Uma família de matemáticos… texto de Leonard Mlodinow

10 07 2014

 

 

2-the-great-comet-of-1556-science-source xiloXilogravura alemã de 1556 em livro científico retratando a passagem de um cometa.

 

“…E numa outra noite de céu limpo, na porção de terra chamada Basileia, na Suíça, outro homem destinado à grandeza também estava prestando atenção. Era um jovem teólogo que, fitando a cauda brilhante e nebulosa do cometa, deu-se conta de que queria dedicar sua vida à matemática, e não à Igreja. Dessa decisão nasceu não apenas uma nova carreira para Jakob Bernoulli, como também o que se tornaria a maior árvore genealógica na história da matemática: nos 150 anos entre o nascimento de Jakob e o ano de 1800, a família Bernoulli gerou muitos filhos, dos quais aproximadamente a metade foi brilhante — entre eles, oito matemáticos notáveis, dos quais três (Jakob, seu irmão mais moço Johann, e o filho de Johann, Daniel) são tidos atualmente como alguns dos maiores matemáticos de todos os tempos.

 

Em: O andar do bêbado: como o acaso determina nossas vidas, Leonard Mlodinow, tradução Diego Alfaro, Rio de Janeiro, Zahar: 2009, p. 118

 





Boas novas sobre este Blog vindas com o Ano Novo!

2 01 2011
Amadeu usa o computador, ilustração de Walt Disney.

Comecei este ano com uma surpresa gratificante, um email do portal WordPress mandando congratulações pelo desempenho deste blog no ano de 2010.  Segue abaixo o primeiro parágrafo do email, em verde:

O ano de 2010 no seu blog

Feliz Ano Novo do WordPress.com! Para começar o ano em beleza, gostaríamos de partilhar alguns dados sobre o desempenho do seu blog. Aqui está um resumo de alto nível da saúde do seu blog:

Blog-Health-o-Meter Uau

Blog-Health-o-Meter™

Achamos que foi fantástico!

Números apetitosos

Imagem de destaque

O Museu do Louvre é visitado por 8,5 milhões de pessoas todos os anos. Este blog foi visitado cerca de 1,100,000 vezes em 2010, o que quer dizer que se fosse uma exposição no Louvre, eram precisos 47 dias para que as mesmas pessoas a vissem.

Em 2010, escreveu 375 novos artigos, aumentando o arquivo total do seu blog para 1377 artigos. Fez upload de 795 imagens, ocupando um total de 201mb. Isso equivale a cerca de 2 imagens por dia.

O seu dia mais activo do ano foi 21 de setembro. O artigo mais popular desse dia foi Primavera, poema infantil de Olavo Bilac.

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E assim segue o email, com mais números e informações.  Fica registrada aqui, então, a minha percepção sobre o que faço com este blog.

Foram 323.272 visitas à minha página principal.  A postagem mais vista, por incrível que pareça, devo-a a Olavo Bilac, com seu poema A Primavera, que recebeu 8 comentários.  A entrada com o maior número de comentários, não é a mais popular… é o poema de Cecília Meireles  A Bailarina, onde, no momento,  mostra ter 109 comentários.   O dia mais visitado — 21 de setembro de 2010 — trouxe mais de 6.500 pessoas ao blog.

Além dos poemas para serem usados nas escolas, artigos sobre ciências e sobre o meio ambiente, com ilustrações e material sólido, que possam ser usados na sala de aula foram os itens de maior visibilidade.

Desde o início da Peregrina Cultural tenho notado a presença regular de professores de todos os níveis, principalmente aqueles que preparam seus alunos no nível médio.   A maior parte deles visita este blog regularmente e vêm do interior de outros estados:  Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo são os estados de onde recebo a maior parte das visitas.

O que estes números mostram junto ao restante das estatísticas é aquilo que comecei a perceber nos primeiros meses de postagens: há uma necessidade imensa nas escolas brasileiras de fontes de apoio ao ensino.  Fontes de textos que possam ser usados paralelamente ao  que é dado em classe, quer de literatura quer de ciências.  As minhas postagens sobre os ornitorrincos e os équidnas  estão entre os textos mais populares do blog, com pedidos de alunos e de professores, através do email da peregrina:  peregrinacultural@hotmail.com  quase todas as semanas para que outros textos semelhantes sejam postados.

