Imagem de leitura — Augustus Edwin Mulready

15 10 2015

 

 

Augustus Edwin Mulready ( Irlanda, 1844-1905) Uma leitura sossegada, 1875, ost, 40x30cm, Maas Gallery, LondresUma leitura sossegada, 1875

Augustus Edwin Mulready (Irlanda, 1844-1905)

óleo sobre tela, 40 x 30 cm





Karin Altenberg e a paisagem em seus romances

14 04 2015

 

 

Cecilia Rosslee (AfricadoSul) eminutosdepaz,ost,ColPartUns minutos de paz

Cecília Rosslee (África do Sul, contemporânea)

óleo sobre tela

www.ceciliarosslee.com

 

 

Achei interessante a descrição do valor da paisagem para Karilan Altenberg, escritora britânica, nascida na Suécia, que explicou no  artigo, Karin Altenberg: ‘landscape in my novels is not just backdrop – it is both stage and actor’ no jornal The Irish Times, a importância da localização em suas histórias. Para ela, a paisagem é muito mais que o simples ambiente em que a trama se desenvolve, ela é parte intrínseca da história.

“A localização do romance para mim é tão importante quanto a trama.  O lugar é um conceito existencial, intimamente ligado ao nosso estar no mundo.  Experimentamos nossa identidade, de maneira significativa, através do lugar e da comunidade a qual sentimos que pertencemos: uma espécie de lar arquétipo do qual  podemos sempre escapar e para o qual podemos regressar. E todos nós somos, até certo ponto, socializados através de paisagens, nomeando os lugares que nos são conhecidos familiares – é assim que existimos, através de uma cartografia da linguagem e de lugar. E isto é, em grande parte,  o que a arte tenta fazer: a classificação e o mapeamento de um lugar de existência.”

Para ela é necessário se infiltrar no ambiente em que sabe que colocará sua história, e só depois de ter assimilado e armazenado as informações do local, ela consegue ver seus personagens interagindo e tomando vida nas histórias que cria.

“Acho que o local que um escritor escolhe para sua narrativa está relacionado à sua sensibilidade. Sou sintonizada – e já observava de perto – o espaço ao ar livre, desde que era criança. Outros escritores podem ser mais conscientes da arquitetura, de interiores ou de paisagens urbanas. Também gosto de olhar para trás e sentir que a paisagem do passado é ao mesmo tempo terrivelmente real e totalmente de outro mundo – uma ficção maravilhosa.”

 

(tradução minha)





Desafio #Poemaday – Nº 6 Tema, Cabelo

7 12 2014

 

???????????????????????????????Cremilda recebe flores, ilustração de Maurício de Sousa.

 

 

Meu cabelo

 

Ladyce West

 

 

Louro. Natural.
E daí?
Não nega a origem
Brasileira
Portuguesa
Celta
Escocesa, irlandesa
Dos antepassados.
Meu cabelo crespo
Pixaim, Judeu
Cristão-Novo,
Que começa a manhã
Arrepiado,
Rebelde, espantado
É só uma herança,
Bonança do passado,
Sobrevivente de guerras,
Da perseguição
Aos católicos,
Aos protestantes.
Da inquisição
E das mãos de Hitler.
Sim, meu cabelo
É louro, pixaim, rebelde,
Europeu,
Brasileiro,
Como eu.

 

 

©Ladyce West, Rio de Janeiro, 2014





Palavras para lembrar — Chateaubriand

3 05 2014

Ken Hamilton (Irlanda, 1956) Na casa de veraneio, ost, 31x26 cmNa casa de veraneio, s.d

Ken Hamilton (Irlanda, 1956)

óleo sobre tela, 31 x 26 cm

“O escritor original não é aquele que não imita ninguém, mas aquele a quem ninguém pode imitar”.

François René de Chateaubriand, Visconde de Chateaubriand





Palavras para lembrar — Heinrich Heine

26 10 2013

HenryMcgrane-4Última Página

Henry McGrane (Irlanda,1969)

www.henrymcgrane.ie

“Os que queimam livros acabam, mais cedo ou mais tarde, por queimar homens.”

Heinrich Heine





Imagem de leitura — Stanhope Alexander Forbes

6 05 2012

Por entre os pinheiros, 1915

Stanhope Alexander Forbes (Irlanda 1857-1947)

óleo sobre tela

Stanhope Alexander Forbes  nasceu em 1857 em Dublin na Irlanda. Estudou arte na Escola de Arte Lambeth e mais tarde completou sua educação em Paris, no ateliê de Léon Bonnat.  Na França ele desenvolveu a técnica de pintura “ao ar livre”.  Retornou à Irlanda em 1884 e imediatamente se tornou um líder no movimento artístico do país sendo um dos membros fundadores da  chamada Escola de Newlyn, fundada em 1899 com sua esposa, a também pintora, Elizabeth Forbes.   Faleceu em 1947.





