A Banda, revelando no deserto, a solidão de cada um.

30 11 2008

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Quando chove vejo mais filmes do que o normal.  Finalmente ontem consegui ver A Banda, uma produção israelense/francesa/EUA, dirigida por Eran Kolirin (2007) e me deliciei.  A ação se passa em menos que 24 horas.  Músicos egípcios não encontram a cidade para a qual foram convidados para tocar em Israel.  Vão parar por engano num vilarejo onde nada acontece.  Para pegarem o ônibus correto precisam passar a noite.  São acolhidos por famílias locais, até o dia seguinte, quando finalmente chegam onde deveriam ter chegado antes para um concerto.  

 

O filme é delicioso. Engraçado. Humano.  Apolítico.  Uma preciosa contribuição à arte cinematográfica.  Com um maravilhoso elenco:  Sasson Gabai, Ronit Elkabetz, Saleh Bakri.  E, no entanto, mesmo tendo sido premiado na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes em 2007, A Banda foi banido de ser mostrado no Egito.  Por que?  Porque há uma cena, na escuridão, em que apesar de nada aparecer entende-se um ato sexual entre uma judia e um egípcio.  Valha-me!  Parece inacreditável, que um filme tão poético, tão quieto, tão distinto,  possa ter causado este tipo de reação.

 

Mas a loucura em volta deste filme não acaba aí.  Este primeiro filme do Diretor Eran Kolirim foi o escolhido para representar Israel para o prêmio Oscar de 2007.  Mas, uma outra reviravolta o aguardava, a Academia recusou a participação do filme com a desculpa de que havia diálogos demais em inglês!

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Ora vejamos a situação: oito músicos egípcios, são convidados para visitar Israel.  Acabam num vilarejo no meio do deserto.  Não há nada à volta a não ser areia e israelenses falando hebraico.  Qual seria a solução em qualquer lugar do mundo?  Uma língua em comum.  Qual seria a língua mais ensinada no mundo como segunda língua?  O inglês.  E o inglês falado no filme é tão macarrônico quanto seria falado por pessoas que conhecem só as regras básicas da língua.  É inacreditável!

 

Mas deve ter servido para aumentar a procura.  O filme que já está em cartaz no Rio de Janeiro há tempos passou para um cinema lotado.  Mais do que um filme sobre os problemas de egípcios e israelenses, este filme fala da miserável solidão que todos os seres humanos têm dentre de si.  Vá!  Não hesite.