O verde do meu bairro: Manacá-da-serra

26 05 2013

DSC00003Manacá-da-serra, nos jardins de um edifício.  Rio de Janeiro

Fico sempre muito alegre quando vejo jardins de edifícios no Rio de Janeiro ornamentados com plantas tropicais nativas.  Vejam só que bonito que ficou esse Manacá-da-serra (Tibouchina mutabilis Cogn) na frente de um edifício.  Essa é uma pequena árvore brasileira, semi-decídua, nativa da mata atlântica. Muito popular nos jardins das casas do início de século XX, caiu de moda por algumas décadas e parece agora estar sendo lembrada pelos paisagistas cariocas.

Ela é uma árvore de porte pequeno a médio, perfeita para um cantinho de jardim por causa de suas flores de duas cores.  Crescida, madura pode chegar até 12 metros de altura e não menos que 6.  Suas folhas são verde-escuro, mais compridas do que largas e as flores de seis pétalas são relativamente grandes, e se destacam de encontro ao fundo verde escuro da folhagem. Quando nascem são branquinhas mudando de cor com o amadurecimento até tornarem-se de cor violeta.  Têm seis pétalas.  Isso faz com que seja uma árvore florida com flores de duas cores, o que faz com que muitos, erroneamente acreditem que a árvore é fruto de enxerto. Os livros de jardinagem dizem que  as flores aparecem no verão.  Mas aqui no Rio de Janeiro elas aparecem agora, no meio do outono.

É uma árvore que poderia ser mais utilizada no Rio de Janeiro já que suas raízes não iriam suspender as pedrinhas portuguesas das nossas calçadas. O Manacá-da-serra gosta de sol, de bastante sol. E é claro de solo fértil.

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O verde do meu bairro: hibisco-colibri

11 05 2011

Hibisco-colibri, [Malvaviscus arboreus]

Nos fundos do edifício onde eu morava quando era criança, aqui no Rio de Janeiro, havia um muro alto que dava para os fundos de uma escola.  Ao longo desse muro, no nosso jardim, estavam plantados hibiscos-colibris, como os da foto acima.  A minha lembrança dessas plantas vai além do contraste do verde escuro de suas folhas com o vermelho-alaranjado das flores que nunca se abrem.  Elas vão além também dos beija-flores que tremulavam em vôos rápidos em torno dessas flores.  Minhas memórias estão associadas ao gosto de mel que sentíamos quando chupávamos suas pétalas, após retirarmos o fundo da flor [a sépala]. E sugávamos.  Fazíamos isso quando não havia nada melhor para fazer, quando as brincadeiras se esgotavam ou quando esperávamos nossos amigos descerem para brincar.   Na verdade não era muito doce, tinha uma lembrança do gosto de mel.  Como gosto, não era lá nada demais.  Mas gostávamos de fazer isso porque demonstrávamos  nossos conhecimentos, nossa sabedoria adquirida ‘na rua’.

Esses hibiscos, não existem nos Estados Unidos – na parte continental – onde morei por muitos anos.  Tampouco sobrevivem no Mediterrâneo e vizinhanças, por onde também permaneci alguns anos.  E toda vez que eu vinha ao Brasil, visitar a família, ficava encantada com o colorido exemplar desses arbustos, que abundam na paisagem urbana do Rio de Janeiro.   Agora, residente da cidade, faço parte daqueles que fotografam a beleza tropical dessa planta.  Adoro-a!  Se eu tivesse um jardim, esse hibisco certamente teria um lugar reservado.

Hibisco-colibri

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Salta aos olhos a luxúria de suas flores vermelhas ao encontro da folhagem.  Esse é um arbusto que pode chegar a uns quatro metros de altura e parece ter flores o ano inteiro, ainda que aqui no Rio de Janeiro,  os meses de outono parecem trazer maior abundância nessas plantas.  É nativo do Brasil, da América do Sul e do México.  Tem a peculiaridade de ter flores, vistosas que nunca se abrem. Permanecem fechadas, próprias mesmo para os biquinhos longos dos beija-flores que as adoram.  Dá uma única flor, por ramo, na ponta, e pende como um sininho solitário.  Mas o efeito é espetacular, quando vemos muitos “sininhos” vermelhos…  É muito usada em cercas vivas, ou, como no caso mostrado na foto, debruçando-se sobre um muro.   É um arbusto lenhoso que exige pouca manutenção, mas precisa de sol, abundante e solo fértil. Não se dá bem no frio, nem em lugar de geada.  Sua reprodução é por estaquia de galhos e se reproduz facilmente.

