Imagem de leitura: Walther Firle

28 11 2025

Moça lendo próximo à janela

Walther Firle (Alemanha, 1859-1929)

óleo sobre tela, 81 x 64 cm





A ovelha, fábula de Francisca Júlia

28 11 2025

 

 

A ovelha

 

Francisca Júlia da Silva 

 

A ovelha, um dia, muito triste por não ter forças para lutar com os cães que a mordiam, ou armas de defesa contra a ferocidade dos lobos, dirigiu-se a Júpiter e expôs-lhe suas queixas:

– Pai, todos os animais que vivem sobre a terra, desde o inseto ao paquiderme, têm meios de defender-se contra os ataques; e coragem para provocar as lutas. Eu, porém, sou tímida e indefesa: tudo me causa medo. Queria, pois, que me desseis uma arma qualquer. Júpiter, tocado de piedade, perguntou-lhe:

– Queres um veneno oculto nos dentes, para dar morte aos que te fizerem mal?

– Oh! Não! Respondeu a ovelha. Os animais venenosos são nojentos e causam medo a todos.

– Queres ter na boca duas fileiras de dentes afiados, como os leões e os lobos?

– Oh! não! Os animais carnívoros são tão odiosos e antipáticos! 

– Queres saber arremeter, como os touros, com duas pontas na cabeça?

– Oh! não! Eu causaria terror aos outros animais, e não seria acariciada pelos pastores.

– Que queres, pois? Gritou Júpiter, impaciente.

– Nada, senhor, nada quero. Prefiro viver assim, tímida e fraca, porém estimada e afagada por todos.

 

Em: O livro da infância, Francisca Júlia da Silva, 1899.

 

 





Vento do mar e o sol no meu rosto a queimar…

28 11 2025

Praia de Botafogo, 1932

Leopoldo Gotuzzo (Brasil,1887-1983

óleo sobre tela





Uma barganha, por um Renoir fora do olhar público…

28 11 2025

A criança e seus brinquedos: Gabrielle e Jean, filho do artista, antes de 1910

Pierre-Auguste Renoir (França, 1841-1919)

óleo sobre tela

Trata-se de uma cena em que Gabrielle Renard babá dos filhos de Renoir, e que  também serviu de modelo para Renoir, entretém Jean (filho do pintor, que mais tarde se tornou um conhecido diretor de cinema) com brinquedos em cima da mesa:  três carneirinhos, um grande galo e uma boneca com roupas camponesas. A criança está claramente se divertindo com a brincadeira. 

A tela estava fora do olhos do público desde pintada.  Pois veio a leilão em Paris, em perfeitas condições, e foi vendida pela bagatela – considerando-se a obra de Renoir — de €1.45 milhão ($1.68 milhões de dólares) + a percentagem da casa de leilões, ficou em €1.8 milhão ($2 milhões de dólares), ou R$ 10.689.200,00, sinceramente melhor do que um condomínio em Miami, se quiserem saber minha opinião.  Mas há gosto para tudo! Um colecionador internacional, que permanece anônimo, a comprou.   

Mas quem disse que é uma barganha?  Ah, essa é fácil de responder: A obra de Renoir mais cara,  vendida em leilão, alcançou os $78.100.000 {setenta e oito milhões e cem mil dólares].  Essa marca foi atingida pela obra Au Moulin de la Galette (1876), em Nova York leiloada pela Sotheby’s em 1990.  E mais recentemente a tela Berthe Morisot e sua filha Julie Manet (1894) vendeu por $24.500.000 [vinte quatro milhões e quinhentos mil dólares]. Essa venda aconteceu em 2022, na casa de leilões Christie’s de Nova York. 

A cena foi pintada por Renoir, algumas vezes.  Essa tela foi dada de presente à pintora Jeanne Baudot, única aluna de Renoir e uma amiga próxima, por volta de 1895. Jeanne era madrinha do menino Jean.  A  pintora guardou o quadro e seu filho adotivo Jean Griot o herdou e manteve o quadro em seu quarto até morrer, falecendo em 2011. 

O museu de l’Orangerie possui um estudo desse quadro em sua coleção.  Griot também possuía outra versão dessa cena que vendeu para a National Gallery em Washington DC em 1985.