Natureza maravilhosa: Peixe cúbico de bolinhas

12 03 2017

 

 

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Não encontrei o nome desse peixe em português, o que usei é uma tradução minha.  Alguém sabe como se chama?  Em latim, é conhecido como Ostracion cubicus. Quando jovem parece uma caixinha amarela de bolinhas pretas (isso me lembra aquela música “Yellow Polka-dot Bikini”).  Mas muda de cor, quando fica mais velho… o amarelo vai se apagando…  Uma foto abaixo mostra um espécime  mais velho.

Ele é natural dos lugares longínquos para nós brasileiros: oceanos Pacífico e Índico.  Come algas, esponjas, crustáceos, moluscos e pequenos peixes. E tem uma maneira interessante de se defender, quando precisa, solta uma proteína líquida, venenosa para outros peixes.  Não vive em cardumes, é solitário.

Mas… vejam bem, em 2006 foi musa inspiradora de um carro da companhia Mercedes Benz — Carro Biônico.

 

800px-Kofferfisch_(Ostracion_cubicus)_02Espécime mais velho.

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Mercúrio na Baía de Guanabara, RJ

17 04 2009

baia-com-pescadorVista parcial da Baía de Guanabara, RJ, com pescador e o Corcovado ao fundo.  Foto:  Ladyce West

 

 

 

 

 

 

 

 

O jornal O Globo de hoje, na seção Ciências, traz um artigo sobre os níveis de mercúrio encontrados nos animais que freqüentam as águas da Baía de Guanabara no Rio de Janeiro.  

 

Estudo feito pelo biólogo Jaílson Fulgêncio de Moura da Escola Nacional de Saúde Pública (Enso/Fiocruz) mostra que as águas da Baía de Guanabara apresentam altos níveis de contaminação por mercúrio.  Como já explicamos aqui neste blog [ Aumenta o nível de mercúrio no oceano, 16/4/2009] todos nós sofremos com o envenenamento por mercúrio.  Mas os problemas são ainda piores para as mulheres grávidas, cujo consumo de mercúrio pode causar problemas neurológicos nos fetos.

 

Jaílson de Moura analisou o nível de mercúrio nos golfinhos que visitam a Guanabara, mais especificamente o boto-cinza, que se alimenta de peixes, entre eles muitos peixes consumidos pelo homem.    O estudo, iniciado em 2002, se concentrou no golfinho, porque este mamífero em geral acumula em seu organismo substâncias contaminantes encontradas no meio ambiente.  

 

Além do mais, trata-se de uma espécie que ocorre até cinqüenta metros de profundidade, ou seja, é um animal de regiões costeiras, que são as que sofrem mais impacto das atividades humanas, explicou o biólogo.

 

As águas da Baía de Guanabara recebem uma grande quantidade de dejetos industriais, o que explica o aparecimento do mercúrio nos golfinhos estudados.  Além do mais estes botos vivem aproximadamente 30 anos, o que ajuda aos especialistas a analisar o tempo de exposição e consumo de mercúrio que estes animais tiveram ao longo de suas vidas.

 

Apesar de não termos os níveis assustadores de contaminação de mercúrio já encontrados em golfinhos na Ásia, cada vez mais, vemos a necessidade de imediata atenção na recuperação das águas da Guanabara, na limpeza, na despoluição da baía.

 

 

 





Aumenta o nível de mercúrio no oceano

16 04 2009

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Peixes, sd

Henri Carrières [Henri Laurent Yves Carrières]

(França, 1947—radicado no Brasil desde 1952)

Óleo sobre tela

 

 

 

 

Num artigo da revista NATURE, cientistas alertam para o aumento dos níveis de mercúrio no Oceano Pacífico.  Isso pode significar que mais metilmercúrio, uma neurotoxina humana formada quando o mercúrio é metilado por micróbios, se acumule em peixes marinhos como o atum.

 

Tradicionalmente a preocupação com a concentração de mercúrio na atmosfera era o centro das preocupações entre cientistas.  Mas agora estes números estão começando a se ampliar e busca-se,  num quadro mais amplo, o ciclo do mercúrio. As diretrizes do governo norte-americano quanto ao teor aceitável de metilmercúrio em peixes está agora sob revisão.

