Revendo a leitura da adolescência

5 10 2014

 

Charlie__Roberts_Hat_and_Glasses_2007 44 x 30 Inches  Gouache on PaperChapéu e óculos, 2007

Charlie Roberts (EUA, 1983)

guache sobre papel, 111 x 76 cm

 

 

Em um charmoso ensaio The Pleasure of Reading to Impress yourself, [O prazer de ler para impressionar a si mesma] publicado na revista The New Yorker, Rebecca Mead, escritora do cadre da revista, revela a lista de livros lidos que anotara a partir dos anos oitenta, ainda adolescente. Ela começa com Dr. Jivago, em 1983 e deixa de listar suas leituras quatro anos depois, em 1987, quando, já na faculdade, fazia crítica literária para um jornal universitário. O último item da longa lista é o livro de Malcolm Bradbury, Mensonge, uma sátira.

Rebecca Mead se redescobre ao ver, mais de vinte anos depois, a lista dos livros lidos. Percebe pela inclusão de muitos títulos que era uma leitora ambiciosa. “O que o meu caderno de títulos me oferece é o meu retrato dessa leitora, jovem mulher, ou um esboço de quem ela era. Eu queria ler muito, mas eu também queria ser bem instruída. O caderno é um pequeno registro dessa realização, mas é também um esboço de uma grande aspiração. Há prazer na ambição também.

Ela  lembra um ponto importante. Nesses anos de formação, de leituras que não são obrigatórias, que não são exigidas pela escola, digamos, nesses vãos de dias e horas livres o adolescente vai se conhecendo, tanto pelos livros chamados ‘comerciais’ que escolhe, como pelos ‘clássicos da literatura’. Muitos livros chegam às nossas mãos nessa época através de algum interesse romântico, através de uma amiga de infância, de alguém que se admira ou de quem queremos nos aproximar. Ela, como muitos adolescentes, comprava seus livros no sebo mais próximo e por uma quantia irrisória foi lendo o que estava dentro de seu orçamento. Daí a presença primeiro muitos clássicos americanos, editados muitas vezes, facilmente encontrados e outros livros mais comerciais. Levou um tempo para chegar aos clássicos ingleses, e mais ainda para vagar pela literatura internacional. Para isso usou a lista de publicação dos livros de bolso Penguin Classics como diretiva.

Foi uma volta ao passado e uma surpresa ao descobrir-se tão ambiciosa. E você? Que memórias tem das suas leituras nos anos formativos?


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6 responses

5 10 2014
Avatar de Gilberto Ortega Jr Gilberto

Muita literatura brasileira do Pós modernismo, de Cony a Graciliano Ramos

5 10 2014
Avatar de peregrinacultural peregrinacultural

Bom, muito bom! Você é mais ambicioso do que eu fui na minha época. Tive uma sólida base nos clássicos brasileiros. Adorava todos… Gostava imensamente das histórias passadas no Rio de Janeiro e no estado do Rio de Janeiro onde minha imaginação podia ir aos poucos passando pelas antigas ruas da capital… Mas, também li tudo mais que me caía nas mãos. Passei muitas horas, muito dias lendo… só isso. Veja resposta acima…

5 10 2014
Avatar de Maria Faria Maria Faria

Sempre li de tudo, dos clássicos aos livros para adolescentes, hoje chamados de YA. Machado de Assis me encantou com seu Dom Casmurro, eu gostava (ainda gosto) daquela estória muito dúbia. Depois vieram os clássicos sobre guerras, diários, biografias e outras histórias. Ler é o que há de melhor.

5 10 2014
Avatar de peregrinacultural peregrinacultural

Maria Faria, eu também li de tudo, clássicos brasileiros praticamente tudo de Alencar, Machado, Azevedo, Manuel de Macedo, etc, detetives, romances água-com-açúcar, crônicas brasileiras, um ou outro português do século XIX, eu me lembro por exemplo de sofrer com Camilo Castelo Branco… Hoje pensando no que li, acho que passei dias sem ter outras ocupações… Eu me lembro de ter lido alguns livros de política, poucas biografias, mas Mme Curie e Thomas Edison me impressionaram. Contos, li muitos contos. Muitos franceses, praticamente tudo de Guy de Maupassant. Algum teatro porque por uma fase pensei em ser diretora teatral…. rs… aos 15-16 anos… Nunca me vi no palco… mas na sombra… dirigindo… rs…rs..

5 10 2014
Avatar de Maria Faria Maria Faria

Li Camilo também e como era Sofrido! A tecnologia e as facilidades de hoje superam nossa época, mas as leituras que fizemos superam em qualidade e quantidade o que há disponível nos dias atuais.

6 10 2014
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Concordo com você Maria Faria!

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