Cláudio Valério Teixeira (Brasil, 1949-2021)
óleo sobre madeira, 14 x 25 cm
Cláudio Valério Teixeira (Brasil, 1949-2021)
óleo sobre madeira, 14 x 25 cm
Pedro Bruno (Brasil, 1888-1949)
óleo sobre tela, 108 x 185 cm
Décio Rodrigues Villares (Brasil , 1851-1931)
óleo sobre tela
Museu Nacional de Belas Artes, RJ
Há uma propaganda de carro na televisão no momento lembrando que devemos ter orgulho do nosso nome, que ele nos faz únicos! Será? Será que é sempre assim? Lembrei-me desse trecho das memórias de Pedro Nava.
“A irmã mais moça de meu pai recebera, em lembrança de certa tia e madrinha de meu avô paterno, nome absolutamente igual ao desta antepassada: Maria Euquéria Nava. Além disso, quando ela nasceu, era tão mofina e miúda que o tio Itriclio, ao vê-la no primeiro banho, dissera logo que aquilo não era gente. Isto é um belisco… E a menina, além de Euquéria, teve de arcar com o apelido que pegara e Belisco ficou sendo. O Euquéria, ela rifou ao assinar o registro de casamento. O Belisco, depois, quando, com muita paciência e muito jeito, ela conseguiu modificá-lo no Bibi com que morreu. Tia Bibi. Delicada, reservada, discreta criatura. ”
Em: Baú de Ossos: memórias, Pedro Nava, Rio de Janeiro, Sabiá: 1972, p. 338.
Tenho alguns casos na família semelhantes a esse. E você?
Guttmann Bicho (Brasil, 1888-1955)
óleo sobre tela, 153 x 148 cm
MNBA — Museu Nacional de Belas Artes, RJ
Cyra de Queiroz Barbosa
Os gatos da vizinhança
faminto, órfãos, pelados,
achavam pouso e aconchego
junto dela em nossa casa,
Mimoso, Dina, Miquito,
tantos outros — nem me lembro!
Ah! tinha a gata Pretinha
que lhe dava tão fecunda
cada vez ninhada inteira.
Era leite no pratinho
ou dado na mamadeira.
Enroscavam-se na colcha
de retalhos costurados,
cresciam e para ela
de miau! Miau! Miau!
serenata era cantada.
Não só de gatos gostava
a boa titia Nida.
Seus sobrinhos eram seus filhos
e mais outro de outro sangue
em amor reconheceu.
Por eles se abriu em risos
por eles muito sofreu.
Nada pedindo ou cobrando,
generosamente dando
a vida — tudo o que tinha —
para quem nem era seu.
Em: Moenda: painéis e poemas interiorizados, Cyra de Queiroz Barbosa, Rio de Janeiro, Rocco:1980, pp. 49-50



