O que uma lista de compras de mais de 3.500 anos teria?

31 07 2024
Tablete encontrado com uma lista de compras com escrita cuneiforme. Cortesia do Ministério da Cultura e Turismo da Turquia.

 

 

 

A equipe de limpeza de um terremoto no Monte Aççana, perto da antiga cidade de Alalah, no distrito de  Reyhanlı de Hatay, na Turquia, descobriu um tablete com escrita cuneiforme, pequenino, de mais ou menos 4 x 3 cm, datando do século XV A.C. Pesa só 28 gramas.  Mas a grande curiosidade é podermos ler uma lista de compras daquela época.  

 

 

Monte Aççana, na velha cidade de Alalah. Cortesia do Ministério da Cultura e Turismo da Turquia.

 

O tablete está coberto de inscrições na escrita cuneiforme, na língua acadiana, da antiguidade.  Hoje essa língua é considerada extinta. O acadiano, no entanto, é a mais antiga das línguas semíticas conhecidas, intimamente relacionada tanto ao árabe quanto ao hebraico, assim como aos dialetos da Suméria, da Babilônia e Assíria. A língua foi usada por toda a região da Mesopotâmia durante o reinado da dinastia acadiana, por volta dos anos 2334-2154 A.C.  Essa língua foi decifrada no século XIX,  e seu primeiro dicionário publicado em 1921 por pesquisadores da Universidade de Chicago.

 

 

Foto cortesia do Ministério da Cultura e Turismo da Turquia.

 

A leitura inicial desse tablete mostra uma lista de compras de mobiliário.  Ela inclui diversas mesas de madeira, cadeiras e bancos e também um local para se marcar o que foi comprado e o que foi recebido.  Os pesquisadores ainda estão trabalhando nisso, mas acreditam já acreditam que têm em mãos uma brecha para entender mais sobre a economia do dia a dia da vida na antiguidade, sua estrutura e sistema. Esse é só o início do entendimento da economia de uma sociedade da Idade do Bronze. Esse tablete é um dos mais de quinhentos mil tabletes que foram recuperados de escavações do Iraque ao Egito, à Anatolia [Turquia].  O que existe, recuperado e sem estudo ainda, vai além de todos os documentos que conhecemos do mundo clássico em latim.  O que temos da cultura Acadiana cobre tratados e rica literatura contendo hinos, estudos acadêmicos, documentos legais, letreiros e dedicatórias, além de correspondência comum.  As obras literárias abarcam narrativas tais como o dilúvio bíblico e a obra Épica de Gilgamesh.

 

Artigo baseado na Artnet Newsletter.





Uma mulher de 4.500 anos usaria joias?

30 04 2013

Espelho, Inha Bastos (Brasil, 1949) Menina do espelho, 2008, ost. 50x50cm

Menina do espelho, 2008

Inha Bastos (Brasil, 1949)

óleo sobre tela, 50 x 50 cm

Inha Bastos

Vaidade e status social de uma mulher que viveu há aproximadamente 4.500 anos, no que hoje é a Inglaterra, são provavelmente as causas das joias encontradas com seu esqueleto em Windsor na Inglaterra. Carinhosamente chamada de “Rainda de Kinsmeade”  — Kingsmead é o local próximo a Windsor onde foi descoberta —  esta mulher, foi encontrada em sítio explorado por arqueólogos de Wessex. Suas joias, como lembram os cientistas, devem ter sido símbolos de sua afluência e  importância para a sociedade em que vivia.

Beaker_cultureDomínio do Povo dos Copos.

O pouco que restou de seus ossos, aparentemente corroídos pela acidez do solo, deixou que se concluísse ser uma mulher de aproximadamente 35 anos.  Foi enterrada usando um colar com contas de ouro intercaladas com contas de lignite.  No túmulo também foram encontradas contas de âmbar, perfuradas, que podem ter sido botões da vestimenta que usava quando enterrada.  E parece ter usado também um bracelete de contas negras.

3potsCopos de barro encontrados no túmulo do arqueiro de Amesbury.

Por causa de um copo encontrado ao seu lado, é possível que “a rainha de Kinsmead” tenha pertencido ao Beaker Folk [Povo dos Copos] uma cultura com raízes na península ibérica que dominava com grande técnica a manufatura de artefatos de cobre e de ouro.  O Povo dos Copos era assim chamado por fazer uso de copos, provavelmente para beber cerveja ou outra bebida fermentada.  Por volta de 2400 a.C. o Povo dos Copos dominou toda a península ibérica, parte do sul e do norte da França, a Alemanha, as terras onde hoje encontramos a Holanda e a Bélgica, a costa da Sardenha e Sicília, a Irlanda e o sul da Inglaterra.  Pessoas desse povo eram frequentemente enterradas com todo tipo de pertences incluindo copos de barro. É quase certo que esse senhora  fosse de fato mulher de prestígio pois tinha pertences que seriam raros e exóticos.

Kingsmead quarry gold beadsContas de ouro encontradas no local.

Análise de seus pertences colocam a origem do ouro provavelmente na Irlanda, a do lignite no leste da Inglaterra e o âmbar podendo ser de um lugar tão longínquo quanto o Báltico.

