
“Não seria Ano Novo se eu não tivesse arrependimentos.”
William Thomas
[atleta estadunidense]

William Thomas
[atleta estadunidense]

Edith Lovejoy Pierce
Edith Lovejoy Pierce (1904-1983)

Luiz Vaz de Camões
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

“Ano Novo, vida nova”
– reza o dito popular.
Tal fato só se comprova
se você mesmo mudar.
(Sonia Regina Rocha Rodrigues )
Natureza morta com copos num cesto, 1644
Sébastien Stoskopff (França, 1597 – 1657)
óleo sobre tela, 52 x 63 cm
Strasburg, Musée de l’Oeuvre de Notre-Dame
Salvar
Salvar
Evelyn de Morgan (GB, 1855-1919)
óleo sobre tela, 114 x 170 cm
Russell-Cotes Art Gallery & Museum, Dorset, Inglaterra
Aqui no Brasil nós nos preocupamos em subir um degrau à meia noite, pular ondas no mar, fazer um desejo jogando sobre o ombro o caroço da primeira cereja do ano. Sementes de uvas, de romãs e muitas outras frutas são guardadas para trazer dinheiro e sorte.
Na Europa do Norte, Alemanha, Áustria, Escandinávia, França, Inglaterra, Irlanda outros símbolos de boa sorte foram e são usados até hoje, nos cartões de boas festas, nos desejos de prosperidade. Eles incluem porcos, símbolo da abundância, trevos de quatro folhas, ferradura, joaninhas e cogumelos vermelhos de bolinhas brancas [amanita muscaria] em geral, mas nem sempre acompanhados de elfos.
Em seguida, alguns postais antigos para vocês conhecerem essas novas maneiras de desejar boa sorte, ainda hoje usadas nesses países.
Com ou sem cogumelos da sorte, aqui fica, antecipadamente o desejo de um bom 2015 para todos!
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Chardonay refrescado no pátio ensolarado II
Carrie Graber (EUA, contemporânea)
óleo sobre tela, 35 x 45cm
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Sou dada a metas. Elas delineiam a minha vida, mas não sou escrava delas. Elas simplesmente me ajudam a fazer muitas coisas diferentes, ao mesmo tempo. Devo a elas a organização à minha volta. É natural, portanto, que a cada ano eu anote detalhes necessários para que algumas metas sejam alcançadas nos 12 meses seguintes. Faço uma lista longa e variada- a deste ano conta com 83 itens — com muitas coisas fáceis de serem cumpridas para me dar incentivo ao longo do ano, quando risco os itens já preenchidos ou descartados. Um exemplo: trocar a lata de lixo. Quero uma menor. A que tenho está em perfeitas condições, mas não preciso de tanto espaço… Há meses que penso em fazer isso, mas como não é essencial, acaba sendo uma compra postergada. Minha lista inclui desde conserto da porta do armário que está emperrando, até objetivos mais abstratos, como averiguar as melhores datas para uma futura (daqui a mais de um ano) aventura de subir as montanhas Atlas no Marrocos no dorso de um burrico. Aos poucos, no curso do ano, vou me sentindo bem, porque objetivos que pareciam grandes ou numerosos, subdivididos em pequenas frações encontraram uma solução e tocam a vida para frente. Sou como uma formiga: todo dia uma pequena decisão é tomada e ao final de certo tempo… Bem, ao final de certo tempo tenho uma montanha de resultados. Alguns positivos, outros nem tanto. Sou o oposto de meu marido, que prefere atacar muitas coisas de uma só vez, e assim se preocupa menos ao longo do ano, naquele ramerrão enfadonho. Ele juntaria alguns problemas na cozinha e um dia sairia para resolvê-los todos,de uma vez, quando também compraria a nova lata de lixo. Eu ficaria desnorteada com essa atitude. A ansiedade seria minha companheira noturna e me acordaria às 3 da manhã de qualquer noite, preocupada com os 7 a 15 itens necessários na cozinha e como dar conta deles. Cada qual com sua maneira. Talvez aí resida o equilíbrio do casamento, o que me afeta não chega a fazer cosquinhas no meu cara metade…
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Lilla Cabot Perry (EUA, 1848-1933)
