A justiça do leão, fábula de Claude Augé

1 07 2025
Ilustração anônima, início do século XX.
 
 
A justiça do leão

Claude Augé

 

 

O leão sentado em seu trono e tendo a seu lado seu ministro urso, um dia dava audiência a seu povo.  A ovelha veio chorando reclamar que seu pequeno cordeirinho havia sido raptado na noite anterior.  O leão examinou com cuidado a fisionomia de todos que o rodeavam, porque o crime em geral se revela na face do culpado.

— Não fui eu o autor do crime, logo gritou o lobo.  Não, senhor, já há muitos dias estou indisposto o que me obrigou a uma dieta; digo a verdade, não fui eu!

— Foi você! respondeu o leão. Por se defender quando ninguém ainda havia lhe acusado, você se acusou a você mesmo;  você devorou o carneirinho e o urso vai lhe dar a mesma sina.

Sem demora, o lobo foi castigado com pela ferocidade do urso.  Alguns dias depois testemunhas oculares declararam que o lobo realmente havia sido o culpado. 

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Traduzido do francês e adaptado por Ladyce West. Publicação de 1911, em domínio público. Ilustração original





Manhã na Roça, poesia infantil de Alda Pereira da Fonseca

15 07 2008

 

Fazenda em São Paulo, Lucia de Lima (Brasil, contemporânea), A/T.

Fazenda em São Paulo, Lucia de Lima (Brasil, contemporânea), A/T.

MANHÃ NA ROÇA

 

 

O sol clareia o horizonte,

Canta o galo no poleiro,

Bala a ovelhinha no monte,

Piam pintos no terreiro.

 

A fazenda despertou,

Num ruído alvissareiro.

Na roça o sol já encontrou

O matutino roceiro.

 

Tudo então vibra e se agita,

Nos trabalhos da lavoura,

Enquanto a ave saltita,

Na ramagem que o sol doura.

 

A vaca chama o terneiro,

Que ainda dorme no curral!

Mais longe grunhem cevados,

Grasnam patos no quintal.

 

Eis a vida que desperta,

Para o penoso labor,

Que dará colheita certa

De lucro compensador.

 

Alda Pereira da Fonseca

 

 

Do livro:

Terra Bandeirante: a vida na cidade e na roça no Estado de São Paulo, 2° ano do curso básico, Theobaldo Miranda Santos, Agir: 1954, RJ

 

 

Alda Pereira da Fonseca (RJ, 1882 – ?) — Cientista carioca, especializou-se na área da botânica e representou o Ministério de Agricultura em várias comissões nacionais e também em viagem de estudos ao exterior. Além da área científica, Alda  foi romancista, cronista, contista, poeta, novelista, roteirista, escritora de Literatura Infantil.

 

Lúcia de Lima, (RJ) – professora, arquiteta, pintora, artista plástica, trabalhando no Rio de Janeiro.

http://www.luciadelima.com.br

 

 

 

 





Vozes dos animais, poema de Pedro Diniz

13 07 2008

Animais da fazenda, ilustração de Steve Morrison

Animais da fazenda, ilustração de Steve Morrison

 

 

VOZES DOS ANIMAIS

 

Muge a vaca; berra o touro;

Grasna a rã; ruge o leão;

O gato mia; uiva o lobo;

Também uiva e ladra o cão.

 

Relincha o nobre cavalo;

Os elefantes dão urros;

A tímida ovelha bala;

Zurrar é próprio dos burros.

 

Sabem as aves ligeiras

O canto seu variar:

Fazem às vezes gorjeios

Às vezes põem-se a chilrar.

 

Bramam os tigres, as onças;

Pia, pia o pintinho;

Cucurica e canta o galo;

Late e gane o cachorrinho.

 

A vitelinha dá berros;

O cordeirinho, balidos;

O macaquinho dá guinchos;

A criancinha vagidos.

 

 

Pedro Diniz

 

 

 

Criança brasileira, Theobaldo Miranda Santos, Agir: 1950, Rio de Janeiro