Esmerado: broche de Milton, 600-700 E.C.

23 02 2017

 

 

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Broche de Milton , c. anos 600 a 700

Artista desconhecido

Região de Kent, Inglaterra

Prata, bronze, ouro, granadas e conchas

Victoria & Albert Museum, Londres

 

Esse é um dos mais sofisticados trabalhos de joalheria descobertos desse período, com uma intrigante escolha de materiais e desenho primoroso, decorado por granadas em cloison, nós em filigrana, sobre ouro e conchas. Foi encontrado em 1832, num cemitério em Milton, a oeste de Dorchester-on-Thames.





Esmerado: Cofre Becket, c. 1180-1190

3 01 2017

 

 

2015hx3366_jpg_lCofre, c. 1180-1190

Artesania anônima, origem francesa, de Limoges

Cobre, esmalte em champlevé, cristal, vidro, alma em madeira

Victoria & Albert Museum, Londres

 

 

Thomas Becket foi assassinado em 1170 (29 de dezembro) na catedral de Canterbury onde era arcebispo.  O mandante do crime levado a cabo por quatro cavaleiros da corte foi o Rei Henrique II.  Esse evento foi amplamente noticiado e logo provocou indignação em toda a Europa.  O túmulo de Becket, que foi canonizado em 1173, tornou-se um lugar de peregrinação famoso até, 1538 quando foi destruído, como parte da Dissolução dos Mosteiros,  provocada pelo rei Henrique VIII. As relíquias de Becket  foram muito procuradas e muitas vezes eram alojadas em cofres elaborados, semelhantes a esse.

Este cofre tem como decoração cenas dos últimos momentos da vida de Becket, seu assassinato,  enterro, e a elevação de sua alma ao céu.  Cenas do martírio de Becket foram comuns em Canterbury.

 

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Esmerado: Cálice de cristal de rocha, c. 1230

23 11 2016

 

108894656Cálice  em cristal de rocha montado em prata. No cristal de rocha gravado: Arte Rhéno-Mosan, c. 1230. O pedestal em prata inglesa da época de James I (1566-1625). Altura 11 cm; largura com as alças, 10 cm

 

O bojo do cálice em cristal de rocha está decorado com volutas acabando em pétalas. Este tipo de bojo  também aparece em um pouco mais de uma dúzia de objetos reconhecidos como exemplos de cristal de rocha gravado no ocidente sob a influência dos fatímidas e bizantinos importados da Europa depois dos saques de Cairo em 1062 e de Constantinopla em 1204.

Trabalhos em cristal de rocha decorado com volutas que nos chegam até hoje pertenciam a relicários.  Transformado em cálice montado em pedestal de prata no início do século XVII, esse bojo evidencia um relicário do século XIII, provavelmente  confiscado por Henrique VIII da Inglaterra, durante a dissolução dos mosteiros em 1538. Posteriormente montado em prata. Há semelhantes exemplos na Inglaterra.

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Esmerado: Nau de Santa Úrsula, c. 1500

7 11 2016

 

 

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Nau de Santa Úrsula, c. 1500

Cumbuca de pedra cornelina, ouro, prata e esmalte

Joalheiro desconhecido, 28 cm de largura

Palais de Tau, Reims

 

 

Essa cumbuca de pedra corneliana montada de maneira elaborada em prata dourada foi originalmente decoração de mesa com a função de sustentar utensílios de mesa.  Foi dada a Rainha Ana da Bretanha pelo prefeito de Tours quando ela visitou essa cidade em 1500.  A tampa tem a forma de uma ponte de navio, que se torna interessante pelas diversas figuras pitorescas de pessoas da corte e soldados. Cinco anos mais tarde, essa peça se tornou um relicário, nesse momento as figuras originais foram trocadas por outras em ouro e prata, representando Santa Úrsula e suas companheiras. (representantes das 11.000 [onze mil virgens que a acompanhavam).