 

Elsie Sunderland, bióloga da Universidade Harvard, e seus colegas procuram por um possível mecanismo para a metilação de mercúrio no oceano.  Não se sabe exatamente de que maneira o mercúrio atmosférico – quer lançado diretamente no oceano, quer transportado pelos rios ou depósitos costeiros – é metilado e por fim absorvido pelos peixes.  Desta maneira representa uma das fontes primárias de exposição humana ao metilmercúrcio.

 

Os pesquisadores recolheram amostras na parte leste do Pacífico Norte, uma área que também havia sido monitorada em cruzeiros de pesquisa conduzidos por cientistas norte-americanos em 1987 e 2002.  Eles estimam que o mercúrio metilado seja responsável por altas taxas de até 29% de todo o mercúrio contido nas águas do oceano.  Menores concentrações estão presentes em massas de água mais profundas. A análise dos dados desenvolvidos pelo grupo indica que a deposição atmosférica de mercúrio  pode duplicar até 2050.  Se considerarmos os níveis existentes em 1999.

 

A equipe de Sunderland também encontrou uma relação entre os níveis de mercúrio metilado e carbono orgânico. Partículas de carbono orgânico, originado de fitoplâncton ou outras fontes, podem oferecer superfícies sobre as quais os micróbios seriam capazes de metilar mercúrio no oceano, sugerem os pesquisadores. O mercúrio metilado seria posteriormente liberado na água.

 

Não temos ainda um mecanismo causal para o fenômeno, mas ele parece estar vinculado ao bombeamento biológico do oceano“, diz Sunderland. Resultados anteriores de observações conduzidas no Pacífico Sul e na região equatorial do mesmo oceano, ela acrescenta, localizaram concentrações semelhantemente altas de metilmercúrio nos locais onde a atividade biológica era mais elevada. A conexão tem implicações para a mudança do clima e para o ciclo do mercúrio. Oceanos mais quentes e mais produtivos, com mais fito plâncton e mais peixes, poderiam elevar o volume de mercúrio metilado que termina nos pratos humanos.

 

 

 

 

pescadores-painting Pescadores em Copacabana, RJ.  Foto: Ladyce West

 

 

 

Os pesquisadores acham provável que as águas no oeste do Pacífico devem estar recebendo mercúrio por causa da elevação das emissões atmosféricas da Ásia.  De lá este mercúrio estaria se deslocando para a região o nordeste do Pacífico.  No momento, o oceano está refletindo as cargas de mercúrio geradas por deposição atmosférica no passado, diz Sunderland.

 

Daniel Cossa, do Instituto Francês de Exploração e Pesquisa Marítima (Ifremer), em La Seyne-sur-Mer, e seus colegas que também trabalham com o nível de mercúrio no mar, recolheram dados sobre mercúrio no Mar Mediterrâneo, para artigo a ser publicado em maio pela revista Limnology and Oceanography.

 

Os dois estudos indicam que nem todo o mercúrio metilado vem diretamente de fontes costeiras ou fluviais.  Eles conseguiram confirmar que ocorre metilação em profundidades moderadas nas águas oceânicas, como diz nicola Pirrone, co-autor do estudo dirigido por Cossa e diretor do Instituto de Poluição Atmosférica do Conselho Nacional de Pesquisa italiano, em Rende.

 

O oceano é um grande espaço em branco” no ciclo do mercúrio, diz Pirrone, que também comandou a avaliação científica sobre o mercúrio conduzida no ano passado pelo Programa Ambiental das Nações Unidas.

 

Robie Macdonald, cuja especiadade tem se concentrado nos estudos do nível de  mercúrio nas águas do Oceano Ártico.  Diz que embora o mercúrio na atmosfera tenha se elevado em cerca de 400% nos últimos 100 a 150 anos, as concentrações parecem ter aumentado em apenas 30% nos oceanos. “Nós estivemos tão ocupados observando a atmosfera que não nos preocupamos com o oceano.  Ambos os estudos são realmente importantes.  É preciso chamar a atenção da comunidade científica quanto aos efeitos e riscos do mercúrio em geral“.

 

Quaisquer medidas de controle do metilmercúrio, porém, precisam levar em conta que volume vem de fontes naturais inevitáveis e que volume é gerado por fontes antropogênicas como a combustão de combustíveis fósseis, aponta Pirrone.

