Sobre os grandes escritores, Marcel Proust

8 10 2025

Pierre de Nolhac, retratado por seu filho, 1909

Henri de Nolhac (França, 1884-1948)

óleo sobre tela

 

 

 

É o que se dá com todos os grandes escritores: a beleza de suas frases é imprevisível, como a de uma mulher que ainda não conhecemos; é criação, porque se aplica a um objeto exterior em que eles pensam — e não a si — e que ainda não expressaram. Um autor de memórias de nossos dias que quisesse imitar disfarçadamente a Saint-Simon poderia em rigor escrever a primeira linha do retrato de Villars: “Era um homem corpulento, moreno… de fisionomia viva, franca, impressiva”, mas que determinismo lhe poderá fazer encontrar a segunda linha que começa por: “E na verdade um tanto aloucado”? A verdadeira variedade está nessa plenitude de elementos reais e imprevistos, no ramo carregado de flores azuis surgindo, contra toda expectativa, da sebe primaveril, que parecia incapaz de suportar mais flores; ao passo que a imitação puramente formal da variedade (e o mesmo se poderia argumentar quanto às outras qualidades do estilo) não passa de vazio e uniformidade, isto é, o contrário da variedade, e se com isso conseguem os imitadores provocar a ilusão e a lembrança da verdadeira variedade é tão somente para as pessoas que não a souberam compreender nas obras-primas.

 

Em: À sombra das raparigas em flor, Marcel Proust, tradução de Mário Quintana





Hoje é dia de feira: frutas e legumes frescos!

8 10 2025

Natureza morta

Adolfo Fonzari (Itália-Brasil, 1880-1950)

óleo sobre tela, 85 x 78 cm

 

 

Mangas e marmelos

Florêncio [José Carlos dos Santos] (Brasil, 1947)

óleo sobre tela, 60 x 46 cm