Palavras para lembrar: Alain (filósofo)

4 09 2025

O livro vermelho

Francine Van Hove (França, 1942)

óleo sobre tela, 30 x 30 cm 

 

 

“Escrever é sempre uma arte repleta de reencontros. A carta mais simples requer um escolha entre milhares de palavras, das quais a maior parte são estranhas àquilo que se quer dizer.”

 

Alain

Émile-Auguste Chartier

 

[Écrire est toujours un art plein de rencontres. La lettre la plus simple suppose un choix entre des milliers de mots, dont la plupart sont étrangers à ce que vous voulez dire.]

 





Soneto XXVII de Tite de Lemos

29 04 2025

Na rotunda

Francine van Hove (França, 1942)

óleo sobre tela, 50 x 65 cm

 

 

XXVII

 

Tite de Lemos

 

Nem tomes por virtude o que é defeito,

floreios de poetas amestrados,

nem tenhas por humano o que é perfeito,

coisa de heróis e deuses aplicados.

 

Deve ser que não levo muito jeito

ou quando pense certo faça errado

e ande torto julgando andar direito,

sujeito cego atrás do objeto amado.

 

Persigo a brevidade de um instante

que toda eternidade contivesse:

nisso me acho e nisso estou perdido

 

com desvelo tão quieto e tão constante

que vivê-lo, mais nada, me envaidece

e até nem cuido ser correspondido.

 

 

Em: Caderno de sonetos, Tite de Lemos, Rio de Janeiro, Nova Fronteira: 1988. p. 63





Resenha: O jovem, de Annie Ernaux

13 02 2025

Le quai des brumes

Francine van Hove (França, 1942)

óleo sobre  tela

 

 

Fazer resenha de alguns parágrafos sobre o livro O jovem de Annie Ernaux, com tradução de Marília Garcia [Fósforo: 2022] é mostrar que apesar de poucas páginas — um conto? — há pelo menos algo de mais sólido a ser observado sobre essa leitura.  Estou aos poucos cobrindo a obra de Annie Ernaux, volume por volume.  Não porque ela tenha sido recipiente do Nobel de Literatura 2022.  Não tenho o hábito de ler toda a obra de quem ganha o Nobel.  Mas sua prosa é de grande sensibilidade e a forma de autobiografia ficcionalizada,– sempre considero que qualquer biografia é ficção –, tem me atraído nos últimos tempos, também pela interação de história com memória. 

A linha narrativa deste minúsculo volume é simples: uma mulher de uma certa idade, tem um parceiro amoroso muito mais jovem do que ela.  O rapaz tem idade para ser seu filho.  Nas últimas décadas esse parece ser um acontecimento mais comum, menos escondido.  Vemos na mídia, com alguma frequência, senhoras envolvidas amorosamente com rapazes jovens.  Tinha impressão de que essa desigualdade de idades, com o perfil desse casal, fosse corriqueiro na França, mas, pelo visto, na época de Annie Ernaux, esse não era o caso.

 

 

O que me surpreendeu nessa história  foi perceber que a mulher, pelo menos nesse caso, acaba com atitudes e posicionamentos que vemos na descrição de homens mais velhos que mantêm relacionamentos com mulheres que, pela idade, poderiam ser suas filhas.  Não sei porque, eu achava que seria diferente: estava errada.  Nesse conto, a mulher (Annie) se sente superior ao rapaz e fada madrinha, dando ao jovem acompanhante oportunidade de viagens por diferentes cidades europeias, estadias e refeições em lugares luxuosos, ao mesmo tempo observando para si mesma e muitas vezes de maneira crítica,, gestos e maneirismos que lhe desagradam.  Ao mesmo tempo, sua exposição à penúria da vida do estudante, e aos métodos que ele usa para combater a falta de dinheiro, trazem para a narradora memórias de sua própria juventude.  Mas não há afeto.  É um estranho passeio sem emoção pela juventude da própria autora.

 

Annie Ernaux

A conclusão sobre o comportamento da mulher nessa memória fica a cargo do leitor.  Apesar de ser uma parte independente das outras obras de Annie Ernaux dessa volumosa autobiografia, acho um gesto de marketing fazer essa publicação em separado.  Talvez traga o benefício de apresentar a autora a um publico maior, que não queira investir tempo na leitura.  Mas suas outras obras, publicadas pela mesma editora podem muito bem preencher essas demandas, pois são livros de rápida leitura e poucas páginas. 

 

NOTA: este blog não está associado a qualquer editora ou livraria, não recebe livros nem incentivos para a promoção de livros.





Minutos de sabedoria: George Sand

31 08 2024

O que ela lê, 2001

Francine Van Hove (França 1942)

óleo sobre tela

“A satisfação de uma paixão absolutamente pessoal é embriaguez ou prazer: não é felicidade.

A felicidade é algo duradouro e indestrutível; caso contrário, não seria felicidade. Aqueles que gostariam de perpetuar a embriaguez e de incluir nela a felicidade, andam atrás do impossível. O êxtase é um estado excepcional cuja permanência nos mataria, e a natureza inteira depressa se eclipsaria sob a influência desse estado delirante.”

 

George Sand

 

 

George Sand (1804-1876)





Imagem de leitura: Francine van Hove

6 11 2023

As esfinges e o dicionário

Francine van Hove (França, 1942)

óleo sobre tela





Imagem de leitura — Francine van Hove

29 05 2023

Momentos simples, c.2009

Francine van Hove (França, 1942)

óleo sobre tela