—
Amar os outros
—
Antônio Correia de Oliveira
—
Olhai aquela abelha industriosa:
Como ela é bela! e viva! e diligente!
Parece a luz duma candeia ardente
Com asas, a esvoaçar, alegre e ansiosa.
—-
—
Como ela é bela! A vida, como a sente?
Que sentidos a trazem, cuidadosa,
Mal nasce o sol, lidando, rosa em rosa,
Em dourado zumbido tão contente?
—
—
Que sente? E como sente? Quem, ao certo,
Pudesse ler, como num livro aberto,
Mistérios de que a vida se rodeia…
—-
—-
Naquela abelha, encanta-me pensar
Que ela sabe que vive a trabalhar
Para o sustento e o amor de uma colméia.
—
—
Em: Antologia Poética para a infância e a juventude, Henriqueta Lisboa, MEC, Rio de Janeiro: 1961
—
—
—-
Antônio Correia de Oliveira ( Portugal, 1878 —1960) poeta. Estudou no seminário de Viseu, indo depois para Lisboa onde trabalhou como jornalista no Diário Ilustrado. Ladainha (1897)
Obras:
Eiradas (1899)
Cantigas (1902)
Raiz (1903)
Ara (1904)
Tentações de S. Frei Gil (1907)
Elogio dos Sentidos (1908)
Alma Religiosa (1910)
Dizeres do Povo (1911)
Romarias (1912)
A Criação. Vida e História da Árvore (1913)
A Minha Terra (1915-1917)
Na Hora Incerta (Viriato Lusitano) (1920)
Verbo Ser e Verbo Amar (1926)
Mare Nostrum (1939)
História Pequenina de Portugal Gigante (1940)
Aljubarrota ao Luar (1944)
Saudade Nossa (1944)
Redondilhas (1948)
Azinheira em Flor (1954)
Deixe um comentário