óleo sobre tela, 65 x 81cm
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Tenho duas agendas. Uma de papel — que é a minha vida. Não posso perdê-la. Ali marco TUDO. E tenho a agenda eletrônica para uso imediato. Datas que não podem ser esquecidas, por exemplo pagamento de condomínio. Quero todos os apitos a que tenho direito nesses quesitos de lembranças das obrigações… Porque não quero perder massa cinza com essas tarefas repetitivas. É na agenda de papel que a lista, às vezes muito maior em comprimento do que a própria agenda é colada, a essa tripa de papel, dobrada e redobrada junto à capa. Assim não a esqueço e vez por outra sou obrigada a ler o que escrevi próximo à virada do ano. É como me lembro dos meus objetivos gerais.
Minhas listas precisam ser mais detalhadas do que: ler mais; ver meus amigos com mais frequência, fazer exercício… Para mim, fazer uma lista assim é o mesmo que não fazer. Digamos que eu queira ver meus amigos com mais frequência. Esse é um tema muito geral, para ser colocado no papel. Começo pensando nos amigos que gostaria de ver. Mentalmente abro espaço no meu ano para eles. Lembro que a Mariazinha dá aulas à noite e só pode se encontrar comigo aos sábados de manhã; que não vejo a Chiquinha faz tempos. E assim por diante. Seleciono algumas. Na lista geral um item será: telefonar para Chiquinha, Mariazinha, Joaninha, Juninha, Norminha e Belita. Eventualmente, acabo telefonando para cada uma e marcando um encontro. Mas não faço isso tudo junto. Cada vez que leio a minha lista de objetivos sou lembrada das amigas, eventualmente será o momento propício para um telefonema. E, como mágica, no fim do ano, em geral terei feito contato com todas as pessoas da lista.
Quando recentemente falei disso para uma amiga, ela achou estranho, que eu estava “agendando contatos que deveriam ser mais naturais”. Mas isso não tira a naturalidade do meu relacionamento com os meus amigos. Tenho um amigo com quem me encontro todas as quintas-feiras. O fato de marcarmos o encontro e já anteciparmos o próximo não retira o prazer de estarmos juntos. Não é nem uma questão de todos sermos atarefados. Assim como meu marido tem outras prioridades, também os meus amigos as têm e é natural que os eventos diários nos levem a “esquecer” de telefonar, de marcar uma data para ver fulano. Não ter sido espontâneo não quer dizer que não vale, que é de uma “frieza de emoções incompatíveis com uma amizade”, como ouvi dessa amiga. São maneiras diferentes de encarar as suas necessidades. Delineando-as, com maior precisão encontro um jeito de honrá-las. Mas cada qual tem sua maneira de levar a sério suas emoções.
E você? Você faz listas de Ano Novo?

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Feliz Ano Novo!
A felicidade… Sua busca está na moda.
Estudos em neurologia, sociológicos e de direito examinam, no mundo inteiro, neste preciso momento, o que é a felicidade. E mais, se é um direito do indivíduo. Termos chegado a esse debate representa um passo enorme na história da humanidade: um módico dos direitos humanos foi alcançado por uma parte significativa da população mundial ou não estaríamos a discutir com tanto ardor um sentimento tão completamente subjetivo.
A música de Clarice Falcão “O que você faz para ser feliz?” usada recentemente como jingle para o anúncio de um supermercado na televisão, revela um importante conhecimento, mesmo com seu jeitinho de cultura pop: a felicidade, como a beleza, está nos olhos de quem vê, ou nesse caso, de quem sente. Ela depende exclusivamente de você. Daquilo que você escolhe, do que você constrói. Ela requer autoconhecimento e auto-aceitação. Ela está presente, aí dentro de você. É preciso só despertá-la…
Que 2014 lhe traga o autoconhecimento necessário à sua felicidade.
































