A difícil arte da matemática na Grécia antiga, texto de Leonard Mlodinow

13 08 2013

Domenico-Fetti_Archimedes_1620Arquimedes pensativo, 1620

Domenico Fetti (Itália, 1588-1623)

óleo sobre tela, 98 x 73 cm

Galeria de Obras dos Velhos Mestres [Gemaldegalerie Alte Meisters] Dresden

Você reclama das aulas de matemática?  Pois veja a difícil arte da matemática da Grécia antiga:

“…em Atenas, no século V a. C., no ápice da civilização grega, uma pessoa que quisesse escrever um número usava uma espécie de código alfabético. As primeiras nove das 24 letras do alfabeto grego representavam os números que chamamos de 1 a 9. As seguintes nove letras representavam os números que chamamos 10, 20, 30 e assim por diante. E as seis últimas letras, além de três símbolos adicionais, representavam as primeiras nove centenas (100, 200 e assim por diante, até 900). Se você tem problemas com a artimética hoje em dia, imagine como seria subtrair ΔΓΘ de ΩΨΠ! Para complicar ainda mais as coisas, a ordem na qual as unidades, dezenas e centenas eram escritas não importava: às vezes as centenas vinham em primeiro, às vezes em último e às vezes a ordem era ignorada completamente. Para completar, os gregos não tinham zero.

O conceito de zero chegou à Grécia quando Alexandre invadiu o império Babilônico, em 331 a. C. Mesmo então, embora os alexandrinos tenham começado a usar o zero para denotar a ausência de um número, ele não era empregado como um número por si só. Na matemática moderna, o número 0 possui duas propriedades fundamentais: na adição, é o número que, quando somado a qualquer outro, deixa-o inalterado, e na multiplicação é o número que, quando multiplicado por qualquer outro, mantém-se ele próprio inalterado. Esse conceito não foi introduzido até o século IX, pelo matemático indiano Mahavira.

Mesmo depois do desenvolvimento de um sistema numérico utilizável, passariam-se muitos séculos até que as pessoas reconhecessem adição, subtração, multiplicação e divisão como as operações aritméticas fundamentais — e, lentamente, percebessem que certos símbolos convenientes poderiam facilitar bastante sua manipulação.”

Em: O andar do bêbado: como o acaso determina nossas vidas, Leonard Mlodinow, tradução Diego Alfaro, Rio de Janeiro, Zahar: 2009, p. 44-45





Imagem de leitura — Yannis Tsarouchis

25 08 2011

 

Marinheiro lendo [no café], 1980

Yannis Tsarouchis ( Grécia, 1910-1989)

óleo sobre tela

Yannis Tsarouchis ( Grécia, 1910-1989) Nasceu em Piraeus.  Estudou na Escola de Belas Artes de Atenas entre 1929-1935.  Estudou com Photios Kontoglou.  Dedicou-se também ao estudo de arquitetura popular.  Viajou por dois anos pela Turquia,França e Itália.  Em seu retorno à Grécia teve sua primeira exposição individual.  Lutou na guerra da Grécia contra a Itália em 1940.  Mudou-se para Paris em 1967. Faleceu em Atenas em 1989.





Estátuas do século VI aC encontradas na Grécia

18 05 2010

Foto: AFP

As autoridades gregas apresentaram hoje duas estátuas em mármore datadas do século VI a.C. em uma das salas do Museu Arqueológico de Atenas. As estátuas, que representam homens,[kouros]  foram encontradas pela polícia em posse ilegal de antiquários na região de Corinto.

A Grécia,  apesar de estar no noticiário econômico nos dias de hoje como pivô da crise européia, continua a mostrar grande esforço em preservar seu patrimônio artístico milenar .  Já em 20 junho de 2009 o governo grego abriu um museu aos pés da Acrópoles em Atenas.  O Novo Museu da Acrópoles, como é chamado, foi construído com o objetivo não só de abrigar os achados arqueológicos locais, mas também de desafiar a Inglaterra a devolver ao país os símbolos de sua história: as esculturas do Parthenon de 2500 anos que foram levadas para Londres por Lord Elgin há 200 anos e que se encontram expostas ao público no Museu Britânico.  Por muitas décadas a falta de um lugar para mostrar ao público  essas esculturas da antiga civilização grega foi o motivo principal alegado pela Inglaterra para a permanência dessas esculturas em Londres.  O novo museu da Acrópoles foi a resposta dada pela Grécia.  

O museu, trabalho do arquiteto suíço Bernard Tschumi, é um prédio de 5 andares, com uma área aproximada de 14.000 m².  O edifício que é todo revestido por vidro reflete a imagem do Parthenon e as ruínas à sua volta.   Nele os mais de 200 metros do friso que decorava o exterior da Acrópole foi re-criado na galeria.  Moldes de gesso representam as esculturas que foram removidas por Lord Elgin e mais tarde vendidas ao  Museu Britânico: elas somam mais da metade de todos os painéis do friso. 