 

Há pressão pelas companhias de alimentos que produzem peixes enlatados para que não se faça necessário colocar nos rótulos de latas como as de atum, o  nível de metilmercúrio nos peixes para consumo alimentar.   No início deste ano, um tribunal da Califórnia decidiu que as empresas que produzem atum em lata não precisarim informar em suas embalagens sobre o teor de metilmercúrio em seus produtos. A  FDA [Food and Drug Administration] está avaliando suas normas quanto ao risco de consumo de metilmercúrio em peixes.

 

 

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Peixes, Mercado dos Pescadores, Posto 6, Copacabana, RJ.  Foto: Ladyce West

 

 

 

 

 

 

Como é que o metilmercúrio se acumula no peixe?  Apesar de o mercúrio surgir naturalmente no meio ambiente, a fonte primária do metilmercúrio, encontrado no peixe, é a poluição industrial. Através da chuva o mercúrio pode se acumular em riachos, rios, lagos e oceanos onde, através da ação de organismos anaeróbicos, é transformado quimicamente em metilmercúrio.  Os peixes absorvem o metilmercúrio ao alimentarem-se de organismos aquáticos. Peixes maiores e com uma vida mais longa alimentam-se de outros peixes, ao longo da sua vida, acumulando assim níveis maiores de metilmercúrio. O cozimento do  peixe ou sua exposição ao calor, infelizmente, não reduz os níveis de mercúrio.

 

Lembramos que no Brasil o metilmercurio é bastante encontrado em rios.  O mercúrio como se sabe, é  usado em jazidas de ouro, com a finalidade de separar o metal precioso do minério bruto.  Aqui já se tornou  um problema ambiental de alcance global. De fato, o mercúrio descartado no processo contamina as águas de rios, usadas para a lavagem dos minérios. Esse metal, pesado e extremamente tóxico, é acumulado nos organismos de espécimes da fauna e da flora. Se peixes contaminados por mercúrio forem consumidos na alimentação humana, há sérios riscos de desenvolvimento de uma doença que ataca o sistema nervoso, chegando, em casos extremos, a ser fatal.

 

A enfermidade decorrente da intoxicação por mercúrio foi descoberta por ocasião do pior caso de contaminação humana já causada pelo metal, na baía japonesa de Minamata, na década de 50.  A “doença de Minamata” afeta o sistema nervoso e o cérebro, causando dormência nos membros, fraquezas musculares, deficiências visuais, dificuldades de fala, paralisia, deformidades e morte. O metilmercúrio também ataca os fetos durante a gestação, sendo que até mesmo fetos de mães aparentemente saudáveis podem ser gravemente afetados.  Os fetos e recém-nascidos são muito sensíveis aos efeitos do metilmercúrio que provoca dano ao sistema nervoso central (SNC: cérebro e medula espinal).  A gravidade do dano está diretamente relacionada à dosagem recebida. Muitos dos efeitos no SNC são parecidos àqueles observados na paralisia cerebral, e acredita-se que o metilmercúrio seja a causa de uma forma de paralisia cerebral.

 

O metilmercúrio —  que é uma substância orgânica derivada do mercúrio – também vem sendo usado para preservar sementes de grãos.  Surtos de envenenamento por este metal também têm ocorrido pela ingestão de sementes de grãos ou carnes de animais que se alimentaram desses grãos

 

Fontes:  Portal Terra, Canal Ciência, Enciclopédia Ilustrada da Saúde, Produtos Naturais

 

 

 

 

 





Mais de 300 novas espécies no fundo do mar

19 01 2009
estrela do mar em cores brilhantes a 1 km de profundidade

Tasmânia: estrela do mar em cores brilhantes a 1 km de profundidade

Uma equipe de cientistas australianos e americanos descobriu quase 300 espécies de corais, anêmonas e aranhas marinhas em uma reserva marinha a sudoeste da ilha de Tasmânia, na Austrália.

A equipe fez duas expedições.  Cada uma de duas semanas.  Elas cobriram tanto a Reserva Marinha Tasman Fracture Commonwealth, reconhecendo o terreno  até 4 mil metros de profundidade com um submarino não-tripulado;  quanto a Reserva Marinha Huon Commonwealth, de aproximadamente  185km – ou  100 milhas náuticas – da costa da Tasmânia.

Estas reservas marinhas servem de abrigo a muitos recifes de coral.  Corais em geral se dão muito bem em montanhas submersas, em geral formadas por vulcões em baixo d’água, que se elevam algumas centenas de metros acima do fundo do mar.  Vastos fósseis de coral foram descobertos a menos de 1. 400 metros. Os cientistas acreditam que eles se formaram há mais de 10 mil anos.