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Lenda de Santa Úrsula.  Santa Úrsula é uma das mais antigas santas cristãs.  É uma das santas mártires. Suas datas estão entre o ano 300 e 600 da Era Comum.   Por causa de sua antiguidade, há diversas variações sobre sua vida.  O que todas as lendas têm em comum: Santa Úrsula viajava acompanhada de algumas pessoas, moças virgens.  Onze companheiras, ou onze mil companheiras.  Sua família deve ter sido de origem romano-britânica ou seja das ilhas britânicas sob domínio romano.  Ela estava noiva de um homem importante e viajava para se encontrar com ele. Infelizmente ela e suas companheiras de viagem foram aprisionadas na cidade de Colônia, na atual Alemanha, onde foram cruelmente massacradas e executadas por se recusarem a casar ou copular com os invasores Hunos (tropas de Átila) nômades da região da Ásia Central que haviam invadido a cidade, no século IV.

Alguns historiadores acreditam que ela fazia uma peregrinação pela Europa em direção a Roma, antes de se casar.  Diz-se também que os navios em que elas viajavam ficaram a mercê de um tempestade encalhando longe do porto de destino.  As sobreviventes foram então presas e brutalmente decapitadas. Mas Úrsula, a líder, dizem que foi assassinada por uma flecha vinda do chefe do Hunos.

O dia de Santa Úrsula continua a ser comemorado no mundo inteiro no dia 21 de outubro, ainda que seu dia tenha sido eliminado dos dias dos santos da Igreja Católica, na reforma de 1969, por causa de dúvidas sobre sua existência.  No entanto, ela continua a ser uma santa popular tendo seguidores em quase todos os países do mundo.

As Ilhas Virgens e o Cabo Virgenes ao sul da Argentina foram nomeados pelas virgens mártires de Santa Úrsula.

 





Florença em 1493, Crônica de Nuremberg

14 07 2015

 

 

Nuremberg_chronicles_-_FLORENCIAFlorença, 1493

Xilogravura,

Crônica de Nuremberg

 

A Crônica de Nuremberg é uma famosa publicação em latim, de autoria de Hartmann Schedel (1440-1514), que relata a história do mundo em sete capítulos. Foi publicada em 12 de junho de 1493, poucos anos depois da primeira impressão da Bíblia — conhecida como a Bíblia de Gutenberg —  através dos tipos móveis de Gutenberg, em 1450-55. A Crônica de Nuremberg atingiu logo grande sucesso e teve diversas edições traduzidas imediatamente. Em 23 de dezembro de 1493, seis meses depois de sua primeira edição, por exemplo, já saía publicada em alemão. É o maior livro ilustrado da época, com aproximadamente 1600 xilogravuras. Tornou- se o livro mais difundido dos anos finais do século XV à primeira metade do século XVI. Curiosamente, o grande pintor renascentista alemão Albrecht Dürer, que se tornou um dos maiores gravuristas do mundo, trabalhou como aprendiz nas xilogravuras para esse livro.





Curiosidade: desde quando fazemos ferraduras para os cavalos?

18 04 2015

 

 

Aldir Mendes de Souza (1941-2007)Arando a terraSerigrafia, 2-100,45 x 65 cmArando a terra

Aldir Mendes de Souza (Brasil, 1941-2007)

serigrafia, tiragem de 100, 45 x 65 cm

 

 

O uso do arado no norte da Europa só começa a ser generalizado no início da Idade Média e foi o primeiro dos principais elementos da revolução agrícola da época.  O segundo e o terceiro elementos, que ajudariam nessa revolução da agricultura, e que também auxiliaram nas conquistas militares,  foram os arreios e a ferradura para os cavalos.  Não se sabe a data precisa do uso de ferraduras de ferro.  Ferro era um metal valioso e era, quase sempre, derretido para fazer novos objetos. Estima-se que as ferraduras de ferro, presas com pregos tenham aparecido durante o século IX.





