Ilustração de Walter Crane, 1878
Soneto LXXII
Paula Brito
“Quem pode ver-te sem querer amar-te!
Quem pode amar-te sem morrer de amores!…
(Maciel Monteiro)
Amo-te… e de te amar não me arrependo,
Bem que seja este amor, amor perdido!
Oh! se nunca te houve conhecido,
No fogo, em que ardo, não vivera ardendo!
Vejo o que fazes, e estou nisso vendo
Rasgos de amor de um coração ferido!
Também amei, também tenho sofrido,
Amo também, também estou sofrendo!…
Não me queixo de ti, não, certamente;
O teu futuro, por teu mal, te obriga
Ao penoso martírio do presente!
Aqui tens a razão que a ti me liga:
“Se te sigo, me pedes que me ausente;
Se me ausento, me pedes que te siga!…”
Em: Poesias, Francisco de Paula Brito, Rio de Janeiro, 1863, edição digitalizada, Biblioteca Nacional.
PS: atualizei ao máximo a ortografia que já mudou muito nestes últimos 150 anos.


Ilustração, Walter Crane, 1878.
Henry David Thoreau (1817 -1862)





