da Lua, Record: 2001

 

10. South Wales  Autor:  Robert Lewis. Até agora sem tradução para o português.   Sugestão: ‘The Last Llanelli Train’ (Serpent’s Tail)

 

11. Oxford Autor: Colin Dexter, O assassinato no canal de Oxford, Paulicéia: 1991

 

12. Londres: Autor: Derek Raymond, também conhecido como Robin Cook.  Diversos títulos em português. 

 

13. Brighton  Autor: Peter James Até agora sem tradução para o português.   Sugestão: ‘Dead Simple’ (Pan)

 

14. Normandia: Georges Simenon, Maigret e a velha senhora, Livros do Brasil: 1995; Diversos títulos em português. 

 

15. Paris: para ler alguém além de Maigret, procure pelo Inspector Adamsberg nos livros de Fred Vargas, O homem dos círculos azuis, Editora Cia das Letras, 2006.  Outros títulos em português.

 

16. Galicia:  policial Leo Caldas é o herói deste escritor noire Domingo Villar. Sugestão: ‘Water-Blue Eyes’ (Arcadia)

 

17. Lisboa: o inglês Robert Wilson criou o Inspetor Zé Coelho no Portugal de hoje em:  Uma pequena morte em Lisboa, Editora Record, 2002.

 

18. Madrid: livros de Rafael Reig . Sugestão: ‘Blood on the Saddle’ (Serpent’s Tail)

 

19. Marselha: escritor Jean-Claude Izzo, histórias de guangues organizadas ou desorganizadas.  Inspetor Montale resolve.  Caos total Editora Record, 2002. Outros títulos em português.

 

20. Berna, Suiça: escritor, Friedrich Glauser tem o seu personagem Sargento Studer resolver crimes nos Alpes.  Sugestão: In Matto’s Realm (Bitter Lemon Press)

 

21. Meiringen, Suiça.  Arthur Conan-Doyle, Memórias de Sherlock Holmes.  Há duas edições brasileiras no momento. Editora Martin Claret, 2005  e também Editora LP&M , 2005.

 

22. Toscana: autor Michele Giuttari com seu super chefe de policia Michele. Sugestão:

‘A Florentine Death’ (Abacus)

23. Roma.  A sugestão Cabal não está traduzida.  Mas de Michael Dibdin em português temos; Vendetta, Editora Cia das Letras, 1998. [infelizmente não se passa em Roma]

 

24. Sicilia:  Andrea Camilleri velho conhecido dos brasileiros apresentou seu Inspetor Montalbano  neste livro:  A forma da água, Editora Record, 1999 .  Muitos outros títulos em português.

 

25. Atenas: Inspetor Costas Haritos, criação do autor Petros Markaris, nos mostra uma Grécia que os turistas não vêem.  Nenhuma tradução no Brasil. Uma em Portugal: Jornal da Noite, Editora Asa, 2006. Sugestão dada: ‘Zone Defence’ (Vintage)

 

26. Áustria  Paulus Hochgatterer leva o crime aos Alpes austríacos.  Sugestão: ‘The Sweetness of Life’ (Quercus)

 

27. Praga:  Pavel Kohout. Sugestão: ‘The Widow Killer’ (Picador US)

 

28. Frankfurt: o escritor  Jakob Arjouni, criou o grande detective turco Kemal Kayankaya e seus livros tem um ritmo frenético.  Kismet, Editora Best Seller, 2002.  Sugestão: ‘Happy Birthday, Turk’ (No Exit Press)

 

29. Amsterdã:  Inspetor Piet Van der Valk aparece no livro de Nicolas Freeling, Por causa das gatas, Editora Edameris, 1967.  Há muitos outros livros deste autor em português – autor publicado nos anos 60 e 70.  

 

30. Berlim:  Na  lista de super detetives precisa estar  Emil Tischbein, criação de Erich Kästner.  Sugestão: ‘Emil and the Detectives’ (Red Fox)

 

31. Breslau, Polônia:  Qualquer um dos 4 livros de  Marek Krajewskis com o Inspetor Eberhard Mock.  Sugestão ‘Death in Breslau’,  (published in translation by Quercus)

 

32. Königsberg, Prússia, autor: Michael Gregório e seu herói Hanno Stiffeniis.  Crítica da razão criminosa,  Editora Paneta do Brasil: 2006

 

33. Ystad, Suécia,  Inspeor Wallander em Ystad, mostra a popularidade Henning Mankell, responsável por grande crescimento na ficção criminalística da Escandinávia. Assassinos sem rosto, Editora Cia das Letras: 2001. Outros livros do autor em português.

