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A Virgem Maria, o Menino Jesus e Sant’ Ana, 1508
Leonardo da Vinci (Itália, 1452-1519)
Óleo sobre madeira, 165 x 112 cm
Museu do Louvre, Paris
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A Virgem Maria, o Menino Jesus e Sant’ Ana, 1508
Leonardo da Vinci (Itália, 1452-1519)
Óleo sobre madeira, 165 x 112 cm
Museu do Louvre, Paris
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Aquela grande energia,
de pai sisudo e correto,
o transformou, belo dia,
em cavalinho do neto…
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(Nair Starling dos Santos Almeida)
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Ilustração Maurício de Sousa.–
Vovó, teu nome é ternura,
canção de amor e amizade.
Quem te possui, que ventura!
Quem te perdeu, que saudade!
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(Nair Starling dos Santos Almeida)
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[também chamado O Polichinelo]
Alessandro Sani (Itália, 1870,1950)
óleo sobre tela, 36 x 85cm
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Frederico Trotta
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(aos meus sete netos)
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Oh! filhos de meus filhos, meus tiranos,
que a casa me invadis, alacremente,
na expansão natural dos tenros anos,
como um bando de pássaros, contente!
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Não deixais sossegados móveis, panos,
em tudo remexeis alegremente.
Sois meigos, vivos, bons, não causais danos
e a tristeza espantais, jocosamente!
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E junto da avó, em grupo tagarela,
à larga expandis os corações,
formando um cromo, cândida aquarela,
tal qual Branca de Neve e os sete anões!
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Adoro essa balbúrdia domingueira,
de brincos infantis e risos castos,
de suave sabor patriarcal!
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Vós me tornais feliz de tal maneira
que, praza aos céus, na hora derradeira,
ao fechar para sempre os olhos gastos,
cerrando sobre a vida espesso véu,
ouça invadir a casa toda inteira,
vosso clamor;
fanfarra triunfal,
a conduzir-me à porta azul do céu!
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Em: Poetas cariocas em 400 anos, ed. Frederico Trotta, Rio de Jnaeiro, Editora Vecchi: 1965, p. 291.
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Frederico Trotta (1899-1980), advogado, militar, político, jornalista, poeta. Como poeta começou publicando poesias soltas, em 1920 na revista Boa Noite. Como jornalista fez contribuições para O Jornal e Manhã. Foi diretor-secretário de ATarde, de Curitiba em 1932, Em 1950 teve uma coluna diária para o Diário do Povo.
Obras literárias:
Mãe, antologia sentimental, 1957
Meu pai, meu bom amigo, antologia sentimental, 1957
O talismã do Cabo Pierre, contos, 1957
Um roseiral para alegrar a vista, poesias, 1957
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Dom Marcos Barbosa
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— Como acabar meu tricô,
como assistir à novela,
se esses óculos benditos
me somem sem mais aquela?
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Vovó, procurando os óculos,
vai do quarto para a sala
e de novo volta ao quarto,
sem ninguém para ajudá-la.
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E até parece que os netos
estão a se divertir,
pois mesmo seu predileto
faz força para não rir.
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Deve saber onde estão,
porque lhe diz o malvado:
– Já está ficando quente
seu chicotinho queimado!
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—
E o diz quando está no quarto
ou à sala torna a voltar.
– Mas como pode uma coisa
em dois lugares estar?
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Em sinal de desespero
leva então as mãos à testa:
ali estão os seus óculos
e tudo vira uma festa.
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Dom Marcos Barbosa [nome civil: Lauro de Araújo Barbosa] (MG 1915 – RJ, 1997) Sacerdote, monge beneditino,poeta e tradutor. Membro da Academia Brasileira de Letras.
Obras:
Teatro, 1947
Livro do peregrino, XXXVI Congresso Eucarístico Internacional, 1955
A noite será como o dia: autos de Natal, 1959
O livro da família cristã, 1960,
Poemas do Reino de Deus, 1961
Mãe nossa, que estais no céu, s.d.
Para a noite de Natal: poemas, autos e diálogos, 1963
Para preparar e celebrar a Páscoa: autos, diálogos e fogo cênico, 1964
Eis que vem o Senhor, 1967
O livro de Tobias, 1968
Oratório e vitral de São Cristóvão, 1969
Manifestações de autonomia literária: A Escola Mineira e outros movimentos. In: História da Cultura Brasileira, 2 vols., 1973-76
Um menino nos foi dado, org. de Lúcia Benedetti. In: Teatro infantil, 1974
A arte sacra, 1976
Nossos amigos, os Santos, 1985
Congonhas, Bíblia de cedro e de pedra, e co-autoria com Hugo Leal, 1987
Um encontro com Deus: Teologia para leigos, 1991
As vinte e seis andorinhas, 1991
Poemas para crianças e alguns adultos, 1994
Estória
( para pequenos e grandes)
Martins d’ Alvarez
À sombra do tamarindo,
vovozinha, bem sentada,
vai de alfinetes cobrindo
o papelão da almofada.