Imagem de leitura — Daire Lynch

13 11 2011

Gina lendo

Daire Lynch (Irlanda, contemporânea)

óleo sobre tela

www.dairelynch.com

Daire Lynch nasceu em Dublin na Irlanda e hoje vive em Cong, no condado de Mayo.  Estudou desenho e animação em Ballyfermot.    Também se dedica à música.





Resenha: “Brooklyn”, de Colm Tóibín, uma história inesquecível!

20 06 2011

Prospect Park, Brooklyn, s/d

William Merrit Chase ( EUA, 1849-1916

óleo sobre tela

Há um nicho literário que cobre as experiências de deslocamento social de imigrantes.  Países do Novo Mundo como os Estados Unidos e o Brasil têm tido regularmente em sua literatura adições significativas da experiência do imigrante.  No Brasil, esta experiência pode ser delineada mais recentemente, nas obras de Milton Hatoum, Nélida Piñon, Salim Miguel, Francisco Azevedo, para nomear alguns.  Essa tradição ainda é mais vigorosa nos EUA que, assim como o Brasil, receberam levas e levas de imigrantes do mundo inteiro, Michael Chabon, Amy Tan, Jhumpa Lahiri, Bernard Malamud estão entre dezenas de escritores americanos que desde o século XIX, se dedicaram aos desassossegos funcionais e emocionais causados pela imigração.

O deslocamento cultural tem sido também objeto de estudo do escritor  Amin Maalouf, cujo fantástico In the Name of Identity: Violence and the Need to Belong, [Penguin: 2003] –  demonstra as falhas de requerermos que um indivíduo faça uma única escolha de identidade, quando somos de fato a comunhão dos fatores que nos formam.  Maalouf está hoje entre os mais influentes pensadores contemporâneos no assunto.  Talvez porque eu tenha vivido a maior parte da minha vida adulta fora da minha identidade de nascença, este assunto há algumas décadas me fascina e sensibiliza.

Em Brooklyn [Cia das Letras: 2011] Colm Tóibín se dedica ao assunto retratando a imigração de Eiliss Lacey, uma jovem irlandesa que vai para os Estados Unidos na década de 1950.  O romance é simultaneamente um romance em que a protagonista principal cresce e aprende, na tradição literária do Bildungsroman [romance de educação] e um retrato da impotência feminina diante do papel que lhe é reservado nas relações familiares da época.

Eiliss Lacey é a filha mais moça de uma família irlandesa.  Introvertida e tímida, depois de um curso técnico em contabilidade não consegue encontrar um emprego satisfatório na pequena cidade onde mora.  Seus irmãos já saíram de lá à procura de melhores oportunidades.  Sua irmã mais velha, calorosa, cheia de vida, ainda está em Enniscorthy.  Eiliss sobrevive dentro dos parâmetros de uma vidinha limitada e medíocre, até que é surpreendida pela família que arranja de emigrá-la – através de um contato com um padre irlandês nos EUA – para o outro lado do Atlântico.  Sua opinião não é requisitada.  E Eiliss embarca, com seus muitos receios abafados, na estarrecedora viagem transatlântica.

Colm Tóibín

Com a chegada a Nova York o mundo de Eiliss se amplia.  Diferente de muitos imigrantes ela não precisa lidar com dificuldades por causa da língua.  De fato, seu mundo tem muitas similaridades com o que deixou para trás, como se os elementos que o compõem fossem os mesmos, só que arranjados de maneira diversa.  Esses ecos servem para contrastar, ao final da leitura, os dois mundos em que vive a jovem: são dois rapazes com quem se envolve; são duas chefes de trabalho difíceis; são duas matronas irlandesas que dispõem a bel-prazer da vida de Eiliss; são dois grupos de amigas irlandesas, são dois salões de dança.  A distância que os separa também os une e encontram terreno fértil nas emoções da moça.

Colm Tóibín dá continuação, em Brooklyn, a diversas tendências da literatura inglesa.  Eiliss Lacey, tem parentesco com Elizabeth Bennet, de Orgulho e Preconceito [Jane Austen] apesar de não ter o mesmo senso de humor.  Como ela, no entanto, vive presa pela teia das convenções sociais e dos laços familiares.  Além disso, ele retrata as pequeninas transformações na vida de uma pessoa comum, com a precisão e o colorido de dezenas de outros escritores britânicos, que se superam no retrato rigoroso dos detalhes da vida cotidiana.  Desta maneira, Colm Tóibín consegue extrair do particular, o universal.  Ampliando em muitas vezes a relativa grandiosidade das decisões tomadas por seu personagem.

Com uma narrativa enxuta que não desmerece as minúcias reveladoras que nos auxiliam no entendimento de Eiliss Lacey, e de sua época, Colm Tóibín nos induz a compreender as  dúvidas e a solidão da personagem.  Percebemos também o vazio daqueles à sua volta; a autoridade dos familiares e dos homens com quem se relaciona; as teias sociais que a aprisionam em ambos os lados do Atlântico.   Mas como na vida há surpresas, e algumas tão grandes que mudam a projetada trajetória do destino, assim acontece aqui.  E o que parece ser um final surpreendente torna-se simplesmente um final em aberto, como também são as grandes decisões que tomamos na vida.  Apesar de um início vagaroso, a história ganha um ritmo crescente e de suspense que arrebata o leitor até o último parágrafo, deixando um travo ou uma pergunta.  Este é um livro cuja história continua a ser contada nas nossas imaginações, muito depois da última palavra lida.