Camille Paglia e o ensino dos clássicos

3 04 2015

 

 

 

Raffaello,_concilio_degli_dei_02O conselho dos deuses, 1518

Rafael Sanzio (Urbino, 1483-1583)

Afresco

Villa Farnesina, Roma

 

 

 

Sean Salai, S. J. — Na sua opinião como classicista, o que os antigos gregos e romanos nos ensinam como seres humanos?

Camille Paglia — Sigo os passos de meu herói cultural, Oscar Wilde, não concordo com a implícita suposição moralista que a literatura ou a arte “ensinam” algo para nós. Elas simplesmente abrem a nossa visão para um mundo maior, ou nos permitem ver o mundo através de uma lente diferente. A cultura greco-romana que está se afastando rapidamente da educação universitária americana, é uma das duas tradições fundamentais da civilização ocidental; a outra é a judaico-cristã. Essas tradições se entrelaçaram e se influenciaram mutuamente ao longo dos séculos, produzindo uma complexidade titânica do ocidente, tanto para o bem quanto para o mal. Ignorar ou minimizar o passado greco-romano é colocar antolhos intelectuais, mas é isso que vem exatamente acontecendo à medida que as faculdades abandonam gradualmente, a grande, cronológica, visão panorâmica da antiguidade clássica, em cursos de dois semestres, que fora enfatizada no passado. A trajetória, agora, está no “presentismo”, uma concentração míope na sociedade desde a Renascença – por falar nisso, um termo humanístico nobre, que está sendo descartado implacavelmente e substituído pela amorfa entidade marxista, “Proto-Modernidade”.

 

 

Em: “The Catholic Pagan:10 questions for Camille Paglia“, America: the national catholic review, 25 de fevereiro de 2015.

[Tradução é minha]

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Em três dimensões: Donatello

19 08 2014

GattamelataEstátua equestre de Gattamelata, 1453

[Condottiero Erasmo da Narni]

Donatello (Florença, c. 1386 – 1466)

Bronze

Piazza del Santo, Pádua

 

 





Uma sala de jantar giratória, na Roma do Imperador Nero

14 07 2014

 

 

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Uma das descobertas arqueológicas mais interessantes deste ano foi em Roma: um grupo de arqueólogos franceses e italianos descobriu a sala de jantar giratória no Domus Aurea enorme palácio do Imperador Nero, que governou o Império Romano de 54 a 68 aEC. Este palácio, que abrigava mais de 300 aposentos recobertos em mármore, foi construído imediatamente depois do grande incêndio de Roma, que para muitos havia sido iniciado pelo próprio imperador, com a intenção de abrir terreno para essa construção.

Preocupado com a diplomacia e com o comércio internacional Nero construiu este extravagante palácio para impressionar seus ilustres visitantes. A sala de jantar giratória, resultado de uma das mais sofisticadas e complexas estruturas da antiguidade fez parte dessa campanha diplomática, mostrando aos lideres ali recebidos todo o poder de Roma. A descoberta dessa sala de jantar confirma as descrições feitas pelo historiador Suetônio.

 

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Um modelo dos discos giratórios que faziam parte da estrutura da sala de jantar na Domus Aurea. Ilustração Françoise Villedieu e Edikom.

 

Até 2009 quando o Palácio de Nero foi descoberto, as descrições de Suetônio em A vida dos doze césares pareciam ser obra uma fantasiosa do historiador romano: uma estátua colossal de Nero de quase 40 m de altura, uma carreira de colunas de 1.500 metros de comprimento, lago, edifícios representando cidades, parreirais, bosques, animais exóticos… Uma construção coberta em folha de ouro, decorada com pedras semipreciosas e uma sala de jantar giratória pareciam resultado de uma imaginação fecunda. Mas faz cinco anos, a credibilidade de Suetônio ao descrever Nero e seu palácio começa a ser reavaliada e considerada bastante precisa. Agora é esperar para ver que detalhes do período do imperador Nero ainda serão descobertos no local.

 

Fonte: Ancient Origins