A raposa e as uvas, ilustração de Calvet Rogniat.
—-
—–
A raposa e as uvas
—-
Bocage
——
Contam que certa raposa,
Andando muito esfaimada,
Viu roxos, maduros cachos
Pendentes de alta latada.
—–
De bom grado os trincaria,
Mas sem lhes poder chegar,
Disse: “Estão verdes, não prestam,
Só os cães os podem tragar!”
—–
Eis cai uma parra, quando
Prosseguia seu caminho,
E, crendo que era algum bago,
Volta depressa o focinho.
—–
—-
Manuel Maria de Barbosa l’Hedois du Bocage (Setúbal, 15 de Setembro de 1765 — Lisboa, 21 de Dezembro de 1805), Poeta português, possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano. Árcade e pré-romântico, sonetista notável, um dos precursores da modernidade em seu país.







Eu amooo este livro 😊
🙂 Que bom!
Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro
Lavre- me este epitáfio mão piedosa:
Aqui dorme Bocage o putanheiro,
Passou vida folgada e milagrosa,
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro.