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Aqueduto romano na Espanha, foto: Superstock
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Quem me conhece sabe: das civilizações antigas é a romana que me faz vibrar. A ingenuidade, a arquitetura, as estradas, o uso comum do espaço urbano, suas esculturas tudo me encanta na Roma antiga. Mas são suas construções o que mais me causam admiração. Por isso mesmo, não me passou despercebida a publicação no mês passado do artigo Roman Seawater Concrete Holds the Secret to Cutting Carbon Emissions [ O concreto romano submarino mostra o segredo da diminuição das emissões de carbono] que li na Science Daily. Puxa duas paixões conectadas num só artigo? Eu não podia deixar de ler.
Foi um quebra-mar de concreto romano, que passou os últimos dois mil anos submersos no mar Mediterrâneo, que deu a dica a uma equipe internacional de pesquisadores liderada por Paulo Monteiro, professor de engenharia civil e ambiental da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Analisando as amostras do material de construção desse quebra-mar os cientistas descobriram as razões do concreto romano ser superior ao mais moderno concreto, quando falamos de durabilidade e mais, porque é menos prejudicial ao meio ambiente.
É claro que o concreto usado hoje é bom, é excelente. Mas sua fabricação polui. 7% do dióxido de carbono colocado no ar vem da fabricação de cimento portland, que é o cimento comum, usado no mundo inteiro, nos nossos dias. Mas se fazer o cimento portland é necessário aquecer uma mistura de calcário e argilas a 1.450 graus centígrados, liberando carbono no processo de fabricação. Os romanos, por outro lado, usavam muito menos cal e com isso podiam produzir o cimento a uma temperatura muito mais baixa — 900 ˚C ou menos — exigindo muito menos combustível do que o cimento portland.
Os romanos faziam concreto através da mistura de cal e pedra vulcânica. Para estruturas subaquáticas, cal e cinzas vulcânicas foram misturados para formar a argamassa, e esta argamassa e tufos vulcânicos foram embalados em formas de madeira. A água do mar provocou imediatamente uma reação química quente. A cal hidratada – que incorporou as moléculas de água na sua estrutura – reage com as cinzas, cimentando o conjunto todo com a mistura.
Não só o uso de pedra vulcânica diminui o gás carbônico emitido na produção do cimento, como acaba produzindo cimento que ao invés de durar os 50 anos que o cimento portland dura, pode durar muito mais. Se hoje fazemos construções que durem 100 a 120 anos, se usássemos pedra vulcânica estaríamos fazendo construções para durarem 1.000 anos.
E a economia de se fazer pontes, edifícios e quaisquer outras estruturas que durem muitos séculos seria imensurável. Poderíamos muito bem aprender mais uma lição com os antigos romanos.
Para mais detalhes sobre essa descoberta não deixe de ver o artigo inteiro na Science Daily.