V
Maria Braga Horta
O tempo passa. E passam sol e lua
tantas vezes no céu, que perco a conta
do tempo que, passando, se insinua
na vida que a velhice hoje defronta.
O tempo passa, a história continua.
É uma história de amor que se reconta.
Uma história de amor que perpetua
a vida: ora uma acaba, outra desponta.
Venho outra vez com bruxas e dragões
e princesas e príncipes e anões
para o mundo irreal dos dois netinhos.
Vejo em seus olhos sempre o mesmo brilho
que pairava no olhar de cada filho
…e ainda vão passando os carneirinhos…
Brasília, 28-2-1968
Em: Caminho de Estrelas, Maria Braga Horta, São Paulo, Massao Ohno Editor: 1996, p. 239