
Santo Antônio de Pádua, 1941*
Cândido Portinari, ( SP, 1903 – RJ, 1962)
Pintura mural à têmpera – 180 x 75 cm
Casa de Portiinari, Brodowski, SP
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NOTA: Uma amiga da peregrina mandou a seguinte informação depois de visitar Brodowski, terra natal de Cândido Portinari sobre a tela que ilustra a poesia abaixo. Em suas palavras: “A guia nos contou que Portinari pintou Santo Antônio como pagamento por uma promessa feita, quando seu filho se encontrava muito doente. O quadro foi doado à pequena igreja da praça, em frente à casa dos Portinari, com a promessa de que nunca seria retirado da igreja (e nem vendido)”. Achei essa informação muito interessante e passo para vocês. Obrigada, Marilda.
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Chegamos ao dia 30 de junho e não postei nada, absolutamente nada, sobre as festas juninas. Que vergonha! Gosto muito delas. Principalmente daquelas mais singelas, de cidade do interior, sem lantejoulas nem paetês, sem competição de grupos de quadrilhas, sem essa grandiosidade de escola de samba que anda invadindo as comemorações de época. Gostava mais quando essas festas estavam mais relacionadas ao fim da época da colheita e ao início de um inverno abarrotado com os produtos da terra. Mas este ano não me lembrei de postar coisa alguma para a época. Portanto, acabo o mês, tocando vagamente no assunto, com uma poesia do poeta paulista Walter Nieble de Freitas, que de relacionamento com as festas juninas só tem mesmo o santo… Divirtam-se:
ESTA É BOA
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Walter Nieble de Freitas
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Para comprar uma imagem
De Santo Antônio, um caipira
Entra na loja de um árabe,
É atendido e se retira.
Leva o precioso objeto,
Muito contente e feliz,
Sem saber que o esperto sírio
Lhe vendera um São Luiz.
Dali dirige-se ao templo
E ao padre, diz comovido:
Aqui trago um Santo Antônio
Para que seja benzido.
— Santo Antônio, explica o padre,
Traz consigo uma criança;
O que você trouxe é a imagem
De São Luiz, o rei de França.
Desapontado, o caboclo
Dispara feito uma bala;
Entra na loja do árabe
E deste modo lhe fala:
— O senhor é um mentiroso
Que nunca sabe o que diz.
Em lugar de Santo Antônio
Me vendeu um São Luiz!
Nunca mais queira fazer
Seus fregueses de palhaços:
Santo Antônio sempre teve
Uma criança nos braços!
— Eu sei disso exclama o sírio,
Muito seguro e matreiro:
Você levou Santo Antônio
Quando ainda era solteiro!
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Em: Poetas Paulistas: antologia, ed. Pedro de Alcântara Worms, Rio de Janeiro, Conquista:1968.
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Walter Nieble de Freitas ( Itapetininga, SP) Poeta e educador, foi diretor do Grupo Escolar da cidade de São Paulo.
Obras:
Barquinhos de papel, poesia, 1963
Mil quadrinhas escolares, poesia, 1966
Desfile de modas na Bicholândia, 1988
Simplicidade, poesia, s/d
Chico Vagabundo e outras histórias, 1990