O neto deixa o brinquedo,
chega-se de alma curiosa,
nos bilros buscando o enredo
da renda maravilhosa.
Sutil, entre dois extremos,
uma conversa se agita:
— Vovó, como é que aprendemos
Fazer renda, assim, bonita?
— Ora, benzinho, aprendendo…
Aprendendo devagar…
Até acabar sabendo,
até um dia acertar.
— Pois me ensine, vovozinha!
Garanto que hei de aprender.
— Ensinarei, calunguinha,
quando aprenderes a ler.
— Mas vovó não disse, um dia,
que vovozinho morreu
pelo muito que sabia…
Por que demais aprendeu?
— Morreu porque foi ferido
No amor próprio, meu bebê!
— Então, o vovô querido
não só amava a você?
Vovó fez cara de chiste,
mas, sua fronte pendeu…
Soltou um suspiro triste,
quedou-se … e não respondeu!
(Fortaleza, Ceará, 1932)
Em: Poesia do cotidiano, Fortaleza, Ceará, Editora Clã: 1977
José Martins D’Alvarez (CE 1904) Poeta, romancista, jornalista, diplomado em Farmacia e Odontologia, professor, membro da Academia Cearense de Letras. Nasceu na cidade de Barbalha, Estado do Ceara, em 14 de setembro de 1904. Filho de Antonio Martins de Jesus a de Antonia Leite da Cruz Martins. Fez os estudos primários na sua cidade natal, os secundários, no Liceu do Ceará. Depois de formado em Odontologia. Transferiu em 1938 sua residência para o Rio de Janeiro, onde exerceu, além de atividades na imprensa, atividades no magistério superior.
Obras:
“Choro verde: a ronda das horas verdes”, 1930, poesia
“Quarta-feira de cinzas”, 1932, novela
“Vitral”, 1934, poesia
“Morro do moinho” 1937, romance
“O Norte Canta”, 1941, poesia popular
“No Mundo da Lua”, 1942, poesia para crianças
“Chama infinita, 1949, poesia
“O nordeste que o sul não conhece 1953, ensaio
“Ritmos e legendas” 1959, poesias escolhidas
“Roteiro sentimental: geopolítica do Brasil” 1967, poesias escolhidas
“Poesia do cotidiano”, 1977, poesia
UMA AVÓ
És a saga de ternura
Das cantigas de ninar.
Sugestão de iluminura
Nas histórias de encantar.
Clarão de candeia pura
Sobre o livro de rezar.
Fada boa envelhecida.
Tecedeira de ilusão.
Esperança comovida.
Doce crença de cristão.
Duas vezes mãe na vida.
Duas vezes devoção.
Stella Leonardos
Stella Leonardos da Silva Lima Cabassa (Rio de Janeiro RJ, 1923). Poeta, tradutora, romancista, com mais de 70 obras publicadas, em poesia, prosa, ensaios, teatro, romances e literatura infantil. Considerada membro expoente da 3ª geração de poetas modernistas. Um dos maiores nomes da poesia contemporânea no Brasil.
Norman Rockwell, (EUA 1894 – 1978 ), Anúncio para passas secas, SUNKIST.
UM AVÔ
Meu velho avô de alma jovem,
Inda hoje me comovem
As histórias que contavas.
Punhas nelas tanta vida,
Tanta força colorida,
Que tu mesmo as incarnavas.
Nos contos dos bons gigantes.
No Brasil dos bandeirantes.
Na Grécia cheia de glória.
Só não contaste as façanhas
Que tiveste. As lutas ganhas
E as perdidas com vitória.
E nem grego ou brasileiro
Foi mais esteta e pioneiro
Do que tu quando sonhaste.
Meu velho avô de alma jovem!
Mais que as outras me comovem
As histórias que calaste.
Stella Leonardos
Stella Leonardos da Silva Lima Cabassa (Rio de Janeiro RJ, 1923). Poeta, tradutora, romancista, com mais de 70 obras publicadas, em poesia, prosa, ensaios, teatro, romances e literatura infantil. Considerada membro expoente da 3ª geração de poetas modernistas. Um dos maiores nomes da poesia contemporânea no Brasil.