Tasmânia, esponja gigante

Tasmânia, esponja gigante

A expedição, liderada pelos cientistas Jess Adkins do Instituto de Tecnologia da Califórnia e Ron Thresher, do CSIRO da Austrália, encontrou também registros de danos ao meio ambiente.

Nós também recolhemos dados para avaliar a ameaça representada pela acidificação do oceano e mudança climática nos recifes de coral únicos das profundezas característicos da Austrália“, disse Thresher.

Os pesquisadores afirmaram que há evidências de que recifes de coral mais novos estão morrendo.  Segundo Thresher, as causas ainda estão sendo analisadas, mas os fatores podem incluir o aumento da temperatura dos oceanos, o aumento da acidez das águas ou doenças.

Este projeto descobriu um leque enorme de novos seres marítimos que eram até hoje completamente desconhecidos.  Ficaram encantados com as novas imagens, principalmente com aquelas mandadas  por um submarino não tripulado.  Ele explorou   uma fenda geológica no fundo do mar, de quase 4 km de extensão, próximo à costa da Tasmânia.  Mas o programa só visitou duas das quatorze reservas marinhas da cadeia de reserva marinhas da região.  É óbvio que ainda há muito a ser descoberto.

Está mais do que na hora de formarmos no Brasil um maior número de cientistas dedicados às formas de vida do mar.





Lagos embaixo das geleiras na Antártica transbordam

17 11 2008

 

 

As grandes enchentes na Antártica podem ser responsáveis pela velocidade com que o gelo se  move para o oceano no Pólo Sul.

 

Os cientistas liderados por Leigh Stearns do Instituto de Mudanças Climáticas da Universidade do Maine, nos EUA, conseguiram demonstrar como a geleira gigantesca Byrd, localizada ao leste da Antártica moveu-se muito mais rapidamente depois que dois lagos, embaixo do gelo, transbordaram.  A água desta enchente agiu como um lubrificante, facilitando o gelo deslizar em cima do terreno de pedra.   Esta observação é considerada de grande importância porque ajuda a entendermos e projetarmos futuros níveis do mar.  Quanto maior a quantidade de gelo entrando no oceano, maior será a velocidade com que os níveis oceânicos irão subir.  

 

Até então não se havia relacionado o movimento das águas embaixo da camada de gelo como afetando o movimento do gelo, disse Dr. Stearns.  Sabíamos que a água embaixo das geleiras se move muito, mas não havíamos feito a conexão entre este “sistema hidráulico” e a “dinâmica das geleiras”.  

 

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A Geleira Byrd, na Antártica, que tem 135 km de comprimento e 24 km de largura

 

 

Há mais de meio século que a comunidade científica sabe da existência de lagos abaixo da camada de gelo na Antártica.  Há mais de 150 deles.  O maior, que leva o nome de Lago Vostok, é do tamanho do Lago Ontário na América do Norte.    Apesar de serem cobertos por gelo, às vezes por muitos quilômetros, esses lagos permanecem líquidos pela existência de diversos lugares quentes nos rochedos que os suportam.  Mas sempre se pensou que a água desses lagos fosse parada, estagnada; que esses lagos tivessem água que talvez não houvesse se modificado em milhões de anos.  Foi só em 2005 que cientistas descobriram  que o nível de água desses lagos podia mudar, às vezes até rapidamente.  E que eles chegam até a beirada e transbordam debaixo da capa de gelo.  

 

Quando a água transborda a camada de gelo de muitos metros de altura é levantada.  Um fenômeno que pode ser visto por satélites passando sobre a região.

 

Deve ser dito que esses movimentos de água como os estudado na geleira de Byrd não são por si sós relacionados a uma mudança climática.  Os lagos provavelmente transbordam e  escoam águas de maneira cíclica, regular, que não tem nada a ver com o aquecimento atmosférico ou oceânico.  

 

Mas é importante que cientistas entendam os mecanismos desta renovação de água para que este conhecimento possa ser aplicado aquelas massas de gelo que estão hoje aparecem expostas a temperaturas mais quentes tais como acontece agora na Groenlândia.

 

Esta é uma tradução livre de trechos do artigo publicado pela BBC.

 

Para uma leitura do artigo inteiro, clique aqui:  BBC