A entrada sobre o jequitibá:   Você conhece o jequitibá?  — está há meses entre os mais visitados do blog, o que me surpreende muito.  Uma revelação!  Tenho que agradecer a meu pai, professor de física e químico industrial,  pelo interesse que fomentou em nós, seus filhos, pela natureza e pelo meio ambiente, numa época em que não se falava nisso.   As minhas postagens sobre história têm seus fãs.  Em menor número do que aqueles que procuram poemas para serem usados nas escolas.  E a razão é simples: quem as lê são principalmente os professores, que escolhem a seleção colocada aqui, uma seleção baseada nas descobertas feitas pelo mundo, como fonte de iniciar um assunto ou lembrar a seus alunos de alguma faceta interessante sobre o que está sendo ensinado na sala de aula.

Paisagem, sem data

Levino Fanzeres ( Brasil, 1884-1956)

Óleo sobre tela colado sobre madeira

8 x 11cm

Sempre escrevi.  Tenho textos que só aos pouquinhos venho colocando no blog.  Em sua grande maioria são meditações, reflexões, apreciações de viagem.  Os meus textos não são assim tão populares, talvez porque a descrição, a reflexão, a meditação não sejam formas populares na nossa cultura.  Dos meus textos há dois lidos e repassados para outros blogs que se mostram os mais populares: o poema favorito é  O flamboyant da casa ao lado; e  em prosa a popularidade está com o contoAdaptações sem limites, que faz parte de uma série de contos, baseados em memórias dos meus anos de menina, a que dei o título provisório de “Nossa vida com papai”,  textos não publicados, mas já lidos e relidos pelos familiares mais próximos.  Mas a visita a estes textos pessoais é modesta o suficiente para adormecer qualquer ambição que eu pudesse vir a ter no âmbito da publicação.

O meu orgulho pessoal está nas minhas resenhas de livros: muitas delas foram colocadas nos sites dos autores dos livros sobre os quais fiz minha apreciação.  Mesmo sendo autores estrangeiros, minhas resenhas foram escolhidas para postagens e duas delas foram selecionadas também pelos sites das editoras dos livros.  É verdade que já fiz resenhas de livros para o jornal, antes de ter voltado ao Brasil.  Essa experiência há de ter ajudado.  Mas, por outro lado, cada livro é um livro, um novo mundo a ser descoberto.

As minhas Imagens de leitura continuam populares, assim como Filhotes Fofos.  São divertidas maneiras de nos lembrarmos da natureza e da importância da leitura.  E continuarei colocando o maior número possível de ilustrações.  Sou uma pessoa que pensa com imagens.  Talvez mesmo pela minha própria formação – historiadora da arte.  E continuarei a dar ênfase à arte brasileira, que tão mal conhecemos.

As listas de sugestões de livros para adolescentes [ são quatro postagens através de dois anos] continuarão a aparecer no blog.  Em julho e no mês de dezembro essas postagens tiveram um número enorme de visitantes.

Finalmente, aos meus leitores obrigada pelo apoio; espero poder fazer juz à confiança que me depositam, de novo neste ano que se inicia.  Mais uma vez:

Muito obrigada!





Estatística: um método razoável de associar valor às obras de arte?

18 11 2008

 

 

Em agosto deste ano, o jornal carioca O GLOBO, publicou na sua edição impressa, (5/8/2008) um artigo sobre o economista David Galenson demonstrando como este profissional americano criou uma maneira de qualificar as obras de arte do século XX para poder discernir as melhores do século.  

 

Seu método, muito simples, consistiu de avaliar 33 livros de história da arte, publicados entre 1990 e 2005.  Daí para frente fez uma análise quantitativa das imagens que mais apareciam nestes textos.  

 

Em primeiro lugar ficou a tela de Pablo Picasso, Les Demoiselles d’Avignon, com 28 reproduções.  Em segundo lugar, veio Monumento à Terceira Internacional do escultor russo Vladimir Tatlin, com 25 reproduções e em terceiro lugar ficou a obra do americano Robert Smithson, Spiral jetty, com 23 reproduções.  