Nesse museu os moldes de gesso bem branquinhos contrastam com as antigas esculturas que com o tempo adquiriram uma pátina cor de mel.   Dessa maneira, a ausência dos relevos que se encontram em Londres é visualmente sentida.    O Parthenon que é visto das janelas do novo museu está a menos de 900 metros de distância e como um soldado vigilante  — o templo foi construído para a deusa Athena — também  reforça, na sua solidão no topo da colina, o apelo para o retorno dessas esculturas gregas para o seu país de origem.





As Parcas, ou Moiras, temidas por todos

24 08 2009

As Parcas, 1587, Jocob Matham, (Holanda,  1571-1631)Gravura em metal, Museu de Arte do Condado de Los Angeles, EUAAs Parcas, 1587

Jacob Matham ( Holanda 1571-1631)

Gravura em metal

Museu de Arte do Condado de Los Angeles, EUA

 

A discussão do livro Um Toque na estrela, de Benoîte Groult,  fica mais interessante quando se sabe quem são as Parcas ou as Moiras.  Assim, antes de postar algumas notas sobre o livro, achei que deveria me lembrar com maior detalhe sobre as Parcas.

As Parcas, [Moiras, em grego], são personagens mitológicas da Grécia antiga.  Mais tarde,  o mito grego foi importado pelos romanos. Na península italiana, elas ficaram conhecidas como Parcae, em português Parcas. 

 

 As Parcas, william-blake, 1795, bico de pena e aquarela sobre papel, Tate Gallery, Londres

As Parcas, 1795

Wlliam Blake (Inglaterra 1757-1827)

Bico de pena e aquarela sobre papel

Tate Gallery, Londres

 

São filhas das Trevas [Érebo] com sua irmã Noite [Nix].   E são três: 

Nona [Clotho] que tece o fio da vida, tecendo os dias,  atua com outros deuses aos nascimentos e partos.

Décima [Lacheisis] cujo nome em grego significa “sortear”, puxa e enrola o fio tecido, calculando seu comprimento, enquanto gira o fuso ou roldana e determina o nosso destino.  É ela a responsável pelo quinhão de atribuições que se ganha em vida.

Morta [Átropos] cujo nome em grego significa “afastar”, corta o fio da vida, determinando o momento de nossa partida. 

 

as parcas, Sampo Kaikkonen (Finlandia) ost

As Parcas, 2008

Sampo Kaikkonem ( Finlândia, contemporâneo)

óleo sobre tela.

 

Nona tem seu nome alinhado aos nove meses de gestação dos humanos.  Nove luas.

Décima tem seu nome alinhado ao nascimento, quando a vida se determina. Dez luas.

Morta tem seu nome alinhado ao momento final da vida terrena.

 

Dizem que até hoje em certas partes da Grécia acredita-se na existência destas entidades. 

As Parcas, 1513, Hans Baldung Green ( Alemanha 1484-1545) xilogravura, Museu de Arte do Condado de Los Angeles, EUA

As Parcas, 1513

Hans Baldung Green ( Alemanha 1484-1545)

Xilogravura

Museu de Arte do Condado de Los Angeles, EUA

 

Nas artes plásticas estas três personagens são em geral identificadas por três mulheres.  Mas há raros casos em que seres sem distinção de sexo também representam as Parcas.  Em geral elas são representadas fiando, medindo e cortando um fio.  Nona tem o fuso na mão.  Às vezes, mas muito raramente ela tem como atributo uma roca de fiar.  Décima tem uma roldana por onde passa o fio e Morta, a a mais terrível de todas, segura uma tesoura.  Há ocasiões em que Nona segura o fuso e Décima mede com um bastão o fio.  Também com freqüência vemos uma cesta no chão repleta de fusos.   Em geral elas aparecem como personagens numa composição alegórica de grandes proporções, próximas à imagem da Morte, um esqueleto com uma foice, que pode ou não estar dirigindo uma carruagem.  [Dictionary of Subjects and Symbols in Art, James Hall)

 John Strudwick, Um fio de ouro,  1885, ost

Um fio de ouro, 1885

John Strudwick ( Inglaterra, 1849-1937)

Óleo sobre tela

 

Observação:

 

Não sou lingüista,  Mas vejo algumas semelhanças lingüísticas que ajudam a memorizarmos os nomes:

Clotho – em grego – para Nona, que tece o fio da vida, deve ser a origem da palavra cloth em inglês, que é significa tecido.

As Parcas também eram conhecidas com Fatas no mundo romano.  Daí certamente:

Fate, em inglês, que quer dizer destino.

Fada em português que é uma entidade que pode influir e transformar o destino da vida humana.

Fado em português que significa destino, sorte.

 

 

 

As Parcas, artista_Ai_Don, caneta

As Parcas, 2008

Ai Don (contemporâneo)

Caneta e “Magic marker” sobre papel.

 

 

As Parcas aparecem freqüentemente na literatura clássica.  A cena da tapeçaria belga, abaixo, representa o 3° tema do poema Os Triunfos, de Petrarca ( Itália 1304-1374), O Triunfo da Morte.

 

as parcas, 1510-1520 tapeçaria belga

As Parcas, 1510-1520

Tapeçaria Belga

Victoria & Albert Museum, Londres

 

Para ler o poema de Petrarca, com tradução de Luís de Camões, continue na sequência.

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