Domingo, poesia de Maria Thereza de Andrade Cunha

17 07 2016

 

Dia chuvoso, Cover illustration of the Sunday Magazine of the Minneapolis Journal (February 28, 1915)Dia de chuva, Capa da Revista de Domingo do Minneapolis Journal, 1915.

 

 

Domingo

 

Maria Thereza de Andrade Cunha

 

 

Domingo tristonho, de chuva, de vento.

Domingo de tédio, domingo nevoento.

Não vens. Todo o dia te espero, cansada;

Casais amorosos lá vão, na calçada,

E eu fico sozinha. Não vens.

Abandono…

Domingo de tédio, de bruma, de sono.

As mãos muito frias, a fronte pendida,

— Domingo sem cores… Domingo sem vida… —

Vidraça gelada que aos poucos se embaça:

Meu rosto apoiado de encontro à vidraça,

E a rua tão longa, tão triste, tão fria…

— Domingo chuvoso, de lenta agonia…

 

 

Em:  É primavera… escuta., Maria Thereza de Andrade Cunha, Rio de Janeiro, 1949, p.106.

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Destino, poema de Menotti del Picchia

10 03 2016

 

 

Goeldi,Oswaldo(1895-1961)pescador,1973,xilo,25x37Pescador, 1973

[Tiragem póstuma por Reynal]

Oswaldo Goeldi (Brasil, 1895-1961)

Xilogravura policromada

 

 

Destino

 

Menotti del Picchia

 

 

Amanhã eu vou pescar.

 

Há um peixe fatalizado

que a Ritinha vai guisar

na panela de alumínio

que brilha mais que o luar.

Hoje ele está no seu líquido

e opaco mundo lunar,

pequena seta de prata

furando a carne do mar.

 

Qual será? O bagre flácido

de cabeça triangular?

O lambari que faísca

como uma mola a vibrar?

O feio e molengo polvo,

monstruoso, tentacular?

O peixe-espada, de níquel,

a viva espada do mar?

 

Hoje estão vivos e lépidos

os lindos peixes do mar.

Amanhã…

 

Nem pensem nisso!

 

Amanhã eu vou pescar…

 

 

Em: Entardecer, Menotti del Picchia, São Paulo, MPM propaganda: 1978, p. 55.





Elogio do Bem, poesia de Cleómenes Campos

10 02 2016

 

colheita de frutasDesconheço a autoria dessa ilustração.

 

Elogio do bem

Cleómenes Campos

 

 

Amigo, faze o bem: esse prazer dispensa

a maior recompensa:

 

— Aqueles frutos saborosos

que o teu vizinho colhe, às vezes, a cantar,

custaram com certeza, os trabalhos penosos

de alguém que já sabia

que nunca em sua vida, os colheria…

 

Mas nem por isso os deixou de plantar.

 

 

Em: Poesia Brasileira para a Infância, Cassiano Nunes e Mário da Silva Brito, São Paulo, Saraiva: 1967, Coleção Henriqueta, p. 87.





Quadrinha da erosão

11 11 2015

 

 

fazenda, trabalho naIlustração anônima.

 

Sempre que as águas da chuva

Levam a terra do chão,

O solo sofre um desgaste

Que chamamos de erosão.

 

 

Em: 1001 Quadrinhas Escolares, Walter Nieble de Freitas, São Paulo, Difusora Cultural:1965





“Advinha”, de Leonel Neves

24 08 2015

 

 

coelhinho  tibúrcio com cenoura, Belli StudioCoelhinho Tibúrcio com cenoura, ilustração Belli Studio.

 

Advinha

 

Leonel Neves

 

Com quatro patinhas, o rabo curtinho,
Orelhas compridas, peludo – é verdade –
E sempre a mexer o nariz quando come,
Louco por cenouras e alfaces, louquinho,
Há tanto no campo como na cidade.

 

O nome não digo. Qual é o seu nome?