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Les demoiselles d’Avignon, 1907

Pablo Picasso (Espanha 1881-1973)

Óleo sobre tela

Museu de Arte Moderna de Nova York

 

Não vou continuar com a relação inteira porque para qualquer pessoa que tenha tido a oportunidade de passar uma vista d’olhos na história da arte do século XX este grupo de três obras já demonstra a fraqueza do argumento do economista.  Das três obras mencionadas, só mesmo a de Pablo Picasso poderia ficar entre as mais importantes obras do século XX.

 

Mas esta pesquisa traz à tona um assunto de que nos meios da história da arte pouco se fala.  É o valor do reconhecimento visual: uma obra conhecida por fotos e vista em diversos livros e artigos de jornal, especializados ou não, por sua simples freqüência, pela adquirida cadeira cativa – digamos assim – na imaginação do público em geral adquire uma importância maior do que historiadores poderiam lhe dar.

 

Para o público em geral a mera impressão fotográfica da obra de arte num livro, separa e dá distinção a este trabalho.  Uma distinção que com freqüência, como vemos na lista do economista Galenson, não traz em si a importância verdadeira daquele trabalho.  Gostamos em geral daquilo que conhecemos.

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Modelo para a 3ª Torre Internacional, 1919-20

[nunca construída]

Vladimir Tatlin (Rússia 1885-1953)

Assim países que tem um bom grupo de editoras de arte, com um bom grupo de museus que reproduzem e vendem suas obras, do cartão postal à gravura glicée; que as vendem em todas as formas e de todos os preços, dos cartazes ao guardanapo de papel, do marcador de livro ao ímã de geladeira, tem sistematicamente sem acervo considerado pelo publico como de importância do que qualquer acervo que não esteja ao alcançar do público mesmo que em reproduções.

 

Quem não está familiarizado com publicações de arte pode não saber que com freqüência há obstáculos a serem encontrados para a reprodução de um trabalho de arte num livro.  Em geral, o primeiro obstáculo vem da permissão e o respectivo custo da fotografia.  Se pertence a um museu, ou se pertence a uma coleção particular, pode-se pagar à pessoa que tem posse deste trabalho de arte das meras centenas de dólares ao milhar.  A quantia dependerá também do tipo de publicação.  Se a publicação é para lucro, a quantia em geral é bem maior do que quando um estudioso pede a fotografia para ser publicada numa publicação profissional.  

 

robert-smithson-spiral-jetty-1970

 

Spiral Jetty, 1970

Robert Smithson (EUA 1938-1973)

Pedras negras, cristais, terra e água vermelha

Great Salt Lake , Utah

Há também aqueles curiosos donos de coleções particulares que doam suas coleções, freqüentemente com muitas obras de valor, aos maiores museus, por exemplo, mas que impõem condições perpétuas sobre essas obras: entre elas a de que a reprodução fotográfica seja feita só um certo número de vezes por ano ou talvez nunca.  

 

Meu conselho, quando agi como consultora de arte nos EUA, era de que as empresas ou pessoas particulares que colecionavam arte deixassem seus quadros, suas esculturas, suas coleções serem fotografadas e reproduzidas sempre que pudessem e sempre especifiquei o valor do colecionador publicar um catálogo, fartamente ilustrado, com as obras que tivesse, justamente por saber que a familiarização do público em geral com uma imagem, com um trabalho de arte, aumenta significativamente seu valor no mercado se e quando aquele colecionador resolver vender algum item de sua coleção. 

 

Mas isto foi ante do período da internet.  Hoje acredito que temos que rever todas as nossas curiosamente antiquadas idéias de controle.  A propagação de idéias e de imagens não pode ser e não deve ser controlada.  A internet tem uma maravilhosa qualidade: é democrática quanto ao conhecimento, quanto a divulgação daquele conhecimento.  

 

Acredito que em mais uns três a cinco anos, se fôssemos usar os métodos escolhidos por David Galenson, mas aplicando-os à internet o resultado seria muito, mas muito diferente do que ele obteve.  No entanto, a seleção seria certamente tão esotérica quanto o que ele conseguiu nas fotos de livros de 1990 a 2005.  

 

Não acredito que análises quantitativas consigam atribuir valor de importância em obras de arte.  Mas elas justificam alguns preços atingidos no mercado de arte:  principalmente quando estas obras sistematicamente aparecem reproduzidas em livros.