Fábula da Raposa e as Uvas — Bocage

1 02 2011

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A raposa e as uvas, ilustração de Calvet Rogniat.

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 A raposa e as uvas 

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                                         Bocage

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Contam que certa raposa,

Andando muito esfaimada,

Viu roxos, maduros cachos

Pendentes de alta latada.

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De bom grado os trincaria,

Mas sem lhes poder chegar,

Disse: “Estão verdes, não prestam,

Só os cães os podem tragar!”

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Eis cai uma parra, quando

Prosseguia seu caminho,

E, crendo que era algum bago,

Volta depressa o focinho.

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Manuel Maria de Barbosa l’Hedois du Bocage (Setúbal, 15 de Setembro de 1765 — Lisboa, 21 de Dezembro de 1805), Poeta português, possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano.  Árcade e pré-romântico, sonetista notável, um dos precursores da modernidade em seu país.


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3 responses

19 08 2014
Avatar de carla carla

Eu amooo este livro 😊

19 08 2014
Avatar de peregrinacultural peregrinacultural

🙂 Que bom!

8 03 2017
Avatar de XC XC

Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro
Lavre- me este epitáfio mão piedosa:

Aqui dorme Bocage o putanheiro,
Passou vida folgada e milagrosa,
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro.

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