Carnaval em Madureira, 1924
Tarsila do Amaral ( Brasil, 1886 – 1973)
óleo sobre tela, 76 x 63 cm
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Na postagem anterior, um texto de Ruy Castro, há uma referência ao samba Pelo Telefone, do compositor Donga. Posto aqui a letra assim como um vídeo para ilustração.
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Pelo Telefone
Compositor: DONGA
O chefe da folia
Pelo telefone manda me avisar
Que com alegria
Não se questione para se brincar–
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Ai, ai, ai
É deixar mágoas pra trás, ó rapaz
Ai, ai, ai
Fica triste se és capaz e verás—
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Tomara que tu apanhe
Pra não tornar fazer isso
Tirar amores dos outros
Depois fazer teu feitiço —
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Ai, se a rolinha, sinhô, sinhô
Se embaraçou, sinhô, sinhô
É que a avezinha, sinhô, sinhô
Nunca sambou, sinhô, sinhô
Porque este samba, sinhô, sinhô
De arrepiar, sinhô, sinhô
Põe perna bamba, sinhô, sinhô
Mas faz gozar, sinhô, sinhô
O “peru” me disse
Se o “morcego” visse
Não fazer tolice
Que eu então saísse
Dessa esquisitice
De disse-não-disse—
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Ah! ah! ah!
Aí está o canto ideal, triunfal
Ai, ai, ai
Viva o nosso carnaval sem rival
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Se quem tira o amor dos outros
Por deus fosse castigado
O mundo estava vazio
E o inferno habitado
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Queres ou não, sinhô, sinhô
Vir pro cordão, sinhô, sinhô
É ser folião, sinhô, sinhô
De coração, sinhô, sinhô
Porque este samba, sinhô, sinhô
De arrepiar, sinhô, sinhô
Põe perna bamba, sinhô, sinhô
Mas faz gozar, sinhô, sinhô
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Quem for bom de gosto
Mostre-se disposto
Não procure encosto
Tenha o riso posto
Faça alegre o rosto
Nada de desgosto
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Ai, ai, ai
Dança o samba
Com calor, meu amor
Ai, ai, ai
Pois quem dança
Não tem dor nem calor
O chefe da polícia
Com toda carícia
Mandou-nos avisá
Que de rendez-vuzes
Todos façam cruzes
Pelo carnavá!…
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Em casas da zona
Não entra nem dona
Nem amigas sua
Se tem namorado
Converse fiado
No meio da rua.
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Em porta e janela
Fica a sentinela
De noite e de dia;
Com as arma embalada
Proibindo a entrada
Das moça vadia
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A lei da polícia
Tem certa malícia
Bastante brejeira;
O chefe é ranzinza
No dia de “cinza”
Não quer zé-pereira!
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Coro (civis)
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Me dá licença, não dou, não dou
Faça favô, não dou, não dou
Pra residença, não dou, não dou
Com pressa vou, não dou, não dou
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Coro (madamas)
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Do chefe é orde? não vou, não vou
Sua atrevida, não vou, não vou
Entrar não pode, não vou, não vou
Vá pra avenida, não vou, não vou.
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Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos)
(Compositor e violonista)
5/4/1889, Rio de Janeiro (RJ)
25/9/1974, Rio de Janeiro (RJ)
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