Imagem de leitura: Charles-Clos Olsommer

10 07 2025

Oferenda,1927

Charles-Clos Olsommer (Suíça 1883 -1966)

lápis de cor e pastel, sobre papel,  47 x 35 cm 





Visitando casas de escritores na França

10 07 2025
Casa do escritor Edmond de Rostand, chamada La Villa Arnaga. Nicolas Thibaut / Photononstop

 

Hoje caiu nas minhas mãos, sabe-se lá porque um artigo da Vogue francesa, com casas de escritores famosos.  Todas as casas mencionadas podem ser visitadas por turistas.  Você que vai à França e está interessado na escrita, pode também visitar.  Esse artigo da Vogue é titulado: Les maisons d’écrivains a voir en France. [Casas de escritores a ver na França]; encontre lá horários, etc.

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A Vila Arnaga se encontra Cambo-les-Bains,  uma cidade de águas termais no País Basco. Hoje essa casa é um museu dedicado Edmond Rostand.  Suas obras mais conhecidas são Cyrano de Bergerac (1898) e Chantecler (1910), ambas peças de teatro ainda que ele tenha sido poeta.

 

Casa de Victor Hugo  Photo12/Gilles Targat

Localizada em Paris, na Praça Voges, no bairro de Marais, em Paris. Fechada para reparos desde a última primavera essa construção, onde Victor Hugo ocupou o segundo pavimento de 1832-1848, foi onde ele escreveu grande parte do livro Os miseráveis (1862), que no século XX se tornou grande sucesso do cinema, além de O corcunda de Nôtre-Dame (1831). Conferir horários.

 

 

O castelo de Monte-Cristo d’Alexandre Dumas, JP.Baudin/Monte-Cristo

 

Abraçada pela colina de Port-Marly,  próxima ao rio Sena, essa construção é o resultado de obra encomendada por Alexandre Dumas ao arquiteto Hippolyte Durand.  Dumas queria um castelo ao estilo renascentista com um jardim à moda inglesa.  O Castelo de Monte-Cristo ficou pronto e habitado por Dumas em julho de 1847. Alexandre Dumas é o autor de muito livros famosos: O conde de Monte-Cristo, (1846) Os três mosqueteiros,(1844).

 

 

Casa de Stéphane Mallarmé, Foto Yvan Bourhis

 

Virada para o rio Sena, em Valvins, aqui foi a casa de Stéphane Mallarmé, onde escreveu, tratou do jardim, fez canoagem e recebeu amigos nos feriados de Páscoa ou féria de verão.  Hoje é um museu dedicado ao escritor, considerado Principe dos Poetas. Expressa bem o espírito do século XIX. O poeta Mallarmé é conhecido por: Um lance de dados (1897), A tarde de um fauno (1876).

 

 

O castelo de Médan

 

O castelo de Médan também se encontra próximo ao rio Sena. Era um antigo pavilhão de caça, em 1527 pertencendo a Jean Brinon que foi o mecenas de Ronsard e que aí reunia poetas diversos para tardes culturais.  Quase quatrocentos anos depois o local se tornou a residência do escritor belga Maurice  Maeterlinck, autor de Peleás e Melisanda (1892) e  O pássaro azul (1908) e ganhador do Prêmio Nobel em Literatura em 1911.  Visita precisam ser marcadas com antecedência. 

 

A casa de ‘Émile Zola, Wojtek BUSS /Gamma-Rapho via Getty Images

 

Também é em Médan que se encontra a casa de Émile Zola, que aí morou entre 1878-1902.  Foi aqui que escreveu Nana (1879), Germinal (1885) e A besta humana (1890). No momento fechada para o público para conservação, mas deve reabrir no final deste ano.

 

La Maison de George Sand, Philippe Roy / Aurimages

 

Na pequena aldeia do vale do rio Creuse, encontra-se a Vila Manceaum como George Sans a chamava em homenagem a seu companheiro e amante (Alexandre Manceaum, que foi seu amante de 1849 a 1865), e que a comprou de presente para ela, 

 





No trabalho: Mykola Pymonenko

10 07 2025

Lavando roupa

Mykola Pymonenko (Ucrânia, 1862-1912)

óleo sobre tela





Carlo Rovelli, considera o tempo…

10 07 2025

A leitura da poesia, c. 1939

Ivan Olinsky (Rússia/EUA, 1878-1962)

óleo sobre tela,  90x 76 cm

 

 

“Bryce e John faleceram há alguns anos. Eu conheci os dois, e adquiri profundo respeito e admiração por eles. Na parede da minha sala na Universidade de Marselha pendurei uma carta que John Wheeler me mandou ao saber dos meus primeiros trabalhos em gravidade quântica. De vez em quando a releio, com um misto de orgulho e saudade. Gostaria de ter-lhe perguntado mais coisas, nos nossos poucos encontros. Na última vez em que o encontrei, em Princeton, fizemos uma longa caminhada. Falava com a voz baixa de uma pessoa idosa, e eu perdia muitos trechos do que ele dizia, mas não ousava lhe pedir que repetisse. Agora ele se foi. Já não posso lhe fazer perguntas, não posso lhe contar o que penso. Não posso lhe dizer que acho que suas ideias eram as corretas e que nortearam toda a minha vida de pesquisa. Já não posso lhe dizer que acredito que ele foi o primeiro a se aproximar do cerne do mistério do tempo em gravidade quântica. Porque ele, aqui e agora, não existe mais. Este é o tempo para nós. A lembrança e a saudade. A dor da ausência. Mas não é a ausência que provoca dor. São o afeto e o amor. Se não existisse afeto, se não existisse amor, não haveria a dor da ausência. Por isso, também a dor da ausência, no fundo, é boa e bela, porque se alimenta daquilo que dá sentido à vida. Conheci Bryce em Londres quando me encontrei com um grupo de gravidade quântica pela primeira vez. Eu era bem jovem, fascinado por essa matéria misteriosa pela qual ninguém se interessava na Itália; já ele era um grande guru do tema. Eu tinha ido encontrar Chris Isham no Imperial College e quando cheguei me disseram que estava na varanda do último andar. Na mesa estavam sentados Chris Isham, Karel Kuchar e Bryce DeWitt, os três principais autores cujas ideias eu estudara durante anos. Lembro a sensação intensa de vê-los ali, através do vidro, conversando tranquilamente. Eu não ousava ir até lá e interrompê-los. Pareciam-me três grandes mestres zen que compartilhavam insondáveis verdades em meio a misteriosos sorrisos. É provável que estivessem apenas decidindo onde iriam jantar. Relembro e me dou conta de que na época eram mais jovens do que sou agora. Isso também é o tempo. Um estranho inversor de pontos de vista. Pouco antes de morrer, Bryce deu uma longa entrevista na Itália, reunida num pequeno livro; só ali percebi que ele acompanhava meus trabalhos com muito mais atenção e simpatia do que jamais teria imaginado com base em nossas conversas, nas quais expressava mais críticas que encorajamentos.

 

Em: A ordem do tempo, Carlo Rovelli, tradução de Silvana Cobucci, Ed. Objetiva: 2018