Do outono e do silêncio, poema de Álvaro Moreyra

19 05 2025

Vale do Sertig no outono, 1925

Ernst Ludwig Kirchner (Alemanha, 1880-1938)

óleo sobre tela, 136 x 200 cm

Kirchner Museum, Davos, Suíça

 

 

 

Do outono e do silêncio

 

Álvaro Moreyra

 

Ah! como eu sinto o Outono

nesses crepúsculos dispersos,

de solidão e de abandono…

nessas nuvens longínquas, agoureiras,

que têm a cor que um dia houve em meus versos

e nas tuas olheiras…

 

Tomba uma sombra roxa sobre a Terra…

A mesma nuança, em torno, tudo encerra

nuns tons fanados de ametista…

Paisagem morta, evocativa, doce…

como se o Ocaso fosse

um pintor simbolista…

 

Caem violetas…

 

Canta uma voz, distante…

 

E a luz vai a fugir, esfacelando

em trêmulas silhuetas

os troncos da alameda agonizante…

 

O Outono é uma elegia

que as folhas plangem, pelo vento, em bando…

E o Outono me endolora e anestesia

com a saudade remota do silêncio…

Silêncio vesperal das ressonâncias

esquecidas

que o Ângelus lento deixa sempre no ar…

Silêncio

irmão das covas, das ermidas…

incenso das distâncias…

onde a memória fica a ouvir perdidas

palavras que morreram sem falar…

 

E do silêncio em névoas esgarçado,

a cuja extrema sugestão me abrigo,

tu te evolas, dolente,

tal uma hora feliz de tempo alado

que às vezes brota de repente

de um velho aroma ou de acorde antigo…

                                                            

 

Em: Legenda da luz e da vida, Álvaro Moreyra, 1911

 

 





Paisagens brasileiras…

9 02 2025

Paisagem com Casario e Ponte em Minas Gerais, 1978

Inimá de Paula ( Brasil,1918-1999)

óleo sobre tela, 65 X 81 cm

 

 

Paisagem

Carlos Sorensen (Brasil,1928 – 2008)

óleo sobre tela, 52 x 82 cm

 

-.-.-.-.-.-

Um dia ainda vou escrever sobre paisagens e as brasileiras em particular.  Hoje temos dois pintores brasileiros expressionistas.  Sou parcial a todo o expressionismo, desde Henri de Matisse até os que trabalham nos dias de hoje.  Tenho que me policiar para não colocar sempre obras expressionistas no blog, porque esse não é o objetivo deste espaço.

Temos aqui duas obras com o mesmo assunto: vegetação densa, rio e casas.  Pequenas cidades.  Vilarejos. Ambas as telas trazem ao espectador  variadas emoções.  Apesar de quase caótica, a cena da tela de Inimá de Paula nos traz equilíbrio pelo uso abundante das tonalidades de azul e verde, cores calmas, ainda que intensas em seu volume.  Enquanto a tela de Carlos Sörensen com grande variedade de cores explosivas, concentradas no leque dos tons avermelhados, encontra equilíbrio nas ‘quase monótonas’ horizontais.  Vejam que elas também são linhas rebeldes que quase não querem ser horizontais.  Mas, cortando a tela em fatias visuais elas baixam a excitação visual de todos os vermelhos, laranjas, lilás e demais cores que excitam o nosso olhar.

Temos grandes expressionistas no país.  Vale a pena procurá-los.





Imagem de leitura — Gabriele Münter

2 01 2020

 

 

 

Gabriele-In the Room,1913,by Gabriele MunterjpgGabriele na sala, 1913

Gabriele Münter (Alemanha, 1877 – 1962)

óleo sobre tela





Imagem de leitura – Auguste Macke

26 04 2019

 

 

 

 

August Macke, 3 women at a table, 1912, ostTrês mulheres à mesa, 1912

Auguste Macke (Alemanha, 1887 – 1914)

óleo sobre tela, 44 x 50 cm

Coleção Particular

 





Domingo, um passeio no campo!

24 09 2017

 

 

INIMÁ de Paula, As Terras de Minas, óleo s tela, 1983, 81 x 101 cmAs terras de Minas, 1983

Inimá de Paula (Brasil, 1918-1999)

óleo sobre tela,  81  101 cm

 





Imagem de leitura — Franz Wiegele

12 02 2017

 

 

 

franz-wiegele

Leitora

Franz Wiegele (Áustria,  1887-1944)

óleo sobre tela





No museu van Gogh, poesia de Marialzira Perestrello

18 04 2016

 

 

unnamedBoulevard de Clichy, 1887

Vincent van Gogh (Holanda, 1853-1890)

óleo sobre tela, 46 x 55 cm

Museu van Gogh, Amsterdã

 

 

No museu van Gogh

Marialzira Perestrello

 

 

I

 

Já te conhecia tanto, poeta danado!

Num mundo de demônios

Só Théo era teu anjo.

 

Visitando esses quadros,

caminho em tua vida.

1887, 1888, Boulevard de Clichy,

essa paisagem, esse bosque tranquilo,

essa sombra, essa luz,

tu, impressionista calmo, aceito.

Onde teu mundo caótico?

 

Depois,

árvores ameaçadas,

céus em fogo em Saint Remy-Provence.

Nesse auto-retrato

braço e paleta unidos, fundidos.

Ah! Vincent!

pintavas com tua própria alma.

 

 

Em: Mãos dadas, Marialzira Perestrello, Rio de Janeiro, Nova Fronteira: 1989, p. 15





Imagem de leitura — Karl Hofer

1 02 2016

 

 

Karl Hofer. Lesestunde (1953)Estudando, 1953

Karl Hofer (Alemanha, 1878-1955)

óleo sobre tela





Eu, pintor: James Ensor

24 10 2015

 

self-portrait-with-masks-1899.jpg!BlogAuto-retrato com máscaras, 1899

James Ensor (Bélgica, 1860-1949)

óleo sobre tela, 120 x 80 cm

Museu de Arte Menard, Komaki, Japão





Imagem de leitura — Augusto Macke

22 09 2015

 

 

garden-restaurantRestaurante-jardim, 1912
Augusto Macke (Alemanha, 1887-1914)
Óleo sobre tela, 81 x 105 cm
Kunstmuseum Berna, Suíça