Para maiores informações:    Jardineiro





O verde do meu bairro: abricó de macaco

14 03 2011

Abricó de Macaco Couroupita guianensis Aubl.; Lecythidaceae]

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Uma das grandes vantagens de se morar fora da nossa terra natal é ter olhos diferenciados na volta, olhos “quase estrangeiros” que se deliciam com as coisas que os nativos nem sempre percebem ser tão singulares.  A minha visão do Brasil e do Rio de Janeiro, certamente voltou diferente, e contrário ao que muitos pensam, quase tudo, que nos faz o que somos, é positivo.  O negativo é menor e felizmente corrigível.  Ou seja com uma boa educação conseguiremos resultados ímpares.

A nossa flora, não só a nativa, mas a importada há muitos séculos, como a mangueira, está entre as coisas mais extraordinárias que temos.  E esses exemplos de tropicalismo verde nos enchem os olhos sem que notemos, sem nos darmos conta de que são raros os lugares do mundo com a abundância de variedades de verde presentes  no nosso dia a dia.  Assim sendo, começo hoje pequenas postagens sobre a nossa exuberância tropical, me concentrando nas plantas, nas árvores, naquilo verde que encontro no meu bairro e ruas periféricas que percorro nas caminhadas matutinas.  

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Abricó de macaco

Sem dúvida uma árvore esdrúxula.  Não há como negar.  Prestem atenção: é uma árvore alta,  pode chegar aos 30 metros quando em seu habitat natural [as cultivadas são mais baixas],  que dá flores e frutos, não em sua copa, mas em seu tronco.  Florida é um assombro da natureza.  Flores grandes, carnudas e perfumadas: rosadas, com lustro como se fossem enceradas…  As abelhas as adoram.  As mamangabas também.  Ainda bem, porque sem elas, não haveria polinização.   O abricó de macaco dá frutos ao alcance das mãos.  Poderíamos imaginar ser uma árvore de um mítico paraíso, de uma “terra em que se plantando tudo dá”, de um local onde não se precisa nem subir num tronco para colher um fruto.  Mas… nem sempre é assim…  Apesar de serem comestíveis, seus frutos em geral são apreciados só pelos pássaros e animais:  quando maduros, a polpa exala um cheiro muito desagradável aos seres humanos.  Assim os frutos, que são bem grandes, redondos com quase 20 cm de diâmetro, e podem pesar 3 kg, são deixados ao léu.  O fruto tem uma casca meio dura, como uma casquinha de árvore e tem a mesma cor,  mas a polpa é bastante apreciada por pássaros e … macacos.   Daí o nome:  abricó de macaco.

É nativa do Brasil.  Da Amazônia.  Pensem bem, que outro lugar do mundo poderia ter tanto charme?  Porque ela é amazônica,  também é nativa dos nossos vizinhos:  Peru, Equador, Colômbia, Guiana, Suriname,  e Venezuela.

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Por causa de seus frutos pesados e do mau cheiro das polpas maduras, não é recomendado o uso dessas árvores para calçadas, para lugares próximos às residências.  Mesmo assim o Rio de Janeiro tem um número muito grande dessas árvores ladeando ruas.  A da foto está na Praça Santo Dumont, na Gávea.

De acordo com FLORES NA WEB, para produção de mudas:

Recolher os frutos no chão logo após sua queda natural, quebrando-os manualmente para a retirada das sementes imersas na polpa suculenta. Para isso, lava-se a polpa em água corrente dentro de uma peneira, separando-se as sementes e deixando-as secar a sombra. Um kg de sementes contém aproximadamente 3500 unidades. Sua viabilidade em armazenamento é inferior a 120 dias. Para obtenção de mudas, colocar as sementes para germinação logo que colhidas e preparadas em canteiros semi-sombreados ou diretamente em embalagens individuais contendo substrato organo-argiloso (solo vegetal argiloso com esterco bem curtido). Cobri-las com uma camada de 1 cm do mesmo substrato peneirado e irrigar duas vezes ao dia. A emergência ocorre em 8-15 dias e a taxa de germinação é geralmente superior a 80%. Após 5-7 meses com as mudas alcançando 6-10 cm de altura já podem ser levadas para o plantio no local definitivo. O desenvolvimento das plantas no campo é rápido, podendo atingir 3,5 m de altura aos 2 anos.