Não conheço a autoria dessa imagem. Só há uma fonte na internet para ela. Reproduzida muitas vezes. Não confio. Tenho a impressão de que é feita por IA, ainda que alguns atribuam a um pintor do final do século XIX. Nem vou mencionar seu nome para evitar que um rumor se propague. Totalmente fora de seu estilo. É no entanto uma interessante superimposição ao texto que segue. Serve também para alertar a todos vocês que aqui aparecem que há horas em que temos que confiar nos nossos instintos.
“O som do relógio, que expulsara o silêncio, morria em vibrações cada vez mais ténues e distantes. Depois de apagar todas as luzes, Justina foi sentar-se numa cadeira, perto da janela que dava para a rua. Gostava de ali estar, imóvel, desocupada, as mãos abandonadas no regaço, os olhos abertos para a escuridão, à espera nem ela sabia de quê. A seus pés veio enroscar-se o gato, seu único companheiro de serões. Era um animal tranquilo, de olhos interrogadores e andar sinuoso, que parecia ter perdido a faculdade de miar. Aprendera com a dona o silêncio e, como ela, a ele se abandonava.”
Em: Claraboia, José Saramago, Cia das Letras. Original de 1953, publicação póstuma em nova edição.






