Laranjal, 1986
Armando Romanelli (Brasil, 1945)
óleo sobre tela, 35 x 70 cm
Colheita de laranjas, 1978
Enrico Bianco (Itália-Brasil, 1918-2013)
óleo sobre placa de madeira industrializada, 38 x 48 cm
Laranjal, 1986
Armando Romanelli (Brasil, 1945)
óleo sobre tela, 35 x 70 cm
Colheita de laranjas, 1978
Enrico Bianco (Itália-Brasil, 1918-2013)
óleo sobre placa de madeira industrializada, 38 x 48 cm
Colheita do trigo
Pedro Weingartner (Brasil,1853-1929)
guache sobre papel, 27 x 36 cm
Papoulas, 2003
Fabíola Campos (Brasil, 1974)
acrílica sobre tela, 40 x 50 cm
Laranjal, 2008
Armando Romanelli (Brasil, 1945)
óleo sobre tela, 40 x 50 cm
O vendedor de perus, 1958
Cândido Portinari ( Brasil, 1903-1962)
óleo sobre tela
Coleção Particular, SP
Os médicos, 1985
Gerson de Souza (Brasil, 1926-2008)
óleo sobre tela, 25 x 36 cm
A copeira, 2003
Gustavo Rosa (Brasil, 1946 – 2013)
gravura, 35 x 40 cm
Trabalhador no Cais, 1979
Cláudio Tozzi (Brasil,1944)
acrílica sobre tela, 120 x 120 cm
Engraxate
J. C. Canato (Brasil, 1983)
óleo sobre tela, 54 x 85 cm
Costurando, 1992
Francisco Iran Dantas (Brasil, contemporâneo)
óleo sobre tela, 78 x 58 cm
Vendedora de flores
Alberto Lume (Portugal-Brasil,1944)
acrílica sobre tela, 60 x 80 cm
Garimpeiros, década de 1950
Aldemir Martins (Brasil, 1922-2006)
guache sobre papel, 42 x 55 cm
Lavadeiras, 1981
Enrico Bianco (Itália-Brasil, 1918-2013)
óleo sobre madeira, 60 x 80 cm
Cesteiro, 1927
Antônio Parreiras (Brasil, 1860-1927)
óleo sobre tela, 145 x 115 cm
Operários, 1961
Eugênio de Proença Sigaud ( Brasil, 1889 – 1979)
óleo sobre tela, 101 x 81 cm
O ferreiro
Oscar Pereira da Silva (Brasil,1867-1939)
óleo sobre tela, 47 x 53 cm
Estivadores no armazém, 1980
Tobias Marcier (Brasil,1948-1982)
óleo sobre tela, 74 x 100 cm
O pastor e suas ovelhas, 1980
Armando Romanelli (Brasil, 1945)
óleo sobre eucatex, 40 x 40 cm
Jangada no mar, 2007
Daniel Penna, (Brasil, São Paulo, 1951)
óleo sobre tela
A volta do trabalho, 1985
Fúlvio Pennacchi (Itália-Brasil, 1905-1992)
óleo sobre madeira, 38 x 56 cm
Marinha com barcos, 1977
Armando Romanelli (1945)
óleo sobre tela, 60 x 60 cm
Paisagem com estradinha em Itatiaia-RJ
José Maria de Almeida (Portugal-Brasil,1906-1995)
óleo sobre tela, 65 x 50 cm
Paisagem com casa, 1993
Mauro Bandeira de Mello (Brasil, 1960)
óleo sobre tela, 46 x 55 cm
Vista de Brasília, Ponte JK
Armando Romanelli (Brasil, 1945)
aquarela, 47 x 32 cm
Jarra e frutas, 1979
Armando Romanelli (Brasil, 1945)
óleo sobre placa, 70 x 35 cm
Procissão, 1979
Armando Romanelli (Brasil, 1945)
óleo sobre eucatex, 20 x 20 cm
Fui surpreendida por uma pequena procissão passando pela minha rua no Domingo de Ramos. Surpreendida porque moro, há muitos anos, a meio quarteirão de uma igrejinha do século XIX, tombada pelo IPHAN, na rua principal do bairro. Não me lembro dessa procissão no calendário da minha janela. Foi pequena, mas muito linda e delicada, cantada, e percorreu rapidamente a rua onde moro. Essa procissão recorda a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, evento mencionado nos quatro evangelhos cristãos. Da igreja minha vizinha só me lembro da procissão de Sexta-feira Santa, talvez a mais triste das procissões católicas. Silenciosa, ela percorre o bairro, no meio da tarde, ao som de uma catraca levada pelo padre, que é tocada a cada cinquenta metros, quando todos param por alguns segundos e logo retomam seu caminho.
Procissões eram mais comuns no Rio de Janeiro. Tenho lembranças de infância de imensas procissões, em outro bairro carioca. Venho de uma família católica semi-praticante. Meu pai, filho de um provedor da Igreja de Santa Luzia no centro da cidade e de uma católica dedicada à teosofia, foi educado inicialmente em escola de padres e depois no Colégio Pedro II. Físico e químico industrial era católico perfunctório. Minha mãe, professora de línguas, filha de um advogado agnóstico e uma católica, ficou mais religiosa à medida que os anos chegaram. Resultado: três filhos, uma superficialmente católica, um católico seriamente praticante e um seriamente agnóstico. Íamos à missa nas ocasiões especiais. Papai raramente. Fomos batizados, fizemos primeira comunhão. Mesmo sem grande comprometimento religioso havia ritual e respeito quando passavam as procissões. Morávamos num edifício antigo construído no estilo Art Nouveau com as típicas janelas-portas, muitas vezes chamadas de portas francesas, que, de cada cômodo, se abriam numa sacada que dava para a frente da rua. Quando as procissões passavam, em dias especiais, mamãe tirava do armário duas colchas bordadas e outra de origem italiana em veludo grená com desenhos em amarelo ouro — que eu me lembre, nunca usadas em outras ocasiões — e colocávamos essas colchas nas sacadas, penduradas por sobre o patamar, como se fossem grandes e respeitosas bandeiras homenageando a procissão que passava. Lembro-me de ter visto, mais de uma vez, uma procissão em particular que passava à noite, com as pessoas segurando velas, protegidas por cones de papel, para que as chamas não se apagassem. Cena muito impressionante para essa menininha. Um pouco depois de completar meus sete anos nos mudamos e nunca mais tive a oportunidade de encontrar tanto fervor religioso nas ruas do Rio de Janeiro. Só aos 22 anos, quando fui ao Peru, com uma bolsa de estudos, encontrei procissão semelhante em fervor e devoção, além de ver também janelas dos sobrados no centro de Lima com parapeitos cobertos com colchas, tapetes e panos coloridos. Era a procissão celebrando o dia de San Martin de Porres, santo peruano, que tem o curioso atributo de levar uma vassoura na mão.
Quando finalmente me dediquei ao mestrado em história da arte, encontrei em quadros europeus dos século XVIII e XIX cenas que me remeteram à infância, com sacadas cobertas com colchas e veludos nas ocasiões religiosas, hábito que mais tarde, por pura curiosidade, descobri vir desde os tempos da Baixa Idade Média, dos grandes festivais na praça principal das cidades. Uma pena que tenhamos perdido esse belo e respeitoso hábito, que nos liga diretamente às nossas origens europeias.