A solidão e sua porta, soneto de Carlos Pena Filho

25 01 2024

Leitora, 1897

Alexandre Louis Marie Charpentier (França, 1856-1909)

Desenho

Museu de Belas Artes de São Francisco

 

 

A Solidão e Sua Porta

 


Carlos Pena Filho


                                                                                             (A Francisco Brennand)

 

 

Quando mais nada resistir que valha

a pena de viver e a dor de amar

E quando nada mais interessar

(nem o torpor do sono que se espalha)

 

Quando pelo desuso da navalha

A barba livremente caminhar

e até Deus em silêncio se afastar

deixando-te sozinho na batalha

 

Arquitetar na sombra a despedida

Deste mundo que te foi contraditório

Lembra-te que afinal te resta a vida

 

Com tudo que é insolvente e provisório

e de que ainda tens uma saída

Entrar no acaso e amar o transitório.


Ações

Information

Deixe um comentário