As amizades comuns, Michel de Montaigne

18 09 2025

Apollinaire e seus amigos, 1909

Marie Laurencin (França, 1883-1956)

óleo sobre  tela

Centre Pompidou, Paris

 

As Amizades Comuns

 

O que habitualmente chamamos amigos e amizades não são senão conhecimentos e familiaridades contraídos quer por alguma circunstância fortuita quer por um qualquer interesse, por meio dos quais as nossas almas se mantêm em contacto. Na amizade de que falo, as almas mesclam-se e fundem-se uma na noutra em união tão absoluta que elas apagam a sutura que as juntou, de sorte a não mais a encontrarem. Se me intimam a dizer porque o amava, sinto que só o posso exprimir respondendo: «Porque era ele; porque era eu».

(…) Não me venham meter ao mesmo nível essas outras amizades comuns! Conheço-as tão bem como qualquer outro, e até algumas das mais perfeitas do gênero, mas não aconselho ninguém a confundir as suas regras: laboraria num erro. Em tais amizades deve-se andar de rédeas na mão, com prudência e cautela – o nó não está atado de maneira que, acerca dele, não se tenha de nutrir alguma desconfiança. «Amai o vosso amigo», dizia Quílon, «como se algum dia tiverdes que o odiar; odiai-o como se tiverdes que o amar.» Este preceito, tão abominável se aplicada à soberana e superna amizade, é salutar a respeito das amizades comuns e habituais, em relação às quais se deve empregar este dito tão ao gosto de Aristóteles: «Ó amigos meus, não há nenhum amigo!»

 

Michel de Montaigne,  em Ensaios





Imagem de leitura — Marie Laurencin

31 10 2019

 

 

 

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Marie Laurencin (França, 1883 -1956)

óleo sobre tela, 27 x 22 cm

 





Imagem de leitura — Marie Laurencin

30 04 2015

Apollinaire_Guillaume_par_Marie_Laurencin_51_miniGuillaume Apollinaire e seus amigos, 1908

Marie Laurencin (França, 1883 — 1956)

óleo sobre tela

Museu de Baltimore, Md

Da esquerda para a direita: Pablo Picasso, Marie Laurencin, Guillaume Apollinaire e Fernande Olivier.