Moça lendo próximo à janela
Walther Firle (Alemanha, 1859-1929)
óleo sobre tela, 81 x 64 cm
Senhora no salão
Paul Walter Ehrhardt (Alemanha, 1872-1959)
óleo sobre tela, 84 x 66 cm
Antônio Feijó
Pela montanha alcantilada
Todos quatro em alegre companhia,
O Amor, o Tempo, a minha Amada
E eu subíamos um dia.
Da minha Amada no gentil semblante
Já se viam indícios de cansaço;
O Amor passava-nos adiante
E o Tempo acelerava o passo.
— «Amor! Amor! mais devagar!
Não corras tanto assim, que tão ligeira
Não pode com certeza caminhar
A minha doce companheira!»
Súbito, o Amor e o Tempo, combinados,
Abrem as asas trêmulas ao vento…
— «Porque voais assim tão apressados?
Onde vos dirigis?» — Nesse momento,
Volta-se o Amor e diz com azedume:
— «Tende paciência, amigos meus!
Eu sempre tive este costume
De fugir com o Tempo… Adeus! Adeus!
Retrato de um intelectual ou de um religioso, 1532-1535
Hans Holbein, o jovem (Alemanha, 1498-1543)
Giz negro e vermelho, bico de pena e pincel, nanquim sobre papel colorido de rosa, 22 x 18 cm
Morgan Library e Museu, NY
Minha amiga Regina Porto do blog Livro Errante indicou Nas pegadas da alemoa, de Ilko Minev [Buzz Editora: 2021] para leitura. Marcamos de conversar sobre o livro no último dia do mês, mas já vou colocar aqui minhas impressões. Foi uma ótima surpresa. Gostei da leitura principalmente porque aprendi muito sobre o norte do Brasil, sobre a Amazônia, sobre o Amapá. É uma região do Brasil que não conheço, mas que atrai o olhar do mundo todo, que está nas manchetes há anos e que nós brasileiros aqui do sudeste em geral não conhecemos bem.
Eu classificaria essa obra como aventura, com informações históricas, tratadas com objetividade jornalística, detalhando riquezas e perigos no meio ambiente, tudo isso com um leve toque de romance para suavizar a narrativa e não considerá-la exclusivamente texto instrutivo. O autor não escreveu esse romance para competir com Dostoiévski ou Gabriel Garcia Marquez. Sua intenção é informar e divertir. E consegue. Dois de seus livros já se tornaram best-sellers no Brasil. Este, que ficou cinco semanas consecutivas na lista dos mais vendidos no país em 2022, e Na sombra do mundo perdido, que ainda não li, entre os mais vendidos em 2018. Ilko Minev tem uma história pessoal interessante que o deixa ao mesmo tempo narrar como observador de fora e mostrar a vida amazônica no seu âmago. Naturalizado brasileiro, nasceu na Bulgária, de onde emigrou, graças às restrições políticas do governo comunista na época. Eventualmente veio para o Brasil, depois de uma parada na Bélgica. Formado em economia, era para ter ficado por seis meses trabalhando no setor eletrônico, em 1972, mas foi ficando. E ficou, para nossa alegria, orgulho e enriquecimento. Tornou-se um empreendedor de sucesso no Amazonas, fazendo parte da comunidade judaica de Manaus. Quando se aposentou, dedicou-se a escrever histórias da Amazônia.
O livro começa contando algo surpreendente: a Alemanha, antes da Segunda Guerra Mundial havia mandado uma expedição para exploração do território brasileiro, no Amapá. Vieram com muito material. Estavam ciumentos da França, da Inglaterra e da Holanda terem aqueles territórios ricos das guianas (que ainda não eram países independentes) e queriam explorar o Amapá para terem também sua “guiana”… Eu nunca tinha ouvido falar disso e fiquei surpresa.
“… em 1935, ainda antes da Segunda Guerra Mundial, realmente houve uma bem organizada e bastante sofisticada expedição alemã, munida de hidroavião e de outros recursos avançados para a época, que, com a ajuda do governo Vargas, passou um ano e sete meses conhecendo e mapeando aquela remota e completamente desconhecida região na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. Pelo que pesquisei, os alemães colheram amostras, catalogaram boa parte da flora e da fauna e estabeleceram contato com as tribos indígenas antes mesmo de o Brasil marcar presença naquelas bandas.”
