Outono em Foz do Iguaçu, Brasil.
OUTONAL
(Lendo Mário Pederneiras)
O Outono é lânguido e doce…
Em tudo os mesmos tons fanados,
A mesma luz pálida e frouxa.
— O Outono é como se fosse
Ocasos alongados…
Sempre a meia tinta roxa
Dos clarões crepusculares.
Tudo vago, indeciso…
Entre a neblina cinzenta, diviso
Um lenço branco, como a enviar saudades…
Pela paisagem anda esparsa
A sombra, a melancolia…
Às montanhas envolve a névoa garça.
O melro um triste canto preludia…
São velhos os troncos
A paisagem sem viço e sem frescura:
Ao longe os penedos broncos
Projetam sombra escura…
Sinto o ritmo nostálgico do Outono
Na cor, na luz, no soluçar das águas…
Ao vento, bailam folhas amarelas,
A Natureza dorme um calmo sono,
Há em tudo um lamento impreciso de mágoas,
Erram na bruma sugestões de velas…
O Outono é plácido, macio,
Nele vive dispersa,
A saudade dolente do estio…
Cantagalo — 1926.
Em: Aurora de Símbolos, Rio de Janeiro, Edições Laemmert: 1942
Eduardo Victor Visconti ( Salvador, BA 1906 — 1998) poeta, contista, ensaísta, sociólogo, crítico de arte, professor, jornalista, membro Acad. Letr. RJ.
Obras:
Aurora de símbolos 1942
Poemas do meu abismo 1969
Samburá de ritmos 1989
Sociólogo dos sertões 1968
Últimos queixumes 1926
Vidas desiguais 1962
Vocação do abismo 1980
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Outras postagens sobre esta estação do ano:





Gostaria de informar que tive o prazer de conhecer o Eduardo Victor Visconti, tivemos diversas conversas e discussões em Copacabana, mais precisamente na Adega Pérola. Seu falecimento ocorreu em 1998 como não foi acima informado.
Puxa, muito obrigada pela informação. Em geral procuro por essas datas, mas nem sempre consigo achá-las. Esta é uma postagem antiga, de 2009, e acho que nunca mais me ocorreu procurar pela informação. Agradeço a atenção e a visita.
Meu Deus! Finalmente encontro alguém que conhece o Seu Visconti. Escrevo um livro onde ele é um dos muitos personagens. Um gênio! E doido.
De nada. Atrasado
Boa sorte no seu livro… Sim mais de uma pessoa o conhece!