Sonhos, Capa da Revista Saturday Evening Post, 15 de agosto de1959, ilustração de Constantin Alajalov.
Muitas vezes, embebido
em cismas tenho sonhado
que a vida é um sonho comprido
que a gente sonha acordado!
(Ferreira Gullar)
Muitas vezes, embebido
em cismas tenho sonhado
que a vida é um sonho comprido
que a gente sonha acordado!
(Ferreira Gullar)
São Sebastião, 1968
Francisco Rebolo (Brasil, 1902-1980)
óleo sobre madeira, 66 x 49 cm
Na minha coleção de fotos de obras de arte (pinturas e gravuras) há dois santos que ultrapassam todos os outros em representações. São Sebastião e São Francisco de Assis. Nos meus arquivos esses são os que têm maior número de peças. Mas há um detalhe interessante: enquanto São Francisco de Assis é representado por muitos e muitos artistas, São Sebastião, também popular entre artistas, tem, no entanto, dois deles que dedicaram muitas, inúmeras obras, à representação do santo: Glauco Rodrigues e Guignard. Tento sempre trazer alguma obra que ainda não havia colocado no blog anteriormente. Para dar justa visão das obras brasileiras que representam São Sebastião. Mas sempre volto às minhas pastas para saber exatamente quais obras já coloquei no blog e quais não coloquei, porque esses dois artistas têm tantas versões do mesmo tema, que mesmo para uma pessoa como eu, com uma boa memória visual, fica difícil me lembrar qual obra já postei, pois elas se assemelham muito. Aqui vai uma pequena lista das que já postei no passado.
Glauco Rodrigues, (duas vezes), Luiz Verri, Djanira, Portinari, Reynaldo Fonseca, Guignard, Oswaldo Teixeira, Bonadei. Vale a pena dar uma olhadinha para ver cada estilo. Alguns links aparecem aqui embaixo ou vá para a caixinha à direita, depois da lista dos meses e procure por São Sebastião.
Paisagem
Tadashi Kaminagai (Japão, 1899-1982)
óleo sobre tela colado em cartão, 38 x 46 cm
Paisagem
Álvaro Paulo Sêga (Brasil, 1917-1991)
óleo sobre tela, 48 x 50 cm
Coleção Jairo Ribeiro de Mattos
Interior com jovem à janela, 1917
Karl Harald Alfred Broge (Dinamarca, 1870-1955)
óleo sobre tela, 68 x 56 cm
Vaso de flores, 2014
Yugo Mabe (Brasil, 1955)
[óleo sobre tela,100 x 150 cm
Explosão botânica
Roberto Magalhães (Brasil, 1940)
óleo sobre tela, 100 x 100 cm
Lição de casa, 2007
Reynaldo Fonseca (Brasil, 1925-2019)
óleo sobre tela, 81 x 100 cm
Reynaldo Fonseca é um dos pintores brasileiros de que mais gosto. Gosto do silêncio em suas imagens, da tradição clássica que todas suas obras respiram, podendo estar lado a lado com uma tela renascentista, por exemplo, sem estar diminuída, apesar de usar linguagem diversa. Gosto também do mistério e do ocasional aceno ao surrealismo figurativo. Seus quadros são atemporais, quase místicos. Eles aspiram a algo maior do que a própria imagem, do que a própria pintura. Sou parcial à sua obra. Sim, eu teria muitas de suas telas em casa, vivendo comigo.
A mocinha aí em cima, me lembrou meus anos de adolescente. Estudava numa escrivaninha como essa. Não tinha gavetas laterais. Havia uma gaveta grande e rasa para lápis, réguas, clipes, material de papelaria. Embaixo havia um armário de duas portas, com uma grande prateleira, onde eu guardava meus livros, minhas revistas, tudo que era só meu e não da família. A tampa fechada, era um alívio, dizia: “não precisa mais fazer dever de casa”. Essa jovem da ilustração parece estar escrevendo em seu diário. Manter um diário foi sempre uma tarefa que não consegui realizar. Comecei muitos. Mas sem sucesso. A vida sempre foi muito cheia de aventuras, brincadeiras. Era muito ocupada e tudo parecia tão menos interessante quando era posto no papel, tão mais reduzido de excitação que não valia a pena relatar o dia a dia. Mas a jovem adulta voltou aos cadernos. Não aos diários. Cadernos de citações, frases de livros, poemas.
No YouTube no início de cada ano aparecem dezenas de vídeos ensinando as vantagens de se manter um diário para o equilíbrio emocional, para boas decisões. Ou a importância para o pintor, artista plástico, de carregar consigo um caderno de sketches. Para leitores e escritores há as cadernetas de bolso para que se anote uma ideia, observação feita na rua, no jardim, na praia, algo que possa ser colocado como detalhe na sua escrita. Não tenho nenhum deles. Este ano, pela primeira vez, coloquei na bolsa um pequenino caderno para isso, mas vou precisar me lembrar de que tenho essa ferramenta. Como nunca usei, talvez precise me esforçar para lembrar de que tenho essa coisa na bolsa.









O que faço, é uma adaptação do que é conhecido como Commonplace Book. Não, não é o típico Commonplace Book, objeto vindo de um hábito criado na Renascença, na Itália, das pessoas guardarem citações, ditados, ideias do que fazer, ideias do que escrever, ideias próprias e uma variedade de anotações. O meu Commonplace Book é de coisas que vou lendo, que não são citações que encontrei em livros. Essas eu tenho em cadernos separados e já escrevi sobre eles aqui no blog, no dia 23 de outubro de 2022, sob o título: O acaso sempre ensina. Meu livro de anotações é de coisas que aparecem no meu caminho, ou alguma coisa que preciso verificar para um nota de rodapé ou para um detalhe que venha a ser interessante – não importante, mas interessante – para o futuro. Não há ordem. Não há assunto específico. São coisas que acho que ainda voltarei a consultar, apesar de não saber exatamente porque.
Todos eles são feitos exatamente como esse acima nas fotos, que é i caderno de 2022. Divido um pedaço da página, nos cantos, onde só coloco títulos ou ilustrações sobre o texto. Sou uma pessoa que pensa por imagens. Minha memória imagética é mais desenvolvida do que a memória de textos. Por exemplo, não sei uma única de minhas poesias de cor. Apesar de ter publicado um livro de poesias, ter diversas outras poesias publicadas em antologias e estar tratando de meu próximo livro de poemas. Mas preciso ler meus textos, porque não consigo me lembrar deles de cor. Contudo, consigo resgatar conhecimento ou onde encontrar algo que procuro, por causa das “figurinhas” que imprimo e colo no caderno. Cada louco com sua mania, essa é uma das minhas.
Lembrei-me de colocar essa postagem aqui, porque estou fazendo minhas primeiras anotações no Commonplace Book deste ano. Numero todas as páginas. Guardo algumas páginas no final para um índice, E assim muita informação secundária e interessante não só é guardada como faz parte de um processo a que tenho fácil acesso.
Não é o verdadeiro Commonplace Book. Os puristas não gostarão de ver esse nome aplicado a esses cadernos. Mas é para mim.
E vocês? Com ajudam sua memória? Como guardam informações que um dia poderão vir a utilizar?
Natureza morta com peras, 1958
Alice Brueggemann (Brasil, 1917-2001)
óleo sobre tela
Pinacoteca Aldo Locatelli
Peras
Sylvio Pinto (Brasil, 1918 – 1997)
óleo sobre madeira, 27 x 22 cm.