Assim como esse fato histórico é apresentado, detalhes da vida cotidiana no norte do país são apresentados com riqueza suficiente para deixar curiosidade e gosto de quero mais. Não só detalhes históricos do passado, descrições de pequenas cidades na Amazônia ou testemunhos do trabalho das ONGs ou até mesmo políticas do governo francês em relação à Guiana, mas também descrições das cachoeiras e plantas da região seduzem o leitor. Mas esse é o relato de uma aventura que deixa o leitor torcendo pelo sucesso da excursão planejada para procurar uma pessoa, conhecida como Alemoa, fruto de um casamento da época do expedição alemã ao Amapá. Mas sabendo de todo o planejamento que foi feito, torcemos com mais gosto ainda para um final feliz
Gostei muito do livro e recomendo a todos que queiram fazer um giro pelo norte do Brasil de hoje. A linguagem é clara, narrativa direta, um tantinho de romance para ligar a trama do início ao fim e muito, muito conhecimento generosamente oferecido.
NOTA: este blog não está associado a qualquer editora ou livraria, não recebe livros nem incentivos para a promoção de livros.
O jogo de xadrez data aproximadamente dos séculos VI ou VII DC, vindo do desenvolvimento de um jogo chamado chaturanga, jogado em algumas partes da Índia. Depois da invasão árabe da Pérsia, o jogo de xadrez foi adotado pelo mundo muçulmano e eventualmente introduzido na Europa por portos na Espanha e na Itália, por volta do ano 1.000 DC.
O xadrez foi logo visto como excelente treino para estratégia e, portanto, tornou-se parte obrigatória da preparação dos cavaleiros feudais. Talvez seja interessante lembrar quem eram os cavaleiros feudais. Eram guerreiros montados. Lutavam em batalhas e guerras, ou porque estavam submissos a um senhor feudal ou eram guerreiros de aluguel, como mercenários nos dias de hoje, para o senhorio que lhes pagasse melhor. Há na história da Europa medieval diversos nomes de cavaleiros de aluguel que se tornaram famosos e ricos. Muitos deles imortalizados em pinturas e esculturas como é o caso de Sir John Hawkwood, um mercenário inglês (1320-1394) cujas batalhas aconteceram, na maioria, entre diversas cidades-estado da Itália. Uma curiosidade a respeito de mercenários é a própria guarda suíça papal, que originalmente foi formada por mercenários.
Pintura da estátua equestre de Sir John Hawkwood, 1436
(moldura pintada mais tarde, em 1524)
Paolo Uccello, (Florença, 1397-1475)
Afresco, 820 x 515 cm
Santa Maria del Fiore, Florença
Apesar do jogo de xadrez ser considerado uma das sete habilidades que um bom cavaleiro deveria desenvolver, é raro encontrar peças deste jogo ou de qualquer outro jogo da época, em bom estado, principalmente peças que tenham sido usadas antes do século XIII. Mas faz sentido que estas peças tenham sido encontradas nas ruínas de um castelo no sul da Alemanha, no distrito de Reutlingen, em um castelo até então desconhecido. As peças foram encontradas sob os destroços de um muro onde poderiam ter sido perdidos ou escondidos.
As peças estão em excelente condição e quando examinadas sob microscópio pode ser visto o brilho, causado pela oleosidade, consequência de terem sido manuseadas durante partidas. Quatro peças em formato de flor, a que se atribui o papel de peões, foram encontradas, algumas com traços de coloração vermelha, que pode indicar que um dos grupos do jogo de xadrez tenha sido originalmente feito de peças vermelhas. Um dado com números nos seis lados, exatamente igual aos dados de hoje, também foi encontrado no grupo de peças. Todas ela foram esculpidas em chifres.
Mágica natalina, 1905
[Crianças debaixo da árvore de Natal]
Robert Weise (Alemanha, 1870 – 1923)
óleo sobre tela

Na imprensa nazista, aparecem artigos sobre a situação nos países do norte da África ocupados pelo exército francês. A rádio alemã começa até mesmo a difundir transmissões em árabe. Ouvimos, perplexos, esses jornalistas, que, de Berlim, apelam para que peguemos em armas contra a França. Parece que os soldados alemães são lançados de paraquedas no meio da noite, nos vilarejos perdidos da Argélia. Trazem latas de comida e oferecem chocolate às crianças. Estão lá para tentar nos convencer a aderir ao exército hitleriano, que promete expulsar a França do país. Prometem que, graças à Alemanha, nossas crianças serão escolarizadas e a Argélia voltará a ser uma terra islâmica. Anos mais tarde, nesses mesmos vilarejos, encontraremos metralhadoras e um capacete alemão. Nossos avós encolherão os ombros: “Era um jovem soldado alemão que foi lançado de paraquedas aqui… Ele trouxe comida e nós o escondemos”. ”
Em: As verdadeiras riquezas, Kaouther Adimi, tradução Sandra M. Stroparo, Rio de Janeiro, Rádio Londres: 2019, página 65
Leitora à janela, 1895
Wilhelm Amberg (Alemanha, 1822-1899)
óleo sobre tela, 43 x 55 cm
Gabriele na sala, 1913
Gabriele Münter (Alemanha, 1877 – 1962)
óleo sobre tela