Interior do Forte dos Reis Magos II, 2006,
Dagmar Medeiros (Brasil, contemporâneo)
óleo sobre tela
GUAP, Natal, RN
Interior do Forte dos Reis Magos II, 2006,
Dagmar Medeiros (Brasil, contemporâneo)
óleo sobre tela
GUAP, Natal, RN
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Acari, RN, 2006
Gerlúzia Alves(?)
aquarela, bico de pena
GUAP, Natal, RN
Túlio Mugnaini (Brasil, 1895-1975)
Óleo sobre tela colado em madeira, 27 x 30 cm
Coleção Particular
Palmira Wanderley
Termina Agosto… A pitangueira flora…
A úmbela verde cobre-se de alvura;
E, antes que Setembro finde a aurora,
Enrubece a pitanga… Está madura.
Da flor, o fruto é de esmeralda, agora…
Num topázio, depois, se transfigura,
E, pouco a pouco, um sol de estio a cora,
Dando a cor dos rubis à canadura.
A pele é fina, a carne é veludosa,
Vermelha como o sangue, perfumosa
Como se humana a sua carne fosse…
Do fruto, às vezes, roxo como o espargo,
A polpa tem um travo doce-amargo,
— O sabor da Saudade, amargo e doce…
Em: Panorama da Poesia Norte- Rio-Grandense, Rômulo C. Wanderley, Rio de Janeiro, Edições do Val: 1965, p. 144-5.
Pedro Joseph de Lemos (EUA, 1882-1954)
pastel e carvão sobre papel tecido cinza
Agnelo de Souza
Hora crepuscular! Tarde. Agonia.
Dobres de sinos, murmurar de prece!
Luz benfazeja que desaparece,
Deixando na alma funda nostalgia.
Serenamente vai morrendo o dia
E o véu da noite sobre a terra desce!
É o véu sombrio que ela mesma tece
Para o noivado da melancolia!
Hora de tédio e de recolhimento,
Hora criada para o meu tormento,
Hora feita de prantos e gemidos!…
Dentro de ti e pela noite densa,
Passam gemendo, nessa mágoa imensa,
Sonhos desfeitos, corações partidos.
Em: Panorama da poesia norte-rio-grandense, Rômulo C. Wanderley, Rio de Janeiro, Edições do Val: 1965, p. 155.
–
–
Amadeu Luciano Lorenzato (Brasil, 1900-1995)
óleo sobre eucatex, 48 x 36 cm
Coleção Particular
–
–
Maurílio Leite
–
Quando o sol nasce em pompa radioso
De luz banhando o universo inteiro,
O girassol desperta no canteiro
Para seguir-lhe o rastro luminoso.
–
E fica assim, à terra preso e em gozo,
Apesar da distância o rotineiro,
Corola aberta ao beijos do luzeiro,
Cada vez mais distante e mais formoso.
–
Comparo o girassol à nossa lida;
Cada vez a distância é mais sentida
No infinito do espaço em que vivemos.
–
Vivo sempre a seguir-te em pensamento,
Não poder alcançar-te é o meu tormento.
Sou como a flor… tu és meu sol … Giremos.
–
* Este soneto foi musicado pelo autor.
–
Em: Panorama da poesia norte-riograndense, coletado por Rômulo C. Wanderley, Rio de Janeiro, Edições do Val: 1965, introdução Luiz da Câmara Cascudo.
–
Maurílio Leite (RN 1904- RJ 1939) nasceu em Natal, no Rio Grande do Norte em 1904. Foi aluno do Grupo Escolar Augusto Severo, e depois do Ateneu Norte-Riograndense e da Escola de Comércio de Natal. Desde o curso primário demonstrou vocação para a música e para a poesia. Mudou-se para o Rio de Janeiro onde continuou compondo versos e músicas, aproveitando temas folclóricos e líricos. Percorreu o Brasil como musicista e compositor. Morreu subitamente em 1939, no Rio de Janeiro, após executar uma das Polonaises de Chopin. Em 1942, seus restos mortais foram trasladados para o Cemitério do Alecrim em Natal.
–
–
Marinha, 1965
Heitor de Pinho (Brasil, 1897-1968)
Óleo sobre cartão, 25 x 40 cm
Coleção Particular
–
–
Américo Macedo
–
–
Estala a ventania! O mar bravio,
Ruge, como uma hiena acorrentada!
O céu de chumbo, cúpula pesada,
Mostra-se escuro, umbrático e sombrio!
–
A chuva cai pesadamente! O frio
Corta, como uma lâmina afiada!
E muito ao longe ecuta-se a balada
Dos sapos a cantar n’água do rio.
–
O raio corta o espaço enfurecido,
Em ziguezagues prófugos e cresce
O fragor do trovão, enraivecido!
–
E sobe… e sobe a intérmina caudal!
E a água é tanta e tanta, que parece
Um segundo dilúvio Universal!
–
–
Em: Panorama da Poesia Norte Rio-grandense, Rômulo Wanderley, Natal, Edições do Val: 1965, prefácio de Luís da Câmara Cascudo.
–
–
Américo Soares de Macedo, ( 1877- 1948) nasceu em Assu, no Rio Grande do Norte a 29 de dezembro de 1877. Funcionário da Prefeitura Municipal. Morreu modestamente em 2 de janeiro de 1948.
–
Obras:
Sombras, poesia, 1945