Imagem de leitura — Richard Moynan

8 01 2011

Jovens lendo jornal, 1885

Richard Moynan ( Irlanda, 1856-1906)

óleo sobre tela

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Richard Moynan ( Irlanda 1856-1906) Começou estudando medicina, mas um pouco antes de prestar aas provas finais, deu uma guinada em sua vida e  entrou para a Escola Metropolitana de Arte em Dublin, em 1879 e teve um sucesso quase imediato conseguindo os dois primeiros prêmio de sua carreira.  Em 1883 foi para Antuérpia para continuar seus estudos de pintura.  Em 1885 vai para Paris continuando seu processo de aprendizado.  Ao retornar a Dublin, é empregado pelo jornal The Union como um cartunista político.  Em 1890 torna-se membro da   Academia Real.





China, Gaia, elefantes, livros e Natal, pensamentos dispersos

5 12 2010

 

Recentemente, numa de suas colunas diárias sobre economia, no jornal O Globo, Miriam Leitão lembrou aos seus leitores que tamanho não é documento:  a crise econômica européia estava periclitante por causa do posicionamento do governo irlandês.  E numa astuta observação a jornalista colocou os dados em perspectiva, revelando que a economia européia estava nas mãos de 4.500.000 irlandeses. Isso mesmo, quatro milhões e meio de pessoas — esta é a população total do país que poderia fazer a economia européia cair.  Uma população bem menor do que a da cidade do Rio de Janeiro.  É o conhecido ratinho, dando um susto no elefante. 

Essa observação repercutiu muito nos meus pensamentos, porque muitas vezes não conseguimos colocar o que acontece à nossa volta  em contexto, não atinamos para a perspectivas do tamanho.  Até que nesse fim de semana fui lembrada, de novo, da relatividade dos fatos.   No início do filme A Rede Social, Mark Zuckerberg, diz para sua  namorada:  “Você sabia que há mais gente com QI de gênio na China do que a população inteira dos Estados Unidos?” [Did you know there are more people with genius IQ’s living in China than there are people of any kind living in the United States?]. É uma afirmação óbvia, considerando-se o tamanho da  população chinesa. Mas, foi preciso que ele mencionasse isso para que eu também colocasse a questão da população chinesa em perspectiva.  Nem sempre pensamos assim, em termos relativos. 

Com essas considerações em primeiro plano coloquei na minha lista de presentinhos de Natal que espero Papai Noel possa trazer,  o download no meu Kindle do livro do jornalista inglês Jonathan Watts, intitulado When a Billion Chinese Jump [Quando um bilhão de chineses pulam], que há tempos espero notícias de que vá ser traduzido para o português, mas que com a  falta de afirmativas das editoras, resolvi não poder esperar mais. 

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Na Inglaterra foram divulgados no início da semana passada os livros sobre o meio ambiente que mais venderam nessa primeira década do século.  É uma pena que com exceção do livro de Al Gore, os outros, de autores como Tim Smit, e Christopher Booker, ainda nem tenham chegado a serem traduzidos e publicados no Brasil.

O mais vendido de todos os livros foi The Vanishing Face of Gaia, [Acredito que no Brasil tenha o título: Gaia, o alerta final, Editora Intrínseca: 2010] de James Lovelock.  Duas editoras brasileiras têm dividido as publicações do autor: Intrínseca e Cultrix.  James Lovelock é conhecido aqui no Brasil, mas deveria ser mais.  Dos cinco volumes listados em catálogos de livrarias, só 3 foram publicados no Brasil.  Dois só podem ser adquiridos através de importação, quer em português (vindos de Portugal, Edições 70) quer em inglês, na língua em que foram escritos.

A vingança de Gaia, publicado em 2006, Intrínseca

Gaia: a cura para um planeta doente, publicado em 2007, pela Cultrix

Gaia: um Novo Olhar Sobre a Vida na Terra, publicado em 2007, Edições 70

 (edição  portuguesa, livro importado)

Gaia um novo olhar sobre a vida na Terra, publicado sem data, Edições 70

(edição portuguesa, livro importado)

Gaia: o alerta final, publicado em 2010, Intrínseca.  

Os outros autores mencionados Tim Smit  e Christopher Booker, não estão traduzidos.

É difícil imaginar que não haja leitores em português para esses volumes.  O meio ambiente está na pauta de todos os brasileiros com um módico de escolaridade.  E a maioria desses livros não são escritos só para cientistas, suas terminologias e seu interesse pelo meio ambiente são evidenciados por uma linguagem accessível a qualquer pessoa com o seguindo grau.  Fica aqui o meu desapontamento.