Recentemente o sítio em Kingsmead tem sido fonte de grandes descobertas para a  arqueologia britânica. Em março de 2013 noticiou-se a existência de um pequeníssimo vilarejo –  um grupo de quatro casas vizinhas  — algumas das casas mais antigas já descobertas na Inglaterra, construído aproximadamente há 6.000 anos.  Essas casas, cujas grossas e pesadas fundações sobreviveram, algumas com pilastras de apoio, assim como a fonte para o fogo do lar – local da lareira – sugerem casas substanciais, altas com um mezanino provavelmente para a estocagem de grãos e outros alimentos durante o inverno.  Devem ter sido construídas por volta de 3.800 a 3640 a.C.  e todas tinhas subdivisões em cômodos internos.  A maior dessas casas mede 17 x 7 m. E todas tinham telhado de sapê.

Kingsmead artist's impression

Uso das joias e botões encontrados com a “rainda de Kingsmead”.

Estudo mais detalhado dos objetos encontrados com a “rainda de Kingsmead” certamente trarão mais detalhes sobre o povoamento da Inglaterra na Idade do Bronze.

FONTES: GUARDIAN — “Rainha de Kinsmead”; GUARDIAN — Casas de sapê ; WSHC





Bracelete encontrado em Israel de 1500 aC

5 08 2010

O governo de Israel divulgou no início desta semana uma imagem de um bracelete de bronze descoberto em Ramat Razimum, sítio arqueológico próximo a Safed, ao norte do país.  Os cientistas acreditam que o objeto foi criado entre 1.550 a.C. e 1.200 a.C., durante a Idade do Bronze.  Isso quer dizer tem mais de 3.500 anos de idade!

Os arqueólogos dizem que o bracelete está em perfeito estado de conservação e tem adornos de chifres de animais , material usado principalmente com referência ao poder, à fertilidade e à lei, o que indica que pode ter pertencido a uma pessoa de alto nível financeiro, de grande poder, na sociedade local da época.

Essas escavações foram realizadas como prelimiar para o desenvolvimento da região: novos bairros, áreas comerciais e uma escola de medicina estão destinados a serem construídos nesse local. 

Karen Covello-Paran, diretora da escavação, descreveu assim a descoberta:  “Nós descobrimos uma pulseira larga, rara,  feita de bronze.  Essa pulseira antiga, que está extraordinariamente bem conservada, é decorada com incisões e bem em cima é adornada com applique de chifres.  Naquele tempo, os chifres eram o símbolo do deus da tempestade. Esse deus representava o poder, a fertilidade e a lei. A pessoa que poderia ter recursos para uma pulseira como essa,  aparentemente  estava muito bem financeiramente, e provavelmente pertencia ao governante aldeia . É interessante notar que outras descobertas feitas em  territórios vizinhos, governantes eram retratados usando coroas com chifres.  No entanto, os chifres usados em uma pulseira, nunca foram encontrados aqui antes”.

A pulseira foi encontrada dentro de uma casa numa  propriedade que data do período cananeu (Idade do Bronze tardia).  Estava  exposta, a flor da terrana durante a escavação, e fazia parte de um antigo povoado que existia na encosta sudeste de Ramat Razim,  numa área rochosa com vista para Mar da Galiléia e para as Colinas de Golã.  A construção foi feita com pedras calcária naturais da região e incluia um pátio central pavimentado cercado por salas que foram habitados e usados como armazéns.  Junto com a pulseira, foi enconttrado  um escaravelho cananeu feito de pedra e gravado com hieróglifos egípcios.  Na antiguidade escaravelhos eram usados como pingentes ou eram embutidos em anéis.  Eram usados como um selo pelas pessoas que os portavam ou como um talismã com poderes mágicos.  Com esses achados aprendemos que os moradores que habitavam esse local estavam também envolvidos no comércio.

Segundo a arqueóloga Covello-Paran, “Esta é a primeira vez que uma aldeia de 3.500 anos foi escavada e exposta no norte de Israel.  Até agora, só as grandes cidades foram escavadas na região: Tel Megiddo ou  Tel Hazo, é um exemplo.   Aqui nós ganhamos um primeiro vislumbre da vida no interior rural do norte, na antiguidade,  e descobrimos que era mais complexo do que pensávamos.  Parece que a pequena aldeia  Ramat Razim constituía uma parte da periferia de Tel Hazor, a maior cidade e mais a de maior importância na região do Canaã, até agora.  E está localizada a cerca de 10 km ao norte da localidade de Ramat Razim “.

Os antigos habitantes de Ramat Razim criavam gado ovino e caprino, e plantavam”, continuou ela, “numerosas mós,  usadas para moer a farinha, foram encontradas no prédio.  Além disso, também encontramos recipientes para armazenamento de grande porte, usados para armazenar grãos e líquidos, que estavam no chão, com mais de um metro de altura.   Um antigo forno para cozinhar foi encontrado em um dos cômodos da parte residencial ao lado de panelas de cerâmica e alguns instrumentos, incluindo lâminas de sílex, uma agulha de comprimento (15 centímetros) intacta que sercia para costurar sacos ou no tratamento de peles, e um pino longo,  decorado,  usado para fechar, ou prender, a roupa“.

A Autoridade de Antiguidades de Israel está trabalhando para integrar o sítio nos planos de desenvolvimento para a região de  Ramat Razim, juntamente com o instituto de pesquisa e escola de medicina.  A intenção é fazer um espaço aberto para os visitantes, juntamente com os outros atrativos naturais da região.

Fonte:  Artdaily