250 anos de Turner!

14 08 2025

A queima das Casas dos Lordes e dos Comuns, 16 de outubro de 1834, 1835

Joseph Mallord William Turner (Inglaterra, 1775-1851)

óleo sobre tela, 92 x 123 cm

Cleveland Museum of Art

 

Turner foi um mestre da luz. E sua arte teve influência marcante ainda que serena no desenvolvimento impressionismo. Ainda que inglês e trabalhando principalmente na representação de paisagens, ele trouxe para a pintura do século XIX,  algo muito inovador: a observação da luz, a pintura com aspectos da captura ao ar livre. 

 

 

Chuva, vapor e velocidade – A Grande Estrada de Ferro do Oeste, 1840

Joseph Mallord William Turner (Inglaterra, 1775-1851)

óleo sobre tela, 91 x 122 cm

National Gallery, Londres

 

Chuva, vapor e velocidade – A Grande Estrada de Ferro do Oeste, acima, é um excelente exemplo dessa contribuição que Turner deu à pintura da geração seguinte.  Vemos nessa tela a difusão da luz, já que a cena tenta reproduzir o trem, passando pela Ponte da Estrada de Ferro em Maidenhead, sobre o rio Tâmisa, numa tarde de chuva. 

Vale lembrar que até a metade do século XIX, pintores não se dedicavam à pintura ao ar livre.  Ao ar livre fazia-se desenhos a carvão, a nanquim, pequenos estudo, mas a pintura das telas era toda feita nos estúdios. Turner traz tanto para essas paisagens com a atmosfera mais diluída, como as telas reproduzidas acima clara observação da luz na natureza, como encontramos também a mesma preocupação sobre os efeitos e reflexos da luz na paisagem urbana, como a abaixo. 

 

Veneza vista da Giudecca, 1840

Joseph Mallord William Turner (Inglaterra, 1775-1851)

óleo sobre tela, 61 x 91 cm

Victoria & Albert Museum, Londres

 

Ainda que o efeito seja semelhante ao dos impressionistas trabalhando trinta anos mais tarde, a diferença está na maneira de pintar e na separação das cores que ocorre nas obras da segunda metade do século XIX, na França.  Vale a pena dar uma vista d’olhos nas obras de Turner. 





Turner, anotações de Murilo Mendes

28 01 2016

 

 

111turnePaisagem com rio e baía ao fundo, 1835-40

Joseph Mallord William Turner (GB, 1775-1851)

óleo sobre tela, 93 x 123 cm

Museu do Louvre, Paris

 

 

♦  Vive? Pseudônimo, isolado numa casa de Chelsea, domínio da desordem e da poeira. O irmão de Ruskin refere que nunca viu nada tão impressionante “desde Pompéia”.

 

♦  Ignoram-no os acadêmicos ou não. Entre sábado e segunda-feira eclipsa-se na periferia londrina, instala-se nos bordéis: decifrará ou não o enigma do sexo, suas cores mordentes?

 

♦  Habita, familiar, a faixa do relâmpago, as ruínas do maremoto, a chama extinta, o reino das ondas giróvagas, o balanço dos navios correlativos, a fantasmagoria de Veneza que dorme esquecida em si própria, auto-espectra, a subversão da luz. Não “representa” coisa alguma. O pincel clandestino precede a marcha do impressionismo.

 

♦  É William Turner. A luz interna e a luz externa conjugam-se no seu quadro, onde a manhã anoitece.

 

1973

 

Em: Transístor, Murilo Mendes, Rio de Janeiro, Nova Fronteira: 1980, p. 217.