 

34. Copenhagem; Per Toftlund  é o detective do autor Leif Davidsen.   Sugestão: The Serbian Dane’ (Arcadia)

 

35. Noruega.  Karin Fossum criou o Inspetor.  Só em Portugal: O Olhar de um desconhecido, Editora Presença, 2005

 

36. Lapônia: Kerstin Ekman criou o Inspetor Torsson, que anda de skis. Sugestão:

‘Blackwater’ (Picador)

 

37. Helsinki O autor Matti Joensuu colocou o detetive, finlandês,  Inspetor Harjunpaa, no mapa mundial.  Sugestão: ‘The Priest of Evil’ (Arcadia)

 

38. São Petersburgo, Rússia: Leia do autor inglês, R.N. Morris as aventuras do detetive Porfírio Petrovich, criado por Dostoevisky em Crime e Castigo. 

O machado gentil, Editora Planeta do Brasil: 2007

 

39. Moscou: Não histórias passadas na Rússia contemporânea.  Mas Boris Akunin  faz a gente se esquecer disto com seus romances policiais.  Leia:  Rainha do inverno, Editora Objetiva: 2003.  Há outros títulos do autor no Brasil.

 

40. Istambul: autora inglesa cujos livros se baseiam na Turquia.  Sugestão:

‘Belshazzar’s Daughter’ (Headline)

 

41. Alaska: o autor americano Michael Chabon tem no Detective Meyer Landsman um policial intenso.  Só encontrei deste autor em português: Garotos incríveis, Editora Record: 2000.  A sugestão havia sido ‘The Yiddish Policemen’s Union’ (Harper)

 

 

42. Honolulu: Só há um grande detective havaiano, e seis livros de suas aventuras.  O autor é  Earl Derr Biggers e o detective: Charlie Chan com sua grande gfamília de 14 filhos. [apesar de eu ter lido Charlie Chan em português ainda jovem, não encontrei nenhuma edição brasileira no momento].  Em Portugal seus livros estão circulando. A casa sem chaves, Editora Livros do Brasil: 1991.  Há outros títulos em Portugal também, pela mesma editora.

 

43. Seattle: GM Ford.  Sugestão: ‘Fury’ (Pan)

 

44. São Francisco – Sugestão: Cinnamon Kiss (Phoenix), não existe ainda no Mercado brasileiro, mas há diversos outros livros de Walter Mosley em português.

 

45. Los Angeles James Ellroy criou o Detetive Lloyd Hopkins, que exemplifica seu trabalho.  Los Angeles, cidade proibida, Record, 1997. Há outros títulos do mesmo autor em português.

 

46. Las Vegas, o divertido livro de CaroleDouglas:  ‘Catnap’ (Forge)

 

47. Chicago: a autora Sara Paretsky já fartamente conhecida no Brasil é a recomendada.   No ardor das chamas, Editora Rocco, 2001.

 

48. Ontario:  o canadense  sempre coloca suas histórias no frio do Canada.  Sugestão: ‘Forty Words For Sorrow’ (Harper)

 

49. Montreal: Kathy Reichs, Segunda-feira de luto, Editora Ediouro: 2006. Sugestão feita: ‘Déjà Dead’ (Arrow)

 

50. West Point, New York  o romance de época de Louis Bayard, O pálido olho azul, Editora Planeta do Brasil, 2007.

 

51. Massachusetts: A série de Jesse Stone, que se passa na pequena cidade de  Paraíso, é produto da mente de Robert B Parker.  Seus livros só encontrei em português de Portugal, pela Editora Europa-America.  Entre diversos títulos não achei a Sugestão: ‘Night Passage’ (No Exit Press)

 

52. Nova York: descubra  Rex Stout.  Seus romances são liderados pelo detetive Nero Wolfe.  Apesar de diversos títulos existirem no Brasil, o livro recomendado, só aparece na internet com a edição de Portugal.  Orquídeas Negras, Editora Livros do Brasil: 1997.

 

53. Brooklyn: Jonathan Lethem escreveu este livro de suspense com um detetive Amador com a syndrome de Tourette.   Ótimo livro fora dos padrões.  Brooklyn sem pai nem mãe, Editora Cia das Letras, 2002.

 

54. Washington DC é território de George Pelecanos que escreveu uma dúzia de livros passados nesta capital.  Sugestão: ‘The Big Blowdown’ (Serpent’s Tail) . Não achei, mas há diversos títulos traduzidos para o português.

 

55. New Orleans: Dave Robicheaux Sugestão: ‘Heaven’s Prisoners’ (Phoenix)

 

56. Miami: Nick Stone  e seu Max Mingus.  Sugestão: ‘Mr Clarinet’ (Penguin)

 

57. Havana: Leonardo Padura fez seu herói o detective cubano Mario Conde, conhecido no mundo.  Sugestão: ‘Havana Blue’ (Bitter Lemon)

 

58. México: Paco Ignacio Taibo II é o escritor policial do México.  Conheça: Mortos incômodos, falta o que falta, Editora Planeta do Brasil: 2002

 

59. Caribe: na falta de autores locais, a sugestão feita foi o livro de Agatha Christie, O mistério no Caribe, Editora LP&M: 2007, estreando Miss Marple.