 

 

Em: Bichos de trazer por casa: poemas para crianças, Lisboa, Livros Horizonte: 1981, 3ª ed.





Quadrinha da laranjada

12 08 2015

 

lanche, leonard shortallIlustração, Leonard Shortall.

 

Quando faz muito calor

Em lugar de água gelada

É melhor para a saúde

Uma boa laranjada

 

 

Em: 1001 Quadrinhas Escolares, Walter Nieble de Freitas, São Paulo, Difusora Cultural:1965





As virtudes, poesia de Alphonsus de Guimaraens

7 08 2015

 

3 girlsTrês meninas, autoria desconhecida.

 

As virtudes

 

Alphonsus de Guimaraens

 

 

São três irmãs, são três flores,

feitas de raios de luz.

Plantou-as, entre fulgores,

a mão santa de Jesus.

 

Uma é a Fé, outra, a Esperança,

vem a Caridade após…

Feliz de quem as alcança!

Vivem sempre junto a nós.

 

São belas como princesas.

A Caridade  é talvez,

neste mundo de incertezas,

a mais formosa das três.

 

 

Em: Antologia Poética para a Infância e a Juventude, Henriqueta Lisboa, Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro: 1961, pp: 62-3





À tarde na varanda, poesia de Maria Thereza de Andrade Cunha

30 06 2015

 

José Maria Ribeiro,Paisagem, ost,1979, 50 x 40 cmPaisagem, 1979

José Maria Ribeiro (Brasil, contemporâneo)

óleo sobre tela, 50 x 40 cm

www.josemariaribeiro.com

 

 

À tarde, na varanda

 

 

Maria Thereza de Andrade Cunha

 

Desce,

sonora

como uma prece,

que canta e chora,

a voz do sino…

Seis horas. Voa

uma ave, a toa,

sem destino!…

Na serra em frente,

languidamente,

o sol desmaia.

A brisa bole

na folha mole

da samambaia,

que se despenca

da jarra.

Uma cigarra

chia, estridente.

Virente,

um pé de avenca,

num canto escuro

do muro,

dorme tranquilo.

Cricrila um grilo.

Rosas vermelhas,

despetaladas,

tombam cansadas.

Abelhas

voam ainda,

na tarde linda.

Das trepadeiras

pendem flores

de muitas cores.

Nuvens douradas

vão apressadas,

ligeiras…

Aonde irão?

— O vento as leva;

logo, na treva,

morrerão.

Nesse momento

o firmamento

é ouro e azul.

Taful,

a ramaria,

verde, se agita.

É o fim do dia.

Que luz bendita

nos alumia!

Depois, violeta

se há de tornar

a tarde

que arde.

— Pintor

pega a palheta,

por favor,

e vá copiar

na tela

a tarde bela!

…Tão colorida

que é a vida.

 

 

Em:  É primavera… escuta., Maria Thereza de Andrade Cunha, Rio de Janeiro, 1949, p.65-67.





Fadas e Bruxas, poesia infantil de Roseanna Murray

29 06 2015

 

 

feitiçoMadame Min joga um feitiço, ilustração Walt Disney.

 

 

Fadas e Bruxas

 

Roseanna Murray

 

Metade de mim é fada,
a outra metade é bruxa.
Uma escreve com sol,
a outra escreve com a lua.
Uma anda pelas ruas
cantarolando baixinho,
a outra caminha de noite
dando de comer à sua sombra.
Uma é séria, a outra sorri;
uma voa, a outra é pesada.
Uma sonha dormindo,
a outra sonha acordada.

 

 

Em: Pera, Uva ou Maçã, Roseanna Murray, ed. Scipione: 2005





Quadrinha das cores no sinal

2 06 2015

 

 

atravessar a rua

 

O amarelo diz: espere!

O verde manda passar

E o vermelho nos avisa

Que é proibido avançar.

 

 

Em: 1001 Quadrinhas Escolares, Walter Nieble de Freitas, São Paulo, Difusora Cultural:1965