 

60. Rio de Janeiro: Inspetor Espinosa de Luiz Alfredo Garcia-Roza foi sugerido com o título: O silêncio da chuva, Editora Cia das Letras: 2000; ou Editora Cia de Bolso: 2005 

 

 

 

61. Buenos Aires: Manuel Vazquez Montalban fez desta cidade a localização do maravilhoso policial: O quinteto de Buenos Aires, Editora Cia das Letras: 2000.  

 

62. Marrocos: Abdelilah Hamdouchi é o primeiro autor árabe do gênero policial a ser traduzido para o ingles.  Sugestão: ‘The Final Bet’ (Modern Arabic Literature)

 

63. Argel:  Yasmina Khadra em geral tem suas histórias passadas em Cabul.  Mas em Double Blank (Toby Press) a localização é a cidade de Argel.  Outros livros deste autor podem ser encontrados em  português.

 

64. Israel: Os romances deste herói, Omar Yussef, professor de história, são muito interessantes pelo conteúdo, leia de Matt Rees, O traidor de Belém, Editora Planeta do Brasil: 2007.

 

65. Egito: Voltamos a Agatha Christie com Morte no Nilo, Editora Nova Fronteira: 2006. Um clássico com Hercule Poirot.

 

66. Jeddah: Zoë Ferrari: Sugestão ‘The Night of the Mi’raj’ (Little, Brown)

 

67. Botsuana, o maravilhoso  Alexander McCall-Smith é o autor do livro recomendado:  Agencia n° 1 de mulheres detetives, Editora Cia das Letras: 2003.

 

68. Mumbai Vickam Chandra.  Sugestão: ‘Sacred Games’ (Faber)

 

69. Calcutá:  Satyajit Ray mais conhecido pelos seus filmes é também autor.  Sugestão:   ‘The Adventures of Feluda’ (Puffin)

 

70. Mongólia:  Michael Walters: Sugestão, ‘The Shadow Walker’ (Quercus)

 

71. Mar de Bering: Nada melhor do que Estrela Polar, Editora Record: 1989 de Martin Cruz Smith, o livro seqüencia de seu favorito do público Parque Gorki.  Estrela Polar só achei em sebos, parece estar esgotado. Há outros livros do autor em tradução.

 

72. Beijing: Diane Wei Liang, O olho de jade, Editora Record: 2008 criou a detetive Mei Wang.  A recente publicação no Brasil nos deixa ver um pouquinho da China atual.

 

73. Tokyo:  há alguns detetives japoneses, mas para um tradicional livro policial passado no Japão sugestão:  David Peace, Ano zero, primeiro volume da trilogia.  Recentemente traduzido para o português, publicado em Portugal: Tóquio, ano zero, Editora Tinta da China: 2008

 

74. Shanghai: Qui Xiaolong criou o Inspetor Chen.  Ótimo retrato da China atual.  Sugestão: ‘Death of a Red Heroine’ (Sceptre)

 

75. Laos: O humor do escritor inglês Colin Cotterill permeia as páginas de seus livros.  Sugestão: ‘The Coroner’s Lunch’ (Quercus)

 

76. Bangcoc: O canadense Christopher G Moore já há tempos é conhecido pelo seu detetive americano na Tailândia.  Sugestão: ‘The Risk of Infidelity Index’ (Atlantic)

 

77. Territórios do Norte [Austrália]: Sugestão: autor australiano Adrian Hyland,  ‘Diamond Dove’ (Quercus)

 

78. Vitória, Austrália: Recomendação: Peter Temple, The Broken Shore.  Deste autor só encontrei um outro livro, em Portugal: Abismo de Sangue, Editora Gótica: 2008.

 

79. Nova Zealândia:  Ngaio Marsh é uma escritora clássica de policiais.  Junto com Christie, Sayers e Allingham é uma das rainhas do crime.  Diversos livros dela se encontram traduzidos e esgotados.  Só encontrados por mim em portal de livros usados. Sugestão: ‘Vintage Murder’ (Harper)

 

80. Polo Sul: Greg Rucka romance gráfico: Whiteout: morte no gelo, Editora Devir: 2007

 

 

Assim termina a nossa lista.  Mesmo sem todos os títulos mencionados, poderemos fazer uma volta ao mundo com estes detetives.  Espero que vocês aproveitem para pegar uma carona.

